30 de novembro de 2014

Paul em Sampa - o ingresso


Paul McCartney em São Paulo -  Allianz Parque - 25/11/2014. Eis a cara do ingresso de um show que entra para a História.

29 de novembro de 2014

Roberto Gómez Bolaños (Chaves/Chapolim Colorado) (1929-2014)

Bolãnos foi um grande comediante: um dos poucos que conseguiram extrair da simplicidade um humor puro e global. Da falta de recursos cênicos, da eterna luta de classes, do dia-a-dia da vizinhança pobre mas cheia de dribles e sutilezas, seu personagem Chaves atraiu um público eclético, desde a primeira fase da infância até a terceira idade. Meu pai, por exemplo, gargalhava copiosamente sempre que via as gags do programa, que tinha um elenco muito bem afinado e entrosado ( embora fora das câmeras muitos tenham entrado em conflito quanto à hierarquia e visibilidade nos quadros e disso tenham surgido programas simultâneos com o elenco separado. Nos últimos anos quase todos se reaproximaram). As piadas e gags muitas vezes beiravam a tontice e algumas eram repetidas à exaustão, mas quem dos fiéis telespectadores do programa se importavam com isso? essa fidelidade canina dos fãs de Chaves foi o que segurou por um tempo recorde - mais de 30 anos - o programa na grade do SBT. Chapolim também era um grande personagem do nonsense, adorado pelas crianças, principalmente, mas também pelos nerds. Assim como os Trapalhões clássicos, o mexicano Bolãnos deixa uma extensa ficha trabalhista para o humor da classe média latinoamericana.
Abaixo, uma retrospectiva na página do SBT, e duas artes que andaram sendo compartilhadas entre ontem e hoje na rede.
http://www.sbt.com.br/sbtnaweb/tarolando/lista.asp



28 de novembro de 2014

Paul em Sampa (25/11/2014)

Como eu comentei com meu amigo Henrique , "Depois de ver ao vivo os Rolling Stones duas vezes, e agora, assistir a um beatle live - já posso me sentir realizado no quesito shows". Com todo respeito às outras bandas e músicos que admiro - mas Stones/Beatles pra mim estão na “estrato” - muito além da atmosfera comum da música. E Paul McCartney, que eu já venerava como compositor/ instrumentista/cantor, mostrou que é realmente um profissional além das expectativas e um cara naturalmente generoso. Valeu toda a saga que eu, minha mulher e os rebentos passamos até sentar na cadeira e assistir um dos maiores shows de nossas vidas. Pegamos a fila na terça-feira 25 já dando quase a volta completa no recém inaugurado Alianz Parque, e não era ainda 16:30 h. O céu estava escurecendo, mas a chuva só veio castigar a gente duas horas depois, e aí dá-lhe capa de chuva ( que eu consegui por R$5,00 dois minutos antes do toró - com a chuva inflacionou pra R$20,00), e resignação para aguentar água intermitente na cara e bota encharcada pesando uns 10 quilos no pé. O que ocorreu foi que a produção externa do show, depois do dilúvio, perdeu totalmente o fio da meada e a fila gigante que seguia uma certa lógica e divisão antes, acabou entrando na onda (literalmente) e virou um grosso bloco rumo aos portões, graças às fileiras que se misturavam e aos furões que iam engrossando a massa compacta. Outro agravante é que os portões só abriram depois das 18h30h, quando todo mundo já estava com água até no cérebro. Mas tudo pelo Macca! adentramos o estádio sãos e salvos perto das 19 horas e aí foi só aguardar o grande momento, marcado para as 21 horas. No estádio, a produção dava conta e tudo estava muito tranquilo, apesar da lotação ( e sem chuva na cabeça, graças à cobertura). 

