31 de março de 2014

A Madrinha Embriagada

Gabriel, eu e Letícia na entrada do Teatro do Sesi. A foto é da Cris Massolini
Em fevereiro último, fui com a família assistir "A Madrinha Embriagada", musical dirigido e adaptado por Miguel Falabella do original  "The Drowsy Chaperone". O espetáculo, montado no Sesi-Av.Paulista, acabou surpreendendo a gente, principalmente pela cenografia - detalhes de encher os olhos! A história é movimentada e interage bem com o público - essa versão brasileira tem cenas hilárias e um bom equilíbrio entre elas. Já a "madrinha embriagada"  não chega ao seu ápice como personagem principal, a ponto de merecer o destaque do título, e não é demérito de Stella Miranda, sempre ótima atriz e mostrando aqui que canta bem também. Destaque para Ivan Parente, o homem do sofá, que faz a ponte com bastante desenvoltura entre as cenas. Vale muito a pena assistir a peça, pelo bom elenco, pela direção segura de Falabella e pela suntuosa cenografia. Um espetáculo de alto nível que segue até 29 de junho e pode ser assistido de graça no velho esquema "retirada de ingressos uma hora antes do espetáculo". Os detalhes estão no link abaixo:
http://www.sesisp.org.br/Cultura/a-madrinha-embriagada.htm

30 de março de 2014

Land Nick

Land Nick amava imagens. Tanto, que trabalhou com produção gráfica e acabou virando um grande colecionador de quadrinhos e artes originais, além de tirar fotos mágicas de natureza e compartilhar outras tantas maravilhas com seus confrades no Facebook, diretamente de sua Belém do Pará. Sempre com gentileza, humildade, elegância, atenção. Um dos seus xodós era o clássico dos quadrinhos Little Nemo in Slumberland ( uma das mais fantásticas HQs de todos os tempos e muito a frente do seu tempo. Aqui: https://archive.org/details/LittleNemo1905-1914ByWinsorMccay )  que ele fez questão de adquirir a obra completa importada. Em 2011, abriu sua casa para o site Pipoca & Nanquim, na famosa série "Minha Estante" ( http://pipocaenanquim.com.br/destaques/minha-estante-19-nirlando-lopes/ ). Eu já tinha visto essa nº19, mas só saquei que Nirlando Lopes e Land Nick eram a mesma pessoa tempos depois. 
Muito além de sua coleção, o que sempre marcou quem o conheceu pessoalmente ou só pela internet foi sua integridade, generosidade  e bom humor. Nesse fim de semana ele partiu para outro plano. Onde estiver, tenho certeza que logo logo, ao seu redor, imagens artísticas incríveis preencherão o espaço. Fique em paz, Land!

2 Cellos

No Youtube geralmente pipocam virtuoses de todos os gêneros e de todos os instrumentos possíveis dentro do vasto universo da música. Pianistas e guitarristas mirins, artistas geniais de rua, inventores de instrumentos exóticos, vocalistas de extensões impossíveis - as possibilidades são inúmeras. Na semana passada, uma dessas inusitadas apresentações compartilhada pelo nosso primo Marcão me chamou muita atenção: a da dupla 2 Cellos, que munida de violoncelos, instrumentos típicos de música erudita e de câmara, estraçalha ( no bom sentido) em clássicos do hard rock e do heavy metal. Pelo ímpeto e velocidade com que toca, é como se Angus Young de repente resolvesse trocar de instrumento. A dupla croata Luka Sulic e Stjepan Hauser  virou 2 Cellos em 2011 e desde então vem deixando plateias de queixos caídos mundo afora. É ver para crer:
https://www.youtube.com/watch?v=LqbClLq1NkY ( Highway to Hell)
https://www.youtube.com/watch?v=30acNwXJNts (Back in Black)
https://www.youtube.com/watch?v=jS826PwLHdQ (Smells Like Teen Spirit)
https://www.youtube.com/watch?v=Ae23y2D8VSI (Purple Haze)

