30 de setembro de 2009

Baú do Malu 10

Do fundo do meu abarrotado armário, encontrei este exemplar nº1 da revista em quadrinhos As Aventuras de Beto Carrero, com esta chamativa capa do mestre Eugênio Colonnese que trago em destaque. Saiu em junho de 1985 pela Editora Cluq, que tinha em sua diretoria o próprio Eugênio e Wagner Augusto. Os colaboradores eram Gedeone Malagola e Helio do Soveral. Embora as histórias seguissem a premissa do bang-bang, também incluíam algumas paisagens bem brasileiras, como o Pantanal, em belos quadros do professor Colonnese. Heróica e prolífica trupe essa da Cluq: Gedeone Malagola, falecido há um ano, aos 84 anos, foi um dos maiores nomes dos quadrinhos nacionais, incentivador da nona arte até o fim e autor de milhares de histórias; Helio do Soveral, português de nascença, radialista, radionovelista, escritor e argumentista de histórias em quadrinhos, principalmente terror, fez muito sucesso nos anos 60 e 70 com seus livros infanto-juvenis e virou mito em Copacabana. Morreu por atropelamento em 1991, aos 82 anos. Wagner Augusto, um dos nossos maiores especialistas em HQ, à frente do Cluq (Clube dos Quadrinhos) já fez verdadeiros milagres no mercado dos quadrinhos nacionais, como o resgate da saga de Ken Parker em álbuns magníficos e acurados, embora em edições limitadas. E por fim, o grande mestre Eugênio Colonnese, italiano radicado no Brasil desde 1964, incansável artista falecido em agosto de 2008, aos 78 anos - uma vida inteira dedicada aos quadrinhos. Nos últimos anos dava aulas de arte sequencial em sua Escola Estúdio de Artes, em Santo André (no bairro de Utinga, pertíssimo da minha casa).
Fica aqui minha homenagem a todos esses profissionais citados, incluindo também o empresário que virou personagem, Beto Carrero. Na área de entretenimento foi um dos maiores, e quando faleceu, em fevereiro de 2008, deixou para a posteridade um dos maiores parques temáticos da América Latina, o Beto Carrero World. A sua paixão por quadrinhos propiciou o surgimento não só desta revista da Cluq, mas também o personagem infantil Betinho Carrero, com revista em circulação.

29 de setembro de 2009

Plínio Marcos

Hoje, terça-feira 29-09, o Teatro Arena realiza a partir das 19 horas, reunião para homenagear o aniversário do dramaturgo Plínio Marcos, falecido em 19 de novembro de 1999 ( o que será que diria Plínio, que era místico, sobre essa sucessão de noves?). O encontro terá depoimentos de amigos e admiradores, roda de samba e comemora também os 50 anos da primeira montagem da peça Barrela.
mais informações: www.pliniomarcos.com

Só uma grata lembrança: eu e a saudosa Sonia Franiek, da minha turma de jornalismo da Metô, entrevistamos o homem, se não me engano, em 1990. Ele estava numa fase totalmente mística, jogando tarô e lendo cartas. Lembro que seu pequeno apartamento no centro tinha uma única vidraça aparente, mas um pano escuro não deixava a luz de fora atravessá-la, o que deixava o ambiente interno totalmente escuro. A conversa se apagou da minha memória, mas lembro nitidamente da grande barba do Plínio, iluminada pela vela acesa sobre a mesa, sua roupa que lembrava a de um mago e a indefectível boina no cocorucho. Um momento mágico e surreal, com toda a certeza.

Seu Salomão, o grande

No encarte do LP original Os Borges, Seu Salomão, patriarca da família (ver post abaixo), faz um depoimento emocionante que traz revelações arrebatadoras e pistas preciosas sobre cada um dos filhos. E claro, todo o seu amor à Dona Maricota. mãezona dessa renca do barulho.

"Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Trinta anos de jornalismo não me tornam fácil este depoimento pessoal, na verdade tão difícil quanto o início da "composição" de minha série de onze filhos e sete frustrações, em "parceria"com Maria Fragoso Borges, ex-Maria da Conceição Fragoso. Conceição para os íntimosFragoso para os nem tão íntimos e Maricota, para mim que durmo com ela, todas as noites, há mais de quarenta anos...
A idéia de tomar Maricota por companheira , por toda a vida, estalou no meu cérebro e repercutiu no meu coração numa certa noite de junho. Eu a conheci desde os bancos escolares, mas nem a título de pilhéria admitia a hipótese de que ela pudesse vir a ser minha esposa . Na tal noite , porém, depois de dançarmos e conversarmos, numa festinha de aniversário na casa de meus pais, onde eu vivia, decidi de imediato,que seria ela ou ninguém. Amor puro, profundo, repentino.Eu sabia que não se tratava de paixão e sabia, também, que o inesperado sentimento era recíproco, irreversível. E ela também sabia, embora não tivéssemos trocado uma só palavra sobre isto. Assim , dias depois, com absoluta convicção e tranqüilidade, eu disse à minha mãe: -A senhora sempre me aconselhou a procurar uma moça igual à Conceição, quando eu pensasse em casamento, não foi? Pois, bem- vou me casar com a própria Conceição. E ante o espanto de Paulina Borges, minha mãe, arrematei: Conceição ainda não sabe, mas já decidi que será ela ou ninguém. Dito e feito: menos de um ano depois, em maio, Mês de Maria, estávamos casados. Eu era, então, sargento da Polícia Militar de Minas Gerais, 22 anos; ela, normalista quase professora, 18 anos. Algo indefinível dentro de mim sempre me impregnou de uma certeza, total e emocional, de que eu seria pai de muitos filhos, oito, no mínimo. Nem os cinco anos iniciais de malogros abalaram esta certeza, porque na realidade, há coisas que a gente sabe, mas não sabe porque sabe. E esta pródiga paternidade era uma delas . Não obstante, exatamente dez dias depois de havermos comemorado o quinto aniversário de casamento, quando Marilton, o primogênito nasceu, "inaugurando o marcador"e chorando muito, como qualquer recém-nascido que se preze, posso garantir que chorei muito mais do que ele, como qualquer pai coruja que se preze. Dois anos e oito meses depois, nasceu Márcio (Marcinho). E logo depois, numa sucessão muito rápida, foram entrando no palco da vida pela ordem, Sandra , Sônia, Sheila , Salomão (Lô Borges), Marcos (Yé), Solange, Suely (Dodote), Marcelo (Telo Borges) e Mauro(Nico). Claro que todos choraram e eu, mais do que todos eles, chorei. Maricota e eu ficamos simplesmente perplexos, apatetados, com a precocidade musical do Marilton, que aos quatro anos já cantava no rádio e começava a maltratar um cavaquinho e depois um violão, e depois um piano, e depois sei lá mais o que . Adolescente, desandou a compor e a criar acordes e harmonias ao piano e ao violão. "Trem "de doido. Tão atordoados ficamos que nem notamos que o menino Márcio vinha escrevendo às escondidas para uso próprio, mini-contos, crônicas, poesias, revelando espantosa facilidade para escrever sentimentos, situações, coisas e tipos humanos. Era demais pra mim. Eu me considerava jornalista razoável, mas reconheci, até com certo despeito profissional que o menino Márcio Borges estava começando por onde eu nem havia chegado... "Trem "de doido também. E as revelações domésticas foram surgindo - eu diria- aos borbotões. Todo mundo tocando alguma coisa, todo mundo fazendo música, todo mundo cantando. Pelo simples prazer de fazer música.E não era também o que a Maricota fazia quando jovem - uma tremenda cantora, lendo música como quem lê jornal ? E não fazíamos, ela e eu, duetos aceitáveis e até mesmo bons ? E nossos ancestrais e colaterais - maestros, cantores, instrumentistas ? Que culpa tinham os meninos agora ? Não havia remédio para aquela confusão toda. Tínhamos que aguentar a barra e até reclamações dos vizinhos. E tudo ficou mais complicado, quando resolvemos comprar um piano.Com o tempo a gente se habitua, e fomos levando. Lô e Yé tocando e cantando na rua com Beto Guedes e outros meninos; Marilton, ainda imberbe, tocando e cantando em casas noturnas, onde provavelmente ficou conhecendo Wagner Tiso e Milton Nascimento; Márcio escrevendo freneticamente com aquela sua desajeitada mão esquerda. Solange também cantando e já de violão em punho; Telo e Nico batucando piano e maltratando violão. E outros instrumentos, que apareciam lá em casa como que por encanto.Os vizinhos tinham razão. Maricota e eu num estado de permanente atordoamento tentando compreender o que é que estava acontecendo em nossa casa. Quando paramos um pouco para respirar - após vinte e dois anos de procriação, dezoito gestações ao todo - quando Maricota começou a perder aquela inefável e quase indefectível silhueta de mulher sempre grávida - um ao colo, outro no ventre - tivemos uma consciência mais nítida e mais assustadora de que nossa casa estava povoada de gente que só pensava em música, raramente em qualquer outra coisa. Marilton, Márcio, Lô, Yé, Solange, Telo e Nico eram destaques especiais na arte de roubar a paz e o silêncio. Sandra, Sônia, Sheila e Dodote enriqueciam a barulheira, cantando, e ouvindo discos, geralmente no volume de som mais alto possível. Dose. Os de casa já bastavam. Mas aí, outros maníacos musicais começaram a "pintar", como que por mero e "interessante" acaso. Primeiro veio o Milton, meio acanhado, meio sem graça. Helvius Vilela veio com ele ou antes dele? Não estou bem certo. E a patota foi crescendo- Wagner Tiso ( Beto já estava incorporado) Rubinho, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Martinha,até o Nelson Ned e mais uma porção de gente. Naná Vasconcelos sempre brindando a vizinhança com sua incrível poliritmia de garfos, pratos e panelas. O que quer que caisse em suas mãos . Milton Nascimento era "crooner" apenas, até que Marcinho conseguiu convencê-lo de que ele seria tão bom compositor quanto cantor. Daí por que Márcio Borges foi o primeiro parceiro de Milton . De música em música, de esquina em esquina, surgiu "Clube da Esquina" uma sequência harmônica que Lô fez na esquina de nossa casa ; Milton ouviu, gostou, colocou melodia; Marcinho pôs letra e título; e , algum tempo depois , ficou sendo o nome do famoso álbum de Milton e Lô, primeiro sucesso de Bituca, em disco, pois, a essa época, ele já havia se consagrado com "Travessia ", dele e de Fernando Brant , num festival. Até hoje ninguém perdeu o gosto pela música - estão todos em atividade. Marilton toca piano e canta , à noite , faz televisão , propaganda , durante o dia; Márcio, às voltas com as letras, em todos os sentidos, e também compondo música às ocultas, como é de seu feitio; Lô , Solange e Telo, juntos no LP "Via Láctea" e nos "shows". Um lembrete: a música "Vento de Maio" foi feita pelo Telo, com letra de Márcio, para variar. E os outros ? Os outros vão curtindo música sem pretensões e sem compromissos. Uma casa alegre, a nossa , sem dúvida, mas, sobretudo porque aprendemos a não cultivar nem dor, nem ódio, nem autopiedade, e estamos sempre de olhos abertos para o lado bom e bonito das pessoas e das coisas. E ai de nós se não fôssemos assim. "