Sir Paul só apareceu às 21:45h, mas foi logo tascando um clássico beatle, “Eight Days a Week” (do álbum Beatles for Sale, de 1964), pra mandar embora qualquer desconforto. E foi a partir daí que comprovamos que essa turnê atual é realmente uma grande homenagem aos Fab Four, desde a maioria das músicas presentes no setlist ( das 39 músicas, mais de 20 foram da era Beatles) até homenagens explícitas a George e John. A celebração era clara: em cada música, Paul reverenciava um instrumento ( violão, baixo, guitarra), levantando-o acima da cabeça no final e louvando-o. Outra constatação no decorrer da apresentação foi o foco total no “rock”, sem nem cheiro da fase mais pop de meados dos anos 80. O roteiro estava ali no script, mas o compositor deixou tudo muito leve e  natural, desde as expressões e gírias engraçadas em português ( “ô meu”, Sampa, “bombando”, molecada, “é nóis”) até as simpáticas saudações ao público. O setlist também não trouxe surpresas em comparação com outros shows da turnê, mas as músicas foram tocadas com tamanha intensidade e vigor – lembrando que é um dos últimos shows de uma turnê de um ano e o homem tem 72 anos ( 55 de rock) – que surpreenderam a todos da mesma forma. E é incrível pensar que ele é um dos poucos com tanto tempo de estrada ainda com músicas novas pra mostrar – no show foram quatro canções, do ótimo último trabalho, “New”, do ano passado – e que mantém a temperatura do show com qualidade. Paul e banda não tem integrantes exclusivos para backing vocals e nem precisa: o chefe não sofre de falta de fôlego em nenhum momento; muito pelo contrário, estraçalha em músicas altas como “Maybe I’m Amazed” ( do primeiro álbum solo de 1970, uma das mais emocionantes do show), e rocks pesados dos primórdios, do Wings  e do álbum branco ( como “Helter Skelter” e “Let Me Roll It”). E a banda, atinada, afiada, tocando a um bom tempo com Mccartney, dá conta do recado direitinho, numa sinergia fluente e aparente no palco. Em “Paperback Writer” ( single beatle de 1966), mostrou com orgulho a guitarra , avisando ser ela a mesma da época em que compôs o hit. 

Os clássicos foram se enfileirando, intercalando guitarra, violão e piano: “All My Loving” ( de 1963, a preferida do meu filho Gabriel), “The Long and Winding Road” ( do LP Let it Be, de 1970), “I’ve Just Seen a Face” (de Help, 1965), “We Can Work Out “(single de 1965), “And I Love Her” (de 1964), “Another Day” ( single de 1971, queridinha da minha filha Letícia), além da  inserção de um trecho de “Foxy Lady”, homenageando “the king” Jimi Hendrix. Um momento alto do show ( literalmente) é quando o artista é alçado para o alto na parte elevadiça do palco para tocar a mágica “BlackBird” (álbum branco – 1968), aqui com um approach político vindo das cenas de direitos civis no vídeo exibido logo abaixo de seus pés. Em seguida, mais uma dose cavalar injetada no coração: a homenagem à John Lennon na emotiva “Here Today” ( do solo “Tug of War” de 1982). E dá-lhe mais estupefação e êxtase na sequência clássica: “ Lady Madonna” ( de Let it Be, 1970 – número que fez a banda Cachorro Grande estrebuchar na pista), a divertida “All Together Now” ( de Yellow Submarine, 1969), “Lovely Rita”, “Being for the Benefit of Mr.Kite!” ( essas duas últimas do álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, de 1967, pelo menos pra mim, as maiores surpresas do show ao lado das homenagens. A última é cantada por John no original) , e “Eleanor Rigby” ( essa, do álbum Revolver, de 1966, é uma das ‘preferred’ da Cris). Outra homenagem arrebatadora veio na sequência: a singela versão de “Something”, de George Harrison, com direito à ukelelê na introdução ( mais uma prova que o instrumentista Paul é craque nas cordas). A plateia veio abaixo. E foi nesse clima que a banda engatou uma trinca de trincar o chão: “Ob-La-Di,Ob-La-Da” (do branco, 1968 – confesso que sempre achei ela boba, mas ao vivo cresceu muito no meu conceito), “Band on the Run” ( classicaço do Wings, a banda setentista de Paul) e “Back in the U.S.S.R” ( com uma hiperativa seleção de imagens no vídeo simultâneo). O show já se encaminhava para a última parte, quando se aquietou para a essencial “Let it Be”, uma das músicas mais conhecidas do mundo, subiu a adrenalina again com a explosiva “Live and Let Die” ( com as manjadas explosões e fogos de artifício – que mesmo óbvias, foram de arrepiar) e fechou com outra arrebenta peito, “Hey Jude”, com seu coro de encerramento característico e providencial. A chuva nesse momento apertou e quem estava na pista sentiu mais uma vez o baque. Mas o jovem Paul McCartney logo voltou para o primeiro bis, com o mesmo pique, pra puxar com o baixo “Day Tripper” ( essa, de 1965, era preferida do Hendrix), “Hi Hi Hi” (rock and roll do Wings de 1972) e “I Saw Her Standing There” (ieié dos melhores, circa 1963). O segundo bis, mais chuvoso ainda e mais arrasador, chegou com “Yesterday” (de 1965 – Help!- a música mais tocada no mundo), a cataclísmica “Helter Skelter” ( do álbum branco too – Paul fez questão de executá-la com o baixo, tal qual na original), e fechou a noite com a bela e proposital sequência “Golden Slumbers” (uma das melhores composições de Paul na minha humilde opinião), “Carry  that Weight” e “The End” , todas do excelente Abbey Road, de 1969.  Era  “the end” pra nós, depois de quase três horas de transe puro. Mas ao invés de adeus, Sir McCartney manda um “até a próxima”, e esse não foi um aceno de script apenas, mas a sua real empatia com o Brasil e a convicção pessoal de que vai mesmo voltar em breve. Energia ele tem de sobra. Eficiência também. E como trabalha para isso esse genial inglês!
Só não digo que o mundo pode acabar depois dessa, porque quero estar na próxima turnê dele no Brasil. Estamos te esperando, Paul.  Valew, meu!