29 de março de 2014

A Beira do Caminho

Ontem consegui finalmente assistir o comentado " A Beira do Caminho", do diretor Breno Silveira. O filme, de 2012, tem interpretações marcantes dos dois protagonistas: João Miguel, fazendo o caminhoneiro solitário que guarda uma grande ferida do passado e Vinicius Nascimento, o menino que pega carona escondido no caminhão e acaba compartilhando a estrada e o destino do caminhoneiro João. Esses dois tomam grande parte da película, deixando as outras participações, embora boas, em segundo plano. Dira Paes, por exemplo, sempre convincente, mas em uma participação veloz diante do ritmo desacelerado, mas contagiante, que atravessa todo o filme quando a dupla principal atua. As canções de Roberto Carlos, incluindo a do título, perpassam a história, mas não chega a interferir no andamento. Sem grandes pirotecnias, o enredo, de Patricia Andrade, se desenrola com grande perspicácia, mantendo aceso o mistério e despetalando aos poucos a amizade que vai se formando entre os dois personagens, bem diferentes entre si, mas que transpiram carência e solidão por todos os poros. O filme, com direção firme, sem adocicar nem salgar demais o recheio, faz desse filme um dos mais interessantes da nova safra nacional. Méritos de Breno Silveira e dos ótimos atores principais. Esse envolvimento cênico fica mais latente ainda quando se percebe algumas coincidências que permearam o elenco ( aqui: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1134582-coincidencias-tragicas-marcam-filme-a-beira-do-caminho.shtml ).
O filme, completo, pode ser visto aqui: https://www.youtube.com/watch?v=xRi4lLbvJWg

28 de março de 2014

Almanaque dos Quadrinhos ( Discovery Publicações)

Ontem topei na banca do Carlão com esse Almanaque dos Quadrinhos, em vistosa capa vermelha com o velho Superman em destaque. Levei pra casa logo que vi no expediente o incansável Franco de Rosa como diretor do projeto e autor de 70% dos artigos. Ainda não consegui ler o volume, mas em suas 96 páginas ricamente ilustradas, há capítulos para os super heróis, o underground americano, Conan, terror brasileiro e destaques para a cronologia dividida em décadas e toda a trajetória de Mauricio de Sousa e seu universo narrativo. Além de Franco, também assinam os artigos, Nobu Chinen, Edson Negromonte e Fabio Santoro. Valor de capa: R$24,90.

Todas as edições do Ex- na Imprensa Oficial

Há mais de três anos, postei aqui no blog sobre a aquisição da estonteante caixa com todas as edições do jornal Ex-, um dos veículos mais combatentes e importantes da imprensa alternativa nos anos 70 ( http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2010/10/o-acervosorve-3-edicoes-fac-similares.html ). Ontem descobri que todas essas edições mais os extras dessa caixa estão à disposição, na íntegra, na página da Imprensa Oficial. É a oportunidade, para quem não teve esse privilégio, de se aprofundar nas entranhas editoriais de um jornal da dita imprensa alternativa que enquanto durou, não teve medo de escrever o que não se podia escrever na época - essa nadada contra a maré culminou com a chamada de capa do último número, a única manchete de protesto contra a estúpida morte de Vladimir Herzog e toda a farsa subsequente por parte dos militares. Conteúdo histórico e imprescindível:
http://www.imprensaoficial.com.br/jornalex/Jornalex_16.pdf




27 de março de 2014

O "álbum zero" de Jorge Mautner

O Globo
Marcelo Fróes, caçador de relíquias musicais, continua com o faro aguçadíssimo para encontrar gravações perdidas/desaparecidas. Matéria excelente do Silvio Essinger hoje no O Globo traz mais um grande achado de Fróes e seu selo "Discobertas": gravações ao vivo do início de 1972 de jorge Mautner, que precedem os shows do dia 27 e 30 de abril do mesmo ano e que deram origem ao seu primeiro LP oficial, "Para Iluminar a Cidade". Por esse motivo histórico, o projeto já é chamado pelos dois de "álbum zero". O que mais espantou Fróes e Mautner nessas fitas caseiras gravadas por um radialista com o show na íntegra, são as seis músicas inéditas, obscuras a ponto do compositor não se lembrar delas e muito menos de seus nomes originais. No problems: elas foram devidamente batizadas e registradas no correr do projeto. O disco que sairá dessa compilação, com lançamento previsto para 26 de abril, no Rio, chama-se apropriadamente "Para Detonar a Cidade". Jorge Mautner foi às lágrimas, riu, se emocionou ao ver o Jorge Mautner de 42 anos atrás, detonando com vontade, em plena ditadura Médici. Não é pra menos.
Mais detalhes na matéria de hoje: http://oglobo.globo.com/cultura/jorge-mautner-volta-no-tempo-em-disco-11994315