Texto escrito por Salomão Borges, extraído do encarte do álbum "Os Borges", 1980, EMI Odeon.

28 de setembro de 2009

Discos que nos Tocam 2 / Os Borges - 1980


Bati cabeça pra escolher meu disco inaugural nessa série. Primeiramente, ia escrever sobre o lendário Clube da Esquina, mas aí pensei no incandescente Terra, do Sá,Rodrix & Guarabyra, que logo substituí pelo apaixonante primeiro trabalho do Sérgio Sampaio, quando me dei conta que só tava pensando em MPB e cravei no viajante Hotel California do Eagles, logo descartado pelo incrível Rain Dogs do Tom Waits, que foi ultrapassado pela lembrança do pungente The Final Cut do Pink Floyd, que logo evaporou-se com a volta da MPB na cachola, quando surgiu Elomar e seu apoteótico "Das barrancas do Rio Gavião..", que ficou por pouco tempo, pois pintou bem forte na mente o ‘Os Borges’, este que posto aqui, antes que mude mais uma vez de idéia ( mas lembrando que todos os citados acima podem aparecer na sequência) .
Os Borges! pra que vocês entendam esta escolha, preciso voltar um pouco no tempo. Nos anos 80, conheci mais profundamente o cultuado Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, com participações decisivas de dezenas de músicos, entre mestres instrumentistas, letristas geniais e amigos, iniciantes ou não, todos brilhantes. O LP me pegou de jeito: arrepiou de primeira, dançou nos ouvidos e me fez levitar por semanas. É certamente um dos meus discos de cabeceira. Um pouco depois, li o livro "Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina" do letrista fundador Márcio Borges e pude conhecer nas entranhas a bela e heróica história dos mineiros, desde a infância do Bituca ( Milton para os íntimos) até a Belo Horizonte sessentista e a sequência no Rio,entre o sucesso e o terror da ditadura, com a amizade sempre permeando tudo.
Quem lê o livro não esquece a fantástica família Borges, do patriarca Salomão e da matriarca Dona Maricota, que colocaram no mundo 11 filhos, e entre eles, 7 que acabaram seguindo a música. E se surpreende com o clima de amizade, respeito e cultura que reinava naquele apertado apartamento no centro de Belo Horizonte, lugar adotado pelo querido Milton Nascimento, que iniciou amizade com Maílton, o mais velho dos irmãos, mas logo virou unha e carne do seu mano Márcio, pretendente a cineasta e futuro letrista do Clube. Foi no livro que eu descobri a existência desta reunião familiar em 1980, ocorrida logo depois do Clube da Esquina 2, e que resultou neste apaixonante disco. Fui atrás , revirei sebos, corri o centro de Sampa e descobri que o LP não era fácil de achar. Os anos passaram, continuei ouvindo Lô, Milton, Beto, Tavinho Moura, Toninho Horta, Tavito, Flavio Venturini, mas os Borges reunidos, neca. Até que em 2003, a EMI comemorou seu centenário, lançando várias obras importantes de seu acervo, há muito fora de catálogo, com supervisão de Charles Gavin. Os Borges, vejam só, foram incluídos na terceira série do revival. Comprei, levei pra casa, escutei-o e nunca mais deixei de escutá-lo. Além do histórico narrado, a obra me tocou profundamente pelo seu conteúdo, pois ali estava a essência do apartamento de Belo Horizonte, as influências musicais da família e o clima de irmandade musical indo além da irmandade real.
Lô Borges, o único dos irmãos que alcançou maior projeção, catapultada por sua participação precoce como principal parceiro na acachapante obra chamada Clube da Esquina, de 72, além de gravações anteriores do próprio Milton em 70, acabara de lançar Via Láctea, o melhor LP de uma carreira pautada por poucos lançamentos discográficos e muitos shows. E neste disco em família, talvez intencionalmente, sua participação é discreta, mais focada na guitarra do que na composição ( na capa também é o que menos aparece), mas nem por isso menos importante. Márcio, primeiro parceiro,incentivador e figura chave de tudo o que aconteceu com Milton no início de carreira, também se consagrou como um dos letristas do Clube da Esquina, embora esse papel o tenha mantido naturalmente longe dos holofotes. Com o irmão Lô, seu principal parceiro, compôs dezenas de canções, muitas de sucesso. Mas tem também grandes parcerias com 14-Bis e Tavinho Moura, entre outros.
Marílton foi o primeiro dos irmãos a tocar profissionalmente e quem deu a faísca para a grande tração futura. Ele tocou antes com Bituca (e Wagner Tiso) e foi quem o levou para o apartamento dos Borges, onde foi imediatamente incorporado à família. O resto é história.