  
Day After

O dia seguinte, como mágica ( Magic Mistery Tour?), manteve a aura beatle pairando sobre nossas cabeças. A Letícia, na correria da saída, deixou sua bolsinha, com celular dentro, pendurada nas costas da cadeira em que estava, dentro do estádio. Lá fomos nós atrás dos Achados e Perdidos do Alianz Parque, até descobrirmos com o segurança, que ainda não tinham montado esse setor. Aí eu cismei de ligar no celular dela, mesmo sem muitas esperanças, e um alô do outro lado me confirmou a sorte danada que essa menina tem –  Renato, o cara que estava do nosso lado no show, viu o celular, guardou-o, carregou-o a noite toda, levou-o para o trabalho e só estava esperando alguém ligar. Existe uma pessoa assim nesses dias? a humanidade não está inteiramente perdida. Combinamos de se encontrar no shopping Bourbon e foi durante essa espera que os astros do rock mais uma vez mexeram os pauzinhos lá em cima. Primeiro, vejo passar o Oswaldo Vecchione com sua esposa, indo para o show. Pra quem não sabe, Oswaldo é um dos maiores roqueiros do Brasil, fundador da banda de rock mais longeva dessas plagas, o Made in Brazil. Claro que fui lá cumprimentá-lo e apresentá-lo ao meu filho Gabriel, que tá tocando uma guitarra de responsa. Depois desse simpático encontro, quando me preparava para ir embora, eis que surge direto do Rio de Janeiro, o grande Marcelo Fróes, com um amigo, também dirigindo-se para o show, logicamente. Fróes, produtor e pesquisador, um dos maiores especialistas em Beatles do país e dono do selo Discobertas ( pura arqueologia em disco – basta olhar as últimas caixas que estão saindo com artistas brasileiros. Ouro puro!), é amigo de George Martin e já se encontrou com Paul McCartney em Abbey Road. Eu o conheci há uns 15 anos atrás, em uma de suas pesquisas dentro da Editora Abril e desde então temos mantido contato. A conversa foi rápida, mas fechou com chave de diamante esses loucos e incríveis dois dias em que Paul McCartney esteve em Sampa.