26 de março de 2014

Entrevista com Evandro Affonso Ferreira na revista do Sesc

A última revista do Sesc traz uma entrevista bem interessante com o escritor Evandro Affonso Ferreira, que discorre sobre sua obsessão pela palavra, mudança de estilo e a arte de criar personagens na literatura, entre outros temas. Conheço Evandro e não é de hoje. Em minhas andanças lítero-culturais pelas ruas de Vila Madalena e Pinheiros nos anos 90, conheci muitas pessoas iluminadas e Evandro foi uma delas. Primeiro, ainda no início da década, adentrei o seu Sagarana, um pequenino mas mágico sebo na esquina da Rua Teodoro Sampaio, bem em frente à efervescente Praça Benedito Calixto. Mágico porque conseguia comportar um sem número de raridades e surpresas em espaço ínfimo. Ali ouvi as primeiras histórias do mineiro de Araxá que adorava palavras, adorava escrever e adorava livros. Uma década depois, em outro emprego, mas ainda zanzando pela mesma área, conheço seu segundo sebo, o Avalovara,  no epicentro da Pedroso de Moraes, próximo à Fnac e cercado por outros sebos. Ali, em espaço mais confortável, com poltrona aconchegante, cafezinho e mesa de centro, as conversas foram ainda mais densas, profundas e infindáveis. O acervo continuava o de sempre: nada de best-sellers, blockbusters, auto ajuda ou similares. O negócio ali era e sempre foi literatura de verdade. Guimarães Rosa ( referência máxima), Graciliano Ramos, Lucio Cardoso, Flaubert,  Ezra Pound, Drummond, Fernando Pessoa, Dostoievski, Euclides da Cunha, Osman Lins, Kafka. Foi por essa época que me achei preparado e li um livro seu. Foi o "Zaratempô" de 2005, que ele fez questão de fazer dedicatória e eu sorvi de uma talagada só. A sensação de lê-lo chega bem parelha ao do João "genial" das veredas. Logo depois desse livro, Evandro mudou o estilo e começou a escrever romance, com começo, meio e fim (as suas obras anteriores tinham também começo, meio e fim, mas não necessariamente nessa ordem) e continuou ganhando prêmios à rodo. Mudou-se o gênero literário, mas a intensidade, a ourivesaria com as palavras e a paixão na escrita mantiveram-se firmes. Nessa década dois do novo século, não existe mais aquele aprazível e mágico sebo e eu estou trabalhando no ABC, em home office. Por essa e pela total falta de mágica no ar, foi muito gratificante reencontrar Evandro Affonso Ferreira, mesmo que num bate papo impresso. Percebi logo de início, que seu entusiasmo, sua jovialidade e seu amor pela literatura continuam intactos. Diante dessas constatações, precisei procurar um sofá velho e confortável pra ler com calma essa entrevista que vocês também podem ler na íntegra( abaixo).
http://www.sescsp.org.br/online/artigo/7408_EVANDRO+AFFONSO+FERREIRA#/tagcloud=lista