Telo, Yé, Solange e Nico invariavelmente compõem e participam de discos do Lô e de outros projetos. Telo inclusive fez para Lô dois de seus maiores sucessos: Ritata e Vento de Maio (c/ Márcio Borges). Dona Maricota, que cantou na mocidade e Seu Salomão, homem de imprensa, soltam a voz em alguns momentos dessa reunião.
Além do instrumental impecável, com predominância das cordas, o disco surpreende pela leveza, mesmo em temas mais constritos. É uma grande festa, com convidados saindo pelo ladrão, como bem convém ao espírito dos Borges. E cada faixa, de alguma maneira, surpreende. Em família, que abre os trabalhos, é leve e solta, feita especialmente para todos cantarem. Na cuíca, Marçal e nas tablas, prato, ganzá, panela e talkingdrum, o onipresente Naná Vasconcelos. A próxima, Carona, tem uma bela orquestração de Nivaldo Ornellas e cai como uma luva para o vocal do convidado especialíssimo Gonzaguinha. Voa Bicho, mais uma obra-prima de Telo e Marcio, com orquestração precisa de Guilherme Arantes e vocal inspirado de Solange, foi reaproveitada recentemente em uma das novelas globais, com vocais de Milton Nascimento. Em Um sonho na Correnteza, quase todos os irmãos participam ( a exceção de Marilton): Yé e Marcio compuseram, Yé e Solange cantam, o violão é do Yé, bandolim do Telo, sintetizador de Márcio (?!), guitarras com o Lô e percussão de Yé, Márcio, Nico e o baterista Rubinho (que toca em quase todas as faixas). Ainda, de Telo e Márcio again, ponto altíssimo do disco, tem a marcante presença de Guilherme Arantes na orquestração, regência, piano elétrico e vocal, dando a impressão de que é mais uma de suas composições. O Sapo, adaptada do folclore pelo Seu Salomão, é o momento mais descontraído dos disco, com todos cantando, inclusive pai e mãe, além do baixo de Ezequiel e piano do Marilton. A próxima, Eu sou como você é, é uma típica canção de Lô,com participação de Marilton, Paulinho Carvalho no baixo e Mario Castelo na bateria e injeta Liverpool e jazz na algazarra mineira. Outro Cais, tem a participação de uma pessoa totalmente enraizada no Clube da Esquina, pois além de ser a primeira cantora brasileira a gravar Milton Nascimento, continuou gravando músicas dele durante toda a carreira e um ano antes arrebentou em sua performance emocionada no Clube da Esquina 2: Elis Regina, musa eterna de Milton e de todo o Clube. Aqui, participa de terna canção, referência a “Cais”, obra-prima de Milton e Ronaldo Bastos, registrada por ela oito anos antes em seu LP. Nesse ponto o disco toca o céu. No tom de sempre, é de Chico Lessa, chapa dos meninos, e Márcio Borges, e lembra muito as músicas solares de Lô e Márcio, inclusive com as cutucadas estratégicas de Márcio na letra que sempre dá um jeito de botar política nas entrelinhas. O grande guitarrista Fredera, ex-Som Imaginário e membro ativo do Clube e da banda de Gonzaguinha, participa dessa ”faixa”. Qualquer caminho é uma raridade: traz Márcio Borges compondo sozinho e se não bastasse, dividindo o vocal principal com o mano Marilton! Daniel, a próxima, é a música mais doce de todas e o vocal inspirador de Solange é a grande responsável por esse clima de infância restaurada. Os convivas ajudam :Toninho Horta e Frederiko. E pra fechar com chave de ouro, o mentor Milton Nascimento, ex-hóspede e amigo eterno da family, canta com o caçula Nico, Pros meninos, composição pungente do próprio Nico e Duca Leal ( a produtora, co-autora também de Outro Cais e se não me engano, mulher de Márcio na época). Por tudo o que eu sei dessa história de amizade e música, o finale com Bituca é realmente de chorar. É por essa e todas as outras que esse disco, me toca. E eu sempre tocarei-o.
As canções do disco :
1- Em Familia (Yê Borges / Márcio Borges )2- Carona (Marilton Borges) 3- Voa Bicho (Telo Borges / Márcio Borges) 4- Um Sonho Na Correnteza (Yê Borges / Márcio Borges) 5- Ainda (Telo Borges / Márcio Borges) 6- O Sapo - Adaptação Salomão Borges 7- Eu Sou Como Você é (Lô Borges) 8- Outro Cais (Marilton Borges / Duca Leal) 9- No Tom De Sempre (Chico Lessa / Márcio Borges) 10- Qualquer Caminho (Márcio Borges) 11- Daniel (Nico Borges / Solange Borges) 12- Pros Meninos (Nico Borges / Duca Leal)

26 de setembro de 2009

E os corvos negros, hein? quem diria? perto dos 20 anos de estrada...