24 de novembro de 2014

Tammi Terrell

Tammi tinha tudo pra engatar uma carreira de prestígio nos anos 70. Ótima voz, carisma, tinha estourado nas paradas em 1967, ao lado do efervescente Marvin Gaye em “Ain’t No Mountain High Enough”, parceria que deu certo e rendeu vários encontros seguintes. Topou com o sucesso aos 22 anos, depois de debutar para a música ainda criança em corais de igreja, vencer competições de talentos a partir dos 11 anos e abrir shows para artistas famosos com apenas 13 anos! Assinou seu primeiro contrato com a gravadora Scepter, ainda como Tammy Montgomery, e até conseguiu certa popularidade em shows ao vivo, embora em disco não encontrasse essa receptividade. Até que numa apresentação na Filadelphia, conhece o boss James Brown, que fica fascinado por ela e convida-a para sua gravadora, a Try Me, produzindo seu terceiro álbum e a colocando como backing vocal em sua banda. Foram 9 meses de turnê, poucas vendagens do disco solo e uma relação conturbada com Brown. Caiu fora desse quadrado perigoso e em 1964 lançou os últimos singles usando o sobrenome da família ( seu nome no registro era Thomasina Winifred Montgomery), “If I Would Marry You/This Time Tomorrow”, pela gravadora Cheker. Uma nova decepção nas paradas que a leva a repensar a carreira e até se inscrever para curso de medicina. Mas então no ano seguinte, em uma apresentação com a banda de Jerry Butler, chama  a atenção do todo poderoso da Motown, Berry Gordon Jr., que a contrata no ato para o cast da gravadora. Nesse momento, a artista vira Tammi Terrell e uma etapa promissora na carreira tem início. Grava alguns singles na casa nova – “I Can’t Believe You Love Me”, “Come On And See Me”, “This Old Heart Of Mine”, “Tears At the End of a Love Affair”, mas nenhum passa do Top 40 da parada R&B da Billboard. Enfim chegou 1967, o ano em que substituiu a cantora de soul Kim Weston para fazer dupla com Marvin Gaye e sentiu pela primeira vez o gosto do sucesso. 
O duo Tammi/Marvin engatou um sucesso atrás do outro em dois anos: "Your Precious Love", "If I Could Build My Whole World Around You", "Ain't Nothing Like the Real Thing" e "You're All I Need to Get By", além dos LPs "You're All I Need" (1968) e "Easy" (1969). Mas no mesmo ano que lhe trouxe sorte, um grave problema de saúde – enxaquecas insuportáveis – a faz ter um colapso em pleno palco, ao lado de Gaye. Exames revelam um tumor cerebral maligno, e a partir daí, embora continue gravando em estúdio, suas condições físicas vão se esvaindo. Após oito cirurgias infrutíferas, Tammi Terrell falece aos 24 anos, em 16 de março de 1970. Abalado com a perda, Marvin Gaye larga sua carreira e fica em total isolamento por um ano. Volta em 1971 com uma nova postura musical, mais séria, política e pessoal, e uma de suas obras primas do ano, também uma de suas maiores criações, “What’s Going On”, foi feita em boa parte como reação à morte da parceira musical. Possivelmente Tammi Terrell iria se dar bem nos conturbados e doidos anos 70, que se mostrou uma década muito fértil para a música negra. Marvin Gaye, abalado, doído, sangrando por dentro, seguiu solo, com discos geniais e vida pessoal conturbada como a de sua amiga Tammi. Quatorze anos depois da despedida de Terrell, encontrou sua tragédia pessoal: em 01 de abril de 1984, véspera de seu aniversário de 45 anos, foi morto pelo seu próprio pai, após uma acalorada discussão.Tammi Terrell, fulgurante e rasante como um cometa, deixou como legado para a música soul, sua interpretação intensa e radiante, simultaneamente doce e forte, como sua presença. 

https://www.youtube.com/watch?v=IC5PL0XImjw 
https://www.youtube.com/watch?v=FbX66Ddxtow 
https://www.youtube.com/watch?v=svAs-6MiqxE 
https://www.youtube.com/watch?v=8ZkOm_LogpI  
https://www.youtube.com/watch?v=Eu_HX2sgW8A (musical de 2010 - idênticos!)

23 de novembro de 2014

Chegadas e Partidas

Um dos poucos programas da grade atual da TV que eu paro e assisto até o fim é esse "Chegadas e Partidas" da GNT, com Astrid Fontenelle. Eu e minha mulher nunca sabemos o horário certo que passa, mas quando um localiza, chama o outro na mesma hora. O mote do programa é simples: Astrid e um câmera ficam de bituca no aeroporto observando as pessoas que aguardam ou se despedem de parentes, amigos ou namorados na beira do embarque/desembarque. Se a ideia é básica, o resultado é bem interessante - ao se aproximar, a entrevistadora consegue capturar sentimentos e emoções misturadas como saudade, esperança, tristeza, amor, solidariedade, frustração, amizade, em um momento chave em que as pessoas estão despidas de vaidade e vulneráveis e acabam naturalmente contando histórias ricas em detalhes, surpreendentes ou comoventes na medida certa. Deve-se destacar a ótima intervenção de Astrid, que sem pré-produção, consegue equilibrar bem o papo, manejando respeito, humor e atenção no momento certo. Outra boa intervenção é a trilha sonora, com músicas de bom gosto, que nos remetem à lugares, distâncias e relações. O programa já está em sua 6ª temporada, sinal do seu sucesso. Ponto para GNT, que em meio a esse atual cenário canhestro da telinha, consegue trazer emoção para o telespectador sem apelar para o sensacionalismo.
Aqui, a página do programa, com episódios e matérias: http://gnt.globo.com/programas/chegadas-e-partidas/ 
E aqui, um pouco da ótima trilha sonora: http://musica.com.br/trilhas-sonoras/chegadas-e-partidas.html 

21 de novembro de 2014

Achado 1 : Livreto Litúrgico de 1957

Desde que me conheço por gente, encontro impressos no interior de livros. Já topei com dinheiro, formulário, extrato, bilhete, passe de ônibus, cartão de visita, poesia, entre tantos outros itens, e esses achados aparentemente fortuitos na verdade acabam sendo estimulados pelo minha mania em folhear todo e qualquer exemplar adquirido para meu acervo, página por página. Esse item acima que abre a série "Achado" eu descobri no interior de um volumoso dicionário dos anos 60. Trata-se de um missal ou livreto litúrgico que se dobra em 5 páginas, contendo três orações. Além da capa, que chama atenção pelas cores e layout, o pequeno folheto se valoriza pelas inscrições finais que acusam sua idade:

             "  Imprimatur Antonius Maria, Arch. Coadj.
               Scti Pauli, die 25 dec a. 1957 "

O livreto preservou-se por mais de 50 anos no interior das páginas do dicionário, um pouco mais recente que ele, até ser descoberto por mim nesse ano de 2014. Pela sua riqueza de detalhes e idade, abre essa nova série, que promete achados surpreendentes.