24 de março de 2014

Bau do Malu 43: Era Uma Vez nº 202 - janeiro de 1954


Essa revista infanto-juvenil mineira do início dos anos 50 é dificílima de achar. Há uns bons 12 anos atrás, fuçando uma prateleira de livros e publicações infantis de um sebo em Pinheiros, localizei esta edição acima, de janeiro de 1954 e outro número, de setembro de 1952 ( já focalizado aqui no blog, com história do mestre Ziraldo em início de carreira: http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2012/10/ziraldo-80.html ). E nunca mais vi nenhum outro exemplar, nem em sebo, nem na internet. Esse peculiar exemplar acima, já chama a atenção logo de cara, com esse Pato Donald genérico estampando a capa ( assinada por Moura). E as "homenagens" não param por aí. Personagens consagrados aparecem na revista em outras versões, como pode-se ver abaixo: Biluca, um sósia do famoso Pinduca, por J.Nelson (imagem 1); três "primos" dos porquinhos originais, com assinatura de Paulo Roberto (imagem 2); e um personagem que segue a mesma linha do João Bolinha (imagem 3), personagem que era publicado na mesma época pelo Sesinho. Já esse Tutuca (imagem 4) vem com desenhos mais elaborados e parece muito com o traço do Joselito, especialista na época em desenhar animais na linha de Walt Disney e Walt Kelly (Pogo), embora também possa ser material estrangeiro. E por fim, uma página com o "Concurso Matinée Mickey" (outra menção a major Disney) e uma série mais juvenil, detetivesca, com o personagem Ricardo Keen, em desenhos de Noguchi ( que se for a mesma pessoa, foi da turma do Clube da Esquina e como designer gráfico, um dos responsáveis pelas capas e letreiros dos shows de Milton e companhia nos anos 70). Uma edição irregular, mas bem interessante e rara! gostaria muito de encontrar outras edições dessa curiosa revistinha, até para poder desvendar outros mistérios relacionados a autores e personagens. Quem sabe?






22 de março de 2014

Coleção completa digitalizada da revista O Malho disponível para consulta


Dica do antenadíssimo Quiof Thrul lá no FB: a Fundação Casa de Rui Barbosa disponibilizou o acervo digitalizado de todas as edições da revista "O Malho" ( de 1902 a 1954), um dos veículos cruciais de nossa História editorial e que acabou moldando e influenciando as futuras publicações que chegaram décadas depois. Um trabalho rigoroso, rico e uma fonte inesgotável para pesquisadores, historiadores, jornalistas e curiosos.
Link abaixo:
http://www.casaruibarbosa.gov.br/omalho/?lk=50#


18 de março de 2014

Jayme Leão (1945-2014)

Jayme Leão, um dos mais versáteis artistas gráficos do Brasil, faleceu na semana passada (10/03), prestes a completar 69 anos (hoje é o dia de seu aniversário). Os da minha idade e outros um pouco mais novos lembrarão de seu vistoso traço nos já clássicos livrinhos da série Vagalume, publicados pela Editora Ática, onde trabalhou por 12 anos. Outros recordarão a maravilhosa capa da revista Circo nº3 (março/abril de 1987), pra mim uma das mais criativas dos quadrinhos (ver nas fotos abaixo). Os leitores da Folha de S.Paulo no início dos anos 80 certamente se lembrarão de suas expressivas charges de capa inteira abrindo o caderno de esportes. E ainda mais a grande massa que acompanhou de perto seus desenhos, ilustrações de capas, charges e caricaturas nos diversos veículos da imprensa alternativa que enfrentavam como podiam o regime ditatorial militar: O Pasquim, Opinião, Movimento (onde  foi um dos fundadores); e também para a grande imprensa: Veja, Istoé, Folha de S.Paulo, Estadão. Vindo do Recife para o Rio, começou cedo no ofício: aos 15 anos já trabalhava para o jornal "Liga", das Ligas Camponesas. No início da ditadura produz quadrinhos para a EBAL e entra no mercado de publicidade, uma relação complicada que o faria abandonar essa carreira anos depois por, como dizia, "não suportar a ideia de ganhar dinheiro mentindo". Além das icônicas capas para a série Vagalume, fez outras tantas para obras paradidáticas e livros adultos como "Malaguetas, Perus e Bacanaço", de João Antônio. Fez outras belas capas para o explosivo mercado de HQ nacional nos anos 80/90, com capas muito bem adequadas ao movimento. Mais ou menos nessa época, "quase" cheguei a conhecê-lo pessoalmente. Meu chapa Marcelo Tieppo, a quem chamo de amigo-gêmeo pelas inúmeras coincidências e afinidades mútuas, foi casado nos anos 90 com a filha de Jayme, a jornalista Lídice Leão; como eu já conhecia boa parte do seu trabalho e o considerava genial, ficava direto na orelha do Tieppo para marcarmos um choppinho com seu sogro. Por várias razões esse encontro nunca aconteceu. Pena, mas não faz mal: a arte de Jayme Leão encharcou minha mente e meu coração desde que botei os olhos nela e assim permanecerá. Ele foi um daqueles artistas que utilizaram sua arte para tentar mudar o mundo e se preciso fosse, fazê-la seu cavalo de batalha. O mundo ao que parece, vai de mal a pior - vide a "nova marcha da família" - mas enquanto os desenhos de Henfil, Fortuna, Claudius, Jayme Leão e tantos outros transgressores do traço estiverem por aí flanando e sendo compartilhados, esse mesmo mundo terá pelo menos um pingo de caráter e humanidade lá no seu fundo.
Seguem alguns dos grandes trabalhos do mestre:
Circo nº3 ( março/abril de 1987)
Jornal Movimento - 06/12/1976
Ação Policial nº2 - julho de 1985
Coleção Vagalume  
Movimento 12/09/1977