The Black Crowes, a banda que ousou misturar blues, Stones, Led Zeppelin e Faces num caldeirão só, atingirá 20 anos de estrada no início de 2010 e depois de muitas críticas negativas, brigas, mudanças e longos intervalos, acaba de lançar seu 9º disco de estúdio ( fora o ao vivo, em conjunto com Jimmy Page).
Os corvos, sob a chancela dos irmãos Chris e Rich Robinson, são sem dúvida, a formação roqueira atual que mais se aproxima da cartilha clássica dos anos 60 e 70. Tá tudo lá: a rouquidão do jovem Rod Stewart no Faces, a pegada bluesy dos Stones, a intensidade do Led, as cordas e a gaita herdadas das raízes folk. Quem não conhece, acha que o Crowes é mais uma cópia xerox dos ícones, mas o saudosismo inerente da banda vem também com uma identidade forte, composições arrojadas - embora despojadas -, e um frescor raro de se ver em formações que atingem a maioridade. Neste novo disco, eles resolveram gravar tudo ao vivo em estúdio ( na verdade, um celeiro-estúdio) e o punch alcançado é estonteante. Ouçam o disco e vejam o Black Crowes em ação, nesta boa matéria, by New York Times:
http://musica.uol.com.br/ultnot/nytimes/2009/09/25/com-disco-novo-nas-lojas-black-crowes-diz-que-esta-feliz-com-status-cult.jhtm

23 de setembro de 2009

Ray

Ray Charles, o mestre dos mestres da Soul Music, nasceu nesse mesmo 23 de setembro, no primeiro ano da década de 30. Ficou cego aos 7, órfão aos 16, perdeu um irmão por afogamento. Essas tragédias todas sacramentaram seu dom e dimensionaram o toque de seus dedos nas teclas do piano; depois do primeiro sucesso em 1955, nunca mais deixou o panteão dos grandes da música popular americana. Partiu para alguma partitura celeste em 2004, virou filme no mesmo ano e como Sinatra, Jobim, Elvis e outros poucos, tornou-se gênio perpétuo e trilha eterna das inquietações humanas.
Curtam o homem, interpretando dois de seus maiores sucessos:
http://www.youtube.com/watch?v=WU-MBTW86U8
http://www.youtube.com/watch?v=Thls_tMuFkc&feature=fvw

22 de setembro de 2009

Expomusic

Recebi esse release do Duda Moura. Faz muitos anos que não vou à essa gigante feira de exposição anual, a principal do mercado musical. Na última vez, anos atrás, quem estava comigo pôde presenciar uma performance alucinada do pirado roqueiro Serguei, em uma tenda armada especialmente para suas acrobacias. Em todas as edições, não faltam surpresas e aparições de artistas. Shows, lançamentos de instrumentos, designs, iluminação, aparelhos de áudio, equipamentos gerais para estúdio. Pra quem gosta de música, um prato forrado.

18 de setembro de 2009

Baú do Seu João


Abro essa nova série com um exemplar de Folhetim, do final dos anos 70 (23 de setembro de 1979), tablóide que vinha encartado na Folhona aos domingos. Meu pai comprava a Folha nessa época de 'abertura política' e resolveu guardar o caderno especial para leituras futuras. Hoje, ele tem pelo menos uma centena deles no interior de um de seus armários mágicos.
Destaquei este acima, por ser um dos mais antigos da coleção e também por dois motivos que me saltaram aos olhos: a capa do 'combatente editorial' Fortuna, um dos homens que mais batalharam no humor gráfico brasileiro e a seção "Vira-Lata", na última capa, um espaço que trazia charges de acordo com o tema de cada edição e fez história. Não é pra menos; basta constatar o número de feras em tão pouco espaço de papel. No exemplo acima, tem até desenho a seis mãos: Glauco, Nilson e o mestre Henfil (clique nas imagens para obter o zoom).

Abrindo o baú do Seu João

A primeira pessoa no mundo que me abriu a porta para o colecionismo foi Seu João Massolini, meu pai. Desde que me conheço por gente, lembro dele chegando do serviço com algum novo fascículo editado pela Editora Abril. Entre os anos 60 e 70, a editora de Victor Civita inovou o mercado editorial brasileiro, ao lançar diversas obras "em partes", que saíam semanalmente nas bancas para no final serem encadernadas. Um sucesso estrondoso que começou com "A Bíblia" e se estendeu para todos os assuntos e gêneros: música, artes, ciências, história, geografia, culinária.
Meu pai, que já cultivava o hábito da leitura desde pequerrucho, não só entrou nessa longa caminhada dos fascículos semanais e publicações em banca, como os tem guardado até hoje. Entre os anos 60 e final dos 80, ele abasteceu meu lar com enciclopédias ( Conhecer, Enciclopédia Disney), fascículos ( entre tantos destaco "História da Musica Popular Brasileira" e "Clássicos da Música Universal", que vinham com discos), coleções ( Superinteressante desde o número 1, revista Planeta), fichários e livros ( Círculo do Livro).
A partir de hoje, inicio no blog mais uma série ( esse blog tá virando seriado), o "Baú do Seu João", onde tentarei mostrar-lhes um pedaço desse gigantesco mundo editorial que se esconde nos armários mágicos da Rua Alegre, São Caetano do Sul, lar que me viu nascer e que além de amor e educação, me deu a chave do conhecimento e o gene memorialístico.
Como complemento, incluo aqui um trecho do livro de memórias "A Gente Era Feliz e Sabia", ainda inédito, que traz mais luz a essa faceta inexorável de meu pai:

"Os gibis! Até hoje, compro quadrinhos, embora bem mais comedido (agora tenho duas boquinhas a mais pra sustentar), e desde os cinco anos, quando aprendi a ler, já pedia pra minha mãe o Cebolinha de todo mês. Tenho um armário no meu quarto com milhares de gibis ( já perdi a conta faz tempo) e o meu filho Gabriel vive fuçando nele, com o mesmo brilho nos olhos que eu tinha.
Meu pai, João Massolini ( e Seu João para muitos leitores deste livro), sempre foi um guardador contumaz de coisas, objetos e fascículos. E não é que ele guarda até hoje os "Pato Donald" dos anos 50, os mesmos que lia quando jovem? Segundo ele, o que sobrou foi até pouco: esses "Pato Donald" da Abril, uma coleção razoável de "Edições Maravilhosas" da Ebal ( com grandes romances da literatura em quadrinhos), um punhado de "Fantasma" da RGE ( a editora de Roberto Marinho - e onde ele virou milionário a partir dos gibis) e só. Muitas outras, como Gibi Mensal, Biriba, Mirim, Globo Juvenil, todos da década de quarenta e cinquenta, ele perdeu quando teve que deixar pra trás suas revistas, quando casou, e a sua irmã mais nova deu todas para o garrafeiro.
Meu pai sempre trazia revista pra mim quando voltava do trabalho. Mad, Recreio, Mickey, Gibi (relançado em formato gigante em 1975) e tantos outros.
Através dele ( que gosta mesmo é de música clássica) também conheci Chico Buarque de Holanda, Noel Rosa, Tom Jobim, Cartola e muitos outros da velha guarda, tudo ali, nos discos da sua coleção 'História da Música Popular Brasileira" da Editora Abril, cada LP em um fascículo recheado de histórias e fotos. Pai também é cultura.

17 de setembro de 2009

Baú do Malu 9

Bidu e Franjinha há 49 anos, anunciando a revistinha Bidu (Editora Continental), que durou pouco, mas foi a semente do império Maurício de Sousa.
Dois detalhes: Bidu na época, cinza, e o Franjinha, 'aprontão' como nunca, em nada parecido com o futuro "cientista" da turma.
Na Bienal do Rio, que acontece até domingo (20), rola o lançamento do livro MSP-50 anos, elaborado por Sidney Gusman, com histórias originais de personagens de Maurício desenhadas por 50 feras da HQ nacional. De quebra, a obra virá com um brinde imperdível: a edição fac-similar de Bidu nº1, um gibi que já na década de 70 era categorizado por colecionadores como item raro.

14 de setembro de 2009

Sign Language

Em homenagem ao post inaugural da série "Discos que nos Tocam", do ericlaptomaníaco Rick Berlitz, dois momentos admiráveis do nosso God of Guitar, tocando uma de suas músicas prediletas: em dupla com o bardo-mor Bob Dylan ( no giro do vinil) e de violão em punho, acompanhado de outro guitarrista, com letra e cifra de quebra.
http://www.youtube.com/watch?v=M7t0whz_rC0
http://www.letras.com.br/bob-dylan/sign-language

Discos que nos Tocam 1 - No Reason to Cry/Eric Clapton (1976)


por Rick Berlitz

Talvez não seja um disco que tenha merecido grandes aplausos da crítica especializada ou do público; talvez não seja aquele considerado ‘o melhor’ pelo artista ou pela gravadora. Pode ser que nem mesmo configure entre “os 10 mais de todos os tempos”. Enfim, o que faz diferença, no mundo mágico da música? Um disco inteiro pode ser mediano, fraco, passar desapercebido. Mas alguma coisa nele pode chamar atenção.
NO REASON TO CRY, álbum de Eric Clapton lançado em janeiro de 1976, tem alguns aspectos especiais. Não é um disco que se possa comparar a todos os excelentes LPs/CDs já lançados pelo guitarrista. Mas como em “Layla and Other Assorted Love Songs” (dezembro de 1970), quando teve a companhia do lendário guitarrista Duane Allman (The Allman Brothers Band), e no sensacional “461 Ocean Boulevard” (agosto de 1974), com a presença (não fisicamente) de Bob Marley, em "I Shot the Sheriff" e ainda por ser o marco inicial da adoção de Clapton pela Fender Stratocaster, “No Reason To Cry” tem a clássica Sing Language, de autoria do não menos genial e excêntrico Bob Dylan, que na época morava em uma barraca nos jardins do Shangri-La Studios, da Califónia.
“No Reason” conta ainda com uma boa pegada de EC na guitarra, incorporando o Overdub, muito usado por Robbie Robertson, e o wang bar, utilizando aquela alavanca da guitarra que Jimi Hendrix imortalizou em Woodstock.
Com 11 canções, No Reason To Cry apresenta também diferenciais impensáveis para os atuais tempos business de hoje – mas comum à época: um disco movido a bebedeiras, desnorteado e inicialmente sem um produtor. Só a alma genial de Sr. Eric Clapton, um “Deus que toca apenas 10 minutos por dia”, para fazer deste disco parte importante do Rock mundial.
Mesmo não sendo um marco na carreira do ‘melhor guitarrista de todos os tempos’, “No Reason” tem grandes motivos de alegria. Até pelo fato de Clapton confessar que Sign Language é uma de suas músicas favoritas.