20 de novembro de 2014

Foto do Mês: o primeiro Batmovel

O Leo viu do Flávio Gomes que viu do Kiko Costa: o primeiro Batmovel, feito em 1960 e abandonado depois que o famosos seriado da TV surgiu com outro carro, foi resgatado do limbo, restaurado e agora entrará em leilão.
A história está aqui: http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br/2014/11/o-primeiro-batmovel/ . E pela beleza do modelo, fica como a foto do mês.

19 de novembro de 2014

Capa do Mês:LP Carlos Poyares e Seu Conjunto - Revendo com a Flauta os Bons Momentos do Chorinho (1977)



Esse discaço eu encontrei numa loja recém inaugurada no entorno da Praça João Mendes, no centrão de São Paulo. Além de eu já conhecer o Carlos Poyares de outras gravações, não tinha como não parar, olhar, tirar da pilha, abrir a capa por inteiro, e ficar admirando essa maravilhosa arte que só o formato Long Play pode proporcionar. E só depois de babar por um bom tempo é que olhei os outro detalhes e descobri que esta obra datada de 1977 é o primeiro disco produzido pela Gravadora Eldorado - tem até um box no interior do encarte dissecando justamente isso. Por hora, incluo essa obra prima aqui no Capa do Mês, inclusive com o adesivo clássico da Bruno Blois fazendo companhia ao conjunto. Em tempo: a capa tem a assinatura de Ariel Severino.

16 de novembro de 2014

Baú do Malu 51 - Livreto original do show "O Remédio é Bossa" (26/10/1964)


Esse show foi realizado e dirigido pelo mítico radialista e produtor Walter Silva, o Pica-Pau, um dos primeiros a tocar a música Chega de Saudade em São Paulo, fazendo dela um hit retumbante, que foi bater de volta no Rio de Janeiro que por sua vez a tinha menosprezado nas rádios. Daí pro sucesso nacional foi um estalar de dedos. Em 1964, vários artistas cariocas da bossa se juntaram aos músicos paulistas e uma "fase áurea II" do gênero se instalou nos teatros ( Paramount soberano) e nos centros estudantis. Toda essa nova visibilidade da Bossa Nova ao vivo foi capitaneada por Walter Silva e um dos grandes shows do período, realizado no Teatro Paramount em 26/10/1964, foi esse "O Remédio é Bossa", em parceria com o Centro Acadêmico Pereira Barretto da Escola Paulista de Medicina. Sobre ele, o próprio Walter Silva comentou:
"Ao ver a atuação de Elis, fiquei empolgado e imediatamente convidei-a para o meu primeiro show feito para o Centro Acadêmico Pereira Barreto da Escola Paulista de Medicina, cujo título foi O Remédio é Bossa. Superou em produção tudo o que havia sido feito até então. Para que se tenha uma ideia, trouxemos Antonio Carlos Jobim, que foi saudado ao entrar no palco por dois mil botões de rosa, atirados da plateia. O conjunto vocal Os Cariocas fez uma vinheta para cada artista que era apresentado pelo conjunto - um grande sucesso. Elis roubou o espetáculo, cantando com Marcos Valle "Terra de Ninguém". Outros números obtiveram muitos aplausos, mas Elis, Tom e Os Cariocas de fato arrasaram." ( fonte: acervo Walter Silva Pica-Pau).
Além da jovem Elis ( grafada no livreto e demais peças de divulgação como Ellís Regina) um outro moço promissor iniciava sua carreira: Chico Buarque de Hollanda ( que mereceu um pequeno perfil - ver foto 6). O livreto tem muitas páginas, a maioria preenchida pelos diversos patrocinadores do evento. Filtrei o material, selecionando oito páginas ( + a capa) que achei mais pertinentes: introdução de Walter Silva; pequena ficha da equipe técnica; um curioso anúncio da loja Hi Fi da Rua Augusta;  o programa completo de músicas ( em duas páginas); um perfil ligeiro do "estudante" Chico Buarque; editorial da comissão responsável; e por fim, um anúncio "visionário" da gravadora RCA Victor. Uma bela peça, com muitos detalhes históricos para se apreciar, feita em um tempo em que músico bom brotava em cada esquina desse país.