Movimento 01/09/1975

Coleção Vagalume

Unidade 13/08/1976

Ex-nº13 - agosto/1975 ( reprodução Blog do Orlando)

Movimento 02/07/1979

Jornal Scaps - outubro de 1975 ( morte do General Franco)

*capas do jornal Movimento - reprodução site Oficina Informa/ livro Jornal Mopvimento - Uma Reportagem de Carlos Azevedo

Wally em São Thomé das Letras

Uma das minhas grandes alegrias ao reencontrar São Thomé das Letras/MG na virada do ano, depois de uns 15 anos distante da maravilhosa cidade de pedra, foi rever meu chapa Roberto Wally. Melhor ainda: pude vê-lo bem, morando com uma companheira, tocando seu estabelecimento - uma mistura de ateliê com café - e mantendo sua mão certeira para obras de artes incríveis. De quebra, além de botar o papo em dia e gargalhar muito, pude rever sua maravilhosa coleção de gibis, com exemplares preciosos da EBAL e da Editora La Selva. Uma visita caleidoscópica e rejuvenescedora. Valeu Wally!

14 de março de 2014

Capa do Mês: Radiolândia (09/01/1960) com Paulo Goulart e Nicette Bruno

Foto: "Astros em Revista"
Essa bela capa de Radiolândia, com a data de 09-01-1960 traz o casal Paulo Goulart e Nicette Bruno já com "cinco anos de lua-de-mel". Essa imagem histórica é uma dentre várias outras tiradas de centenas de revistas, páginas, capas e recortes do excelente blog "Astros em Revista" do entusiasta em história da TV, Orias Elias. Vale a pena conhecer a página, que traz um acervo valiosíssimo, como comentado em sua apresentação: "...minha mãe comprava revistas especializadas em assuntos do meio artístico para eu ler. Muitas dessas revistas se perderam ao longo do tempo, algumas eu preservei e outras eu guardei em caixas de sapato."
Apreciem e divulguem: http://astrosemrevista.blogspot.com.br/

Paulo Goulart (1933 - 2014)