(Rick Berlitz é jornalista e 'ericlaptomaníaco')

Nova série - Discos que nos tocam

Já botamos muitos discos pra tocar na vida, mas quantos deles inverteram o sentido e nos tocaram? Poucos, tenho certeza. Os discos que nos tocam profundamente são aqueles que permanecem pra sempre naquela estante imaginária da vida: faça chuva, faça sol, haja crise, comemoração,tsunami, coração partido, festa, promoção ou decepção, lá estão eles, sempre à mão, com a capa gasta ou desbotada ( no caso dos LPs), solta ou trincada ( no caso dos digitais), a nos tocar profundamente, enquanto entramos em transe, alpha, êxtase ou transmutação.
O disco pode ser aquele que está sempre na lista dos melhores de todos os tempos da crítica especializada, ou quem sabe, um que se esconde solene numa bem sucedida discografia, mas que por vários motivos não foi tão esmiuçado ou compreendido. Não importa. Esses discos trazem geralmente a qualidade inegável, o jeitão bem acabado, o repertório em comunhão completa. Às vezes não - algo indefinido, que não é a qualidade, nos engalfinha e nos prende pra sempre - as nuances talvez, os arranjos, as letras entrelaçadas à música. O certo é que esses discos nos acompanham pela vida afora, e nos tocam profundamente - a mente, os ouvidos, a alma, o coração.
A partir de hoje, essa nova série, "Discos que nos Tocam", trará à tona, grandes discos da história, obscuros ou famosos, que por um motivo ou outro, se destacam pelo diferencial afetivo, emotivo, e por conta dessa cumplicidade, se tornam "de estimação". Vale lembrar também, que os eventuais convidados desta série não são zémanés pinçados à revelia, mas tarimbados colecionadores, especialistas ou amantes da música de qualidade. Isso posto, vamos ao exposto.

9 de setembro de 2009

Beatles Nine Nine Nine

09/09/09, o Dia Beatle. Independente da Cabala ou da numerologia, esse dia de hoje realmente mexeu com o universo dos Fab Four e deixou os beatlemaníacos em polvorosa. Dois lançamentos simultâneos e de alta importância marcados para o mesmo dia, mesmo para a mitologia da banda, causam grande impacto. E mexe com o maior tesouro do quarteto: as músicas. Em paralelo ao lançamento do game sensação e da remasterização de todo o catálogo discográfico, volta à tona com força, o tema download, uma pedra no sapato do EMI e dos remanescentes do espólio do grupo. O dia 09/09/09 ainda não fechou essa conta.
Saibam mais aqui:
http://musica.uol.com.br/ultnot/reuters/2009/09/08/cds-remasterizados-e-videogame-levam-beatles-a-era-digital.jhtm
http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/conteudo_maiusculo/?Rock_Band_dos_Beatles_chega_as_lojas
http://www.radioagencia.com.br/noticia.php?noticia=29285&categoria=5
http://musica.uol.com.br/ultnot/2009/09/09/emi-desmente-lancamento-digital-dos-beatles.jhtm
E em homenagem ao dia cabalístico, uma música deles com + dois noves: One After 909
http://www.youtube.com/watch?v=FXt9ShJsAIo

Jingles!

Jingle tem som de infância. Quantas crianças por aí, até hoje, não guardam na cabeça aquela musiquinha que ouviram nos intervalos da TV ou do Rádio, espalham pela escola ou entre os amigos, modificam a letra original - muitas vezes em paródias escrachadas ou até impublicáveis? Marmanjo também adora cantar jingle no chuveiro. O jingle faz parte do nosso dia-a-dia e indiferente aos avanços tecnológicos da publicidade, manterá sempre seu importante papel de nobre acompanhante dos anúncios, muitos deles inesquecíveis justamente por ter a presença marcante de uma trilha bem feita, especialmente bolada para o produto.
Para não ficar catando à revelia, optei por uma seleção enxuta: jingles feitos por compositores populares que se arriscaram ou até trabalharam por um tempo nesse mercado. Uns são manjados, mas tem também surpresas nesse meio.
(Fontes: Youtube e Arquivos da Rádio CBN. Locução: Lula Vieira)

*Renato Teixeira foi um dos que se deram bem no terreno dos jingles. Após despontar nos festivais da Record e até um tempo depois de estourar no Brasil todo com a bela Romaria, na voz de Elis Regina (em 1977), o compositor santista compôs diversas trilhas comerciais, abriu uma produtora com seu amigo Sérgio Mineiro ( que chegou a tocar com Renato no grupo Água) e nos brindou com jingles que marcaram época, como estes:
# Baleiro - Bala de Leite Kids http://www.youtube.com/watch?v=wugOWu5BlgY
# US Top
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/jingles-inesqueciveis/2006/10/23/CRIACAO-DE-RENATO-TEIXEIRA-PARA-A-US-TOP.htm

*O trio Sá, Rodrix & Guarabyra fez um jingle para a Pepsi, um pouco antes de Rodrix sair em carreira solo, em 1973. Um sucesso estrondoso entre os ouvintes e telespectadores. Rodrix é o primeiro a surgir no comercial:
# Só tem amor quem tem amor pra dar - Pepsi http://www.youtube.com/watch?v=iX5_ai6OKp0
# a mesma versão, para rádio ( aqui o site informa equivocadamente o ano)
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/jingles-inesqueciveis/2006/10/20/PEPSI-NO-FIM-DOS-ANOS-60.htm
# também tem essa versão posterior para rádio, mais limpa:
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/jingles-inesqueciveis/2006/04/03/TOMAR-PEPSI-JA-FOI-UMA-FORMA-DE-PROTESTO.htm