14 de novembro de 2014

Manoel de Barros (1916 - 2014)


Manoel de Barros chegou pertinho dos cem anos. Ontem alçou voo, pra virar pólen. Quando eu o li pela primeira vez nos anos 80, esparramei-me de espasmos, despi-me de aspas e caramanchei no chão, recheado de achados. Manoel de Barros impregnou-me desde então. Foi a partir daí que passei a remoer ramos, escancarar caramujos e esbanjar abrigos. Um novo mundo, mágico, milimétrico, mítico, se revelou. Agora adeus, Seu Manoel, e obrigado por sempre estar.

Quem conhece Manoel de Barros, releia sempre que puder. Quem não conhece, procure qualquer um de seu livros. Todos são bons, mas meus preferidos são: Livro de Pré-Coisas (1985), Poesia Quase Toda (1990), O Livro das Ignorãças (1993) e Livro Sobre Nada (1996). Em 2010, saiu o Poesia Completa.
O Carlos William Leite da Revista Bula, selecionou a um tempo atrás, via voto, os 10 melhores poemas do homem. Eu tenho muito apreço e gosto pelos mais curtos, mas vale a pena ler essa lista com poemas bem fortes do poeta do centro oeste.
http://www.revistabula.com/2680-os-10-melhores-poemas-de-manoel-de-barros/

13 de novembro de 2014

Dom Pepe

Dom Pepe agitando a noite ao lado de seu "brother" Nelson Motta (Acervo pessoal Nelson Motta)
Ontem faleceu uma lenda da noite - e quem deu o toque no Facebook foi meu valoroso amigo Rick Berlitz. Dom Pepe fez o diabo entre os anos 70 e início dos anos 80 em casas noturnas cariocas com seu bordão: "Agora vocês vão pular feito pipoca", e ao lado de Big Boy e Ademir formou o trio mais importante de "bailes" ( sim, era assim que chamava quando eles começaram) e discotecagem do Rio de Janeiro. Um de seus grandes amigos pela vida, Nelson Motta escreveu um texto bem completo sobre Dom Pepe na rede, deixando claro que o conhecia mesmo como um irmão. Transcrevo-o aqui, na íntegra, como homenagem a esse grande "agitador" e "missionário do divertimento":

"Fazendo a pista pular feito pipoca, Morro da Urca, 1979"