O ator Paulo Goulart faleceu ontem, depois de alguns anos lutando contra um câncer. Tinha 81 anos e uma carreira expressiva e genuína. Assim como no caso de Tarcísio Meira e Glória Menezes, não tinha como desvencilhar Paulo de Nicette Bruno, esposa com quem estava casado há quase 60 anos. Também pudera: eles viviam juntos literalmente, encenando peças, fazendo novelas, aparecendo em eventos ou passeando. Era daqueles casais que não se desgrudavam. Daí, foi natural que em seu leito de morte estivessem presentes seus filhos, netos e Dona Nicette enlaçando sua mão. Espiritualizados que são, sabem que essa bonita história não para por aqui. Paulo Goulart deixou sua marca de ator determinado tanto na TV, como no teatro e no cinema. No primeiro veículo, onde começou em 1951 contracenando com Mazzaropi, fez novelas importantes como Verão Vermelho (1970), de Dias Gomes, envolvido em um pioneiro triângulo amoroso nas telinhas ; Uma Rosa com Amor (1972) de Vicente Sesso, como protagonista ao lado de Marília Pêra - aqui permitam um comentário: essa foi a primeira novela que eu vi inteirinha, do alto dos meus 5 anos; adorava o cortiço, adorava Marília Pêra e adorava o "Seu Pipinone", o mestre dos fantoches interpretado pelo grande Grande Otelo; Éramos Seis, pela TV Tupi, no meio da década; e uma bela interpretação como o italiano Gino, em Plumas e Paetês de 1980, em sua volta à Globo. Na década seguinte destacou-se também como o vilão Donato de Mulheres de Areia.No cinema e no teatro fez de tudo um pouco, ou seja, muito. Engatou trabalhos clássicos na telona: na estréia, em 1954, já se viu em cena com os consagrados Paulo Autran, Sergio Britto, Ítalo Rossi e Inezita Barrozo, na primeira película colorida do cinema nacional, "Destino em Apuros", de Ernesto Remani; a segunda participação na sétima arte foi logo em "Rio Zona Norte" (1957), de Nelson Pereira dos Santos. No ano seguinte, participou de cinco filmes! Paralelamente o teatro entrava na sua vida com tudo, ainda mais depois de estrear em 1953 nos palcos após ser aprovado em teste pela dona do espaço teatral, chamada Nicette. Menos de um ano depois, estavam casados. Nos últimos tempos, apareceu com mais assiduidade na TV e no teatro, em bons espetáculos, boas minisséries e novelas nem tanto. Andou pelo SBT, voltou para a Globo. Seu vozeirão, o mesmo que já tinha dado seu primeiro emprego na rádio aos 15 anos na emissora de seu pai em Olímpia/SP, foi usado com muita desenvoltura e honestidade em mensagens espiritas. Continuou no cinema com participações marcantes, como em "Para viver um Grande Amor (1983) e no híbrido serie de TV/longa de cinema "O Auto da Compadecida", já no final dos anos 90, em brilhante atuação como o coronel pai da mocinha.
Mais um brasileiro admirável que segue para outro plano.
Selecionei alguns momentos de sua carreira, aqui:
* Uma Rosa com Amor (1972) - http://www.youtube.com/watch?v=_aLWtAHu1w0
* Rio Zona Norte (1958) na íntegra - https://www.youtube.com/watch?v=DcGBL9PRvvs
* Plumas e Paetês (1980) (no 9:45) - https://www.youtube.com/watch?v=oKMFRwPR33E#aid=P-qrjRRVUts
* O Auto da Compadecida (1999) - https://www.youtube.com/watch?v=SkNe46OPqRU

13 de março de 2014

Foto do Mês: "Trem" (ano 2004)

Essa foto eu tirei em 2004, especialmente para um concurso municipal chamado "São Caetano em Foco". A imagem acabou premiada com menção honrosa e foi selecionada para a exposição organizada na sequência, com todos os ganhadores do concurso. É a mesma foto que acabou entrando em página dupla na última revista Raízes (Dezembro de 2013), mencionada em um post anterior, que tinha como tema central a fotografia. Na cena fotografada, vê-se o trem da CPTM indo em direção à Estação de Utinga. Ao fundo, o bairro Barcelona em São Caetano, com destaque para a Igreja Ortodoxa Russa. Do jeito que o tempo passa, logo logo essa imagem urbana já fará parte da História, essa senhora com H maiúsculo que conta e mostra tudo o que aconteceu no mundo enquanto a gente envelhece.