Por Nelson Motta

Hoje perdi meu mais antigo e querido amigo. Nos conhecemos aos 8 anos de idade e nunca nos separamos. Além de um pioneiro da discotecagem nas noites cariocas ao lado de Big Boy e Ademir, Dom Pepe era um DJ sensacional – como sabem todos que dançaram e se alegraram com suas músicas no Dancin’ Days, no Noites Cariocas, na Paulicéia Desvairada e no African Bar. Mas sobretudo foi um ser humano raro no afeto, no companheirismo e na alegria. E no talento para viver e fazer amigos.
A identidade secreta de Dom Pepe era Luiz Francisco, mas só sua mãe o chamava assim. Rosa era cozinheira na casa de um desembargador vizinho de minha família, num edificiozinho do Bairro Peixoto, e Dom Pepe foi criado pelo desembargador junto com os filhos da casa. Era educado, estudou no Pedro II, falava inglês. Aos 20 anos ficou conhecido em Ipanema como ”Pelé”, e era o discotecário da boate Sucata, de Ricardo Amaral, num tempo em que todo neguinho carioca era chamado de Pelé. Mas logo foi para Londres, onde conviveu intensamente com Julio Bressane, Neville de Almeida, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Hélio Oiticica e outros brazucas exilados. E como “Peleh” não funcionava com os ingleses, ficou conhecido como Dom Pepe. Para sempre.
E mais, se casou com uma grega, Anouska, com quem ficou até o fim da vida. Circulou pela Europa inteira fazendo amigos e divertindo as pessoas com seu humor, sua malandragem e seus discos de música brasileira.
Nos reencontramos em 1976, quando ele voltou ao Brasil e o chamei para ser o apresentador do festival Som, Sol e Surf, em Saquarema, estrelado por Rita Lee, Raul Seixas e Angela Rorô. E não nos desgrudamos mais. Primeiro na discoteca Dancin’Days, que deve muito do seu sucesso tanto às Frenéticas como ao DJ Dom Pepe, que incendiava a pista com petardos musicais e gritava, às
gargalhadas, “ agora você vão pular feito pipoca”.
No Noites Cariocas, em 1980, com o fim da disco music, ele lançou com Julio Barroso a “Música Prá Pular Brasileira”, fazendo a pista ferver só com discos de artistas brasileiros de rock, samba, frevo, samba-rock, baião, Rita Lee, Tim Maia, Pepeu Gomes, Zé Ramalho, Banda Black Rio, não ficavam devendo nada às melhores pistas do mundo – como sabem os muitos gringos que subiam ao Morro da Urca e pulavam feito pipoca.
Em 1982, Dom Pepe foi à Copa do Mundo na Espanha e se tornou
personagem de meu livro “Resenha esportiva”, com nossas aventuras em Sevilha e Barcelona, registrando suas incontáveis tiradas que provocavam gargalhadas em várias línguas.
Depois de discotecar mil e uma noites no Morro da Urca, misturando seu som com o de Lulu Santos, Paralamas, Titãs, Barão Vermelho, Blitz, Gang 90 e as Absurdettes e mais de 150 bandas de rock dos anos 80, Dom Pepe foi passar uma temporada em Roma, onde já estávamos eu e Euclydes Marinho, e vivemos seis meses de algo muito próximo da felicidade plena e fugaz na Cidade Eterna.
Comendo, bebendo, rindo, fumando haxixe, nos divertindo com os italianos e passeando pelas ruas de Roma falando da vida e da arte e da beleza que nos rodeavam dia e noite. Como irmãos.
Ao longo de 62 anos, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, nos sucessos e nos fracassos, nas paixões correspondidas e nas dores de corno, nos momentos de glória e nas rebordosas monumentais, nas grandes jogadas e nas roubadas, estive mais próximo de Dom Pepe do que de minhas irmãs de sangue, foi um irmão por escolha que me ensinou muito da vida, da música e da amizade.
Nossa aventura seguinte foi o African Bar, em 1987, uma ideia dele baseado, e bota baseado nisso, numa boatezinha africana que viu em Roma. Era uma casinha de dois andares no Leblon, que tinha um piano bar com Johnny Alf ( ! ) no térreo e no andar de cima uma pista de dança com Dom Pepe lançando a novidade do samba-reggae do Olodum e da Banda Reflexus, o novos sons afro que vinham da Bahia, e mais: com quatro percussionistas tocando ao vivo junto com o disco. A pista explodia.
Nossa ultima temporada na noite foi em 1990, com o Mamma Africa, no Morro da Urca, outra ideia dele, que era uma versão de massa do African Bar, com tudo aumentado, doze percussionistas tocando ao vivo com o som de Dom Pepe e grandes shows de artistas com pegada afro-brasileira.
Com sua inteligencia, sua simpatia e seu humor, Dom Pepe era um príncipe da malandragem carioca, exímio dançarino e marrento vocacional, que passou a vida alegrando as pessoas e fazendo amigos de todos os sexos e gerações. Se dava bem em qualquer ambiente, de favelas as coberturas da Vieira Souto, mas seu habitat natural era o Arpoador, onde pediu que suas cinzas fossem jogadas ao vento e ao mar.
Hoje Dom Pepe se foi, em silencio. Mas toda a música e alegria que ele espalhou durante 30 anos vive nas melhores memórias de todos que ele fez pular feito pipoca. Adeus, bróder, obrigado por tudo.

11 de novembro de 2014

Um porteiro de portas abertas para a cultura

Foto: Danilo Verpa/Folhapress
Numa excelente reportagem da colega Karla Monteiro, da Ilustrada, publicada na Folhona de 07/11/2014, inspirada por pesquisa recente, quatro pequenos perfis de paulistanos comuns e seus hábitos culturais chamaram a atenção por seu lirismo e paixão. Como esse do porteiro José Carlos da Silva no link abaixo. Depois de ler sua história, dá uma baita vontade de visitar essa figura com uma caixa de livros à tiracolo ou acompanhá-lo em seu passeio habitual até a Pinacoteca. Sua lealdade aos livros e à arte e a perseverança de aprendizado e busca de sabedoria são exemplares. Os outros textos da reportagem podem ser lidos em sequência na íntegra no segundo link

10 de novembro de 2014

Diário Popular 130 anos

Olha quem estava nas bancas hoje! o velho Diário Popular, em elegante formato tablóide e 64 páginas, comemorando os 130 anos de sua fundação em edição recheada com os melhores (e piores) acontecimentos do período. A edição foi vendida a parte do Diário de S.Paulo - pra quem não sabe o Diário de S.Paulo sucedeu o velho Diário Popular - com o preço de capa a R$4,90. Já foi pro arquivo...
Foto Cris Massolini

7 de novembro de 2014

Google presta homenagem aos 113 anos de Cecília Meirelles

O Google cria outro doodle especial em homenagem a uma personalidade brasileira, e a escolhida desta vez é a escritora Cecília Meirelles, ícone da nossa literatura, completando 113 anos hoje. O Techtudo fez uma matéria bem completa sobre a autora, lembrando também outras homenagens concedidas à ela.
http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/11/cecilia-meireles-e-homenageada-em-doodle-do-google.html

Jô presta homenagem ao filho

Jô Soares abriu seu programa na última segunda-feira de forma bem diferente do habitual. Seu filho Rafael falecera no dia 31/10 aos 50 anos e ele brilhantemente e com muita emoção, fez essa homenagem sincera na abertura do seu Programa do Jô. No depoimento, além de falar sobre o autismo do filho e suas particularidades, que o fazia ter alma e coração de criança, também comentou sobre o ouvido perfeito do filho e sua emissora de rádio montada em casa, onde religiosamente e pontualmente transmitia seus programas internos/particulares, com a little help de seus amigos Derico ( músico que está com o Jô há anos), que lhe ajudava nas vinhetas e o radialista da Rádio Globo Rio Roberto Canázio. Um momento muito triste, mas que com muita delicadeza, admiração, enaltecimento e humildade, Jô conseguiu transformar em comovente homenagem.
http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/jo-abre-o-programa-de-forma-diferente-e-faz-uma-homenagem-ao-filho-rafael/3740735/

5 de novembro de 2014

Astronauta - Singularidade tem seu primeiro preview

Foi de encher os olhos o primeiro preview de Astronauta - Singularidade, sequência do ótimo Astronauta - Magnetar para a coleção Graphic MSP. A obra de Danilo Beyruth, com a elegante cumplicidade de Cris Peter mais uma vez nas cores, promete muita ação e mistério, visto essa sequência arrasadora de imagens divulgadas hoje pelo capitão e paladino da série, Sidney Gusman. Se no primeiro, Danilo expressou magistralmente em closes e ângulos a solidão do protagonista nos confins do espaço, desta vez o autor parece explorar a interação do Astronauta com outros personagens, dentro de uma trama de suspense. Os preços estão mantidos: R$19,90 para a edição com capa cartonada e R$29,90 para a edição luxo, com capa dura. Não percam, em dezembro, nas melhores casas do ramo.



3 de novembro de 2014

Blog do Cubinho!

Com sete, oito anos, eu esperava ansiosamente a chegada do meu pai do trabalho, sempre com um fascículo interessante das bancas nas mãos, um gibi da Abril ou da Bloch, e pelo menos dois jornais, geralmente a Folha da Tarde e o Diário do Grande ABC. Na FT, vespertino do grupo Folha ( hoje Agora SP) eu acompanhava diariamente as tiras de jornais do endiabrado Nico Demo de Mauricio de Sousa. E no DGABC, além da turma da Mônica toda, adorava um personagem cúbico, parecido com um cachorro, que vivia botando a boca no trombone. Esse figurinha contestador era criação do jovem artista Mário Mastrotti e seu nome,bem de acordo com sua estrutura física, era Cubinho. Ele ficou amarelo só algum tempo depois - nesses meados dos 70 ainda era preto e branco. O seu pioneirismo em tratar de temas até então relegados ao limbo nos quadrinhos, como ecologia, direitos humanos, crenças, segurança, filosofia, pacifismo, entre outros, coloca ele como um dos mais importantes personagens da nossa história em quadrinhos. Com 39 anos de existência ( ainda é publicado em jornais da região do ABC), completados em 22 de julho deste ano, está mais do que na hora dos estudiosos de plantão olharem para esse protagonista com mais proximidade e aprofundamento. Cubinho continua firme e forte, remando contra a maré e lutando por um mundo melhor nas páginas da nossa imprensa. Iniciando já em 2014 as comemorações dos 40 anos do personagem, Mastrotti - que hoje, graças as voltas que esse mundão dá, faz parte do meu rol de amigos - lançou um blog no meio do ano em homenagem ao Cubinho. Confiram:  http://personagemcubinho.blogspot.com.br/

2 de novembro de 2014

Coll Tours, um aplicativo para se aproximar da arte e da cultura de São Paulo

Essa dica especialíssima veio da minha esposa Cris: um aplicativo cultural, ao estilo de um guia completo, chamado Cool Tours, que pode ser baixado para o celular e traz todas as atrações culturais e artísticas mais próximas de onde você estiver, no perímetro da cidade de São Paulo. Com os ícones disponíveis pode-se ter uma ficha completa dos locais e suas atrações, obter uma lista das atrações imperdíveis do momento e ainda ter opções para se saber quais os pontos mais próximos do local onde o aplicativo é acionado e também todos os roteiros juntos de uma mesma região. Para saber, mais, a página do aplicativo é esta: http://www.cooltours.com.br/