7 de março de 2014

Baú do Seu João 8 - "10.000 Anos de Descobertas" - Edições Melhoramentos (1956)

No oitavo baú com itens do acervo do meu querido pai, João Massolini, surge esse curioso livro da Melhoramentos, "10.000 Anos de Descobertas", de Bruno Kaiser, datado de 1956. Pelo menos é o que deixa entender a dedicatória, já que no expediente desta 2ª edição não há indícios do ano. A obra em si, que é suiça no original, já vale a inclusão no BSJ: capa charmosa, conteúdo rico, com 283 xilogravuras de Paul Boesch, e a dedicatória cheia de "pompa" e circunstância: "Ao amigo "Sir John Massoline/ S.Paulo, outubro de 1956/ Cordialmente oferece Luiz Araújo".
Sir John logo me confirmou que esse Luiz era um colega seu de Banco São Caetano ( já extinto), um sujeito supimpa com quase 10 anos a mais que ele. Bom, como meu pai tinha só 17 anos nessa época, muito difícil que alguém na repartição fosse mais novo que ele!

2 de março de 2014

Alain Resnais (1922 - 2014)

Alain Resnais se foi ontem, aos 91 anos. Estrela do movimento "novelle vaugue" francês e um dos grandes cineastas de todos os tempos, filmou clássicos como "Hiroshina Meu Amor", "O Ano passado em Marienbad" e "Noite e Neblina". Foi também um ótimo documentarista - esse último citado, "Noite e Neblina" é um dos melhores documentos sobre o nazismo - e o início da carreira foi forjado em documentários sobre grandes obras e mestres das artes plásticas. Ainda estava em atividade: finalizou o filme "Amar, beber e cantar" no final do ano passado e já tinha outro engatilhado. Mas como o próprio diretor disse em uma de suas mais célebres frases, "Fazer filmes é bom, mas ver filmes é muito melhor". É isso aí! Vamos "ver" Alain Resnais, em filmes completos ( e um trailer), a melhor forma de tê-lo em nossas mentes e corações:
* Muriel ou o Tempo de um Retorno (1963) ( Completo): https://www.youtube.com/watch?v=4VuiF3-KtUE
* Van Gogh (1948) ( Curta documentário completo/ inglês e francês): https://www.youtube.com/watch?v=illZf8AvF98
* Guernica (1950) ( curta documentário completo, com Robert Hessens): https://www.youtube.com/watch?v=BQWozCtyMjQ
* Hiroshima Meu Amor ( 1959) ( completo em espanhol - a parte dois tem link na resenha do filme): https://www.youtube.com/watch?v=JIlgrUm6XJQ
* último Ano em Marienbad (1960) (trailer em francês): https://www.youtube.com/watch?v=o4wB9ePlWz8
* As Estátuas também Morrem (1953): https://www.youtube.com/watch?v=uXLOGK-xzBE&list=PLOmi8xAG9okYkjvQ6qWMjgQDI7fwGB16C

1 de março de 2014

Arduíno Colassanti (1936 - 2014)

Arduíno foi um grande mergulhador na vida: em tudo que se enfiou deixou marcas indeléveis. Foi um dos surfistas pioneiros em pranchões e um dos primeiros a fabricar pranchas no Brasil; participou ativamente como ator no Cinema Novo ( uma espécie de "muso" do movimento), onde acabou protagonista do primeiro nu frontal do cinema nacional; casou cinco vezes e namorou muito ( Sonia Braga e Leila Diniz estão entre as suas conquistas), viveu profissionalmente do mergulho em grandes profundidades e da pesca submarina; na sétima arte, entendia também de fotografia, iluminação, som. E não bastasse tudo isso, quem o conheceu enche-o de superlativos.
Arduíno ( direita) no filme "Asyllo Muito Louco"

Embora nunca tenha vivido financeiramente do cinema, nunca parou de trabalhar como ator. Nos últimos anos fez várias participações especiais - a última, no ainda inédito "Depois da Banda" de Leila Barreto, onde faz o "velho fraco", aquele que na clássica música de Chico, se "esqueceu do cansaço e pensou que ainda era moço pra sair no terraço e dançou". Arduíno Colassanti, italiano de nascimento, foi um homem que sempre esteve onde as coisas aconteciam. Faleceu aos 78 anos no dia 22/02.  O Brasil só tem a agradecer seu intenso e profundo mergulho na cultura nacional.