*O saudoso Zé Rodrix continuou a trilhar o caminho dos jingles e fez esta pérola, já nos 80:
# Chevrolet - Zé Rodrix - http://www.youtube.com/watch?v=NE1QKcnODv8

*O maestro soberano Tom Jobim também ganhou seu tutu fazendo jingles. Aqui, ele interpreta uma suave canção que fez especialmente para a Johnson & Johnson. Não sei o ano exato, mas é uma raridade:
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/jingles-inesqueciveis/2006/10/10/JINGLES-DA-JOHNSON-JOHNSON-FOI-CRIADO-E-INTERPRETADO-POR-TOM-JOBIM.htm

*Paulo Tapajós, compositor, produtor, radialista, pai dos também compositores Paulinho Tapajós ( de Andança) e Maurício Tapajós ( de Pesadelo), fez jingles numa época em que essa atividade não era bem vista entre os profissionais de sucesso. Aqui, uma peça sua dos anos 50 para a cerveja Pielsen Extra: http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/jingles-inesqueciveis/2006/04/17/PAULO-TAPAJOS-FAZ-JINGLES-NA-DECADA-DE-50-PARA-A-CERVEJA-PILSEN-EXTRA.htm
#e este, para o Detefon:
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/jingles-inesqueciveis/2006/05/22/PAULO-TAPAJOS-DA-RADIO-NACIONAL-FEZ-O-JINGLE-DE-DETEFON-PARA-GANHAR-UM-EXTRA.htm

* Os Mutantes, que estão lançando disco novo, agora em 2009, lançaram este jingle para a Shell há exatamente 40 anos atrás. O sucesso foi tanto, que acabou entrando em disco de carreira da banda no mesmo ano:
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/jingles-inesqueciveis/2006/06/15/SHELL-NA-VOZ-DOS-MUTANTES.htm

Fecho com o mineiro Tavito, autor de Rua Ramalhete (c/ Ney Azambuja), Casa no Campo (com Zé Rodrix) e outros sucessos, amigo de tantos músicos e cheio de histórias para contar sobre a atividade jinglística. Além dos “causos”, confiram também vários jingles feitos e produzidos pelo músico ( pela lista inicial dele, dá pra se ter uma idéia de quantos compositores conhecidos já experimentaram desta). Tavito compôs o clássico Cremogema (1983), Frangos Sadia (1974), entre outros.
# http://www.tavito.com.br/menu.html

3 de setembro de 2009

O céu e o inferno dos Rolling Stones

Finalmente destaco os Stones nesse blog! quem me conhece sabe da minha predileção ad perpetum pela banda mais velha do rock, e não é de hoje. Na verdade, pra não ficar caindo em lugar-comum, estava esperando a oportunidade e a pauta certa, e eis, que nesse final de agosto meteorologicamente instável, dois assuntos referentes à saga stoneana vieram à tona quase simultaneamente na minha cabeça, ambos ambientados no confuso e fértil período 1971/1972. Primeiro veio à lembrança o livro lançado em 2008 no Brasil sobre as conturbadas gravações do estupendo “Exile on Main Street. Só a sua resenha já daria uma boa postagem, mas então surgiu a notícia do vazamento na internet do documentário maldito “Cocksucker Blues” e voilá! Abriu-se à minha frente uma bela fresta, que se não escancara de todo, traz pistas contundentes sobre esse período-chave.
O livro, Uma temporada no inferno com os Rolling Stones, escrito pelo jornalista Robert Greenfield da revista Rolling Stone, traz os bastidores da gravação de Exile On Main Street, considerado o melhor e mais denso disco na carreira dos ingleses. Pela sucessão de problemas que vinha grudando no grupo desde o início da década, já foi miraculoso o disco ter saído; o que dizer então de um dos melhores discos de rock de todos os tempos? Pois sim: dos estercos mais fétidos brotam flores exuberantes.
A banda resolveu se empirulitar ainda em 1971 para a Riviera Francesa, fugindo dos altos impostos e do encalço da polícia. O refúgio escolhido foi uma velha mansão em Villa Nellcote, que diziam as más línguas, fora ocupada pela Gestapo durante a 2ª Guerra.Um paraíso no Sul da França, que logo “ardeu” na presença dos Stones . O autor capturou só duas semanas das gravações que se arrastaram por meses, e a sua visão de tantos desvarios e excentricidades fez com que o texto pendesse para momentos pitorescos e não-musicais,deixando um ar de decepção para os que procuram aspectos técnicos da gravação e pistas da afinidade musical do grupo. Mas que outro livro descreveria uma rotina popstar tão nua e crua, sem um pingo de glamour e infestada de humanidade e defeitos latentes? Keith Richards, recém-saído de desintoxicação em uma clínica, chafurdando em drogas again, atrasando as gravações e se trancando por horas no WC (detalhe: com guitarra, papel e caneta); John Lennon vomitando na escadaria após provar algumas guloseimas suspeitas; um calor insuportável no estúdio montado no porão , que fez com alguns músicos tocassem completamente nus; viciados, groupies, traficantes e desocupados desfilando pela mansão, dividindo espaço com crianças pequenas, rebentos dos integrantes da banda , além da gravidez da fresca e sofisticada modelo Bianca, recém-senhora Jagger, que não agüentou a podreira reinante e se mandou dali. Com tudo isso às vistas, o autor, que tinha só 21 anos na época, e estava ali para entrevistar o “maestro” daquela balbúrdia, Keith, não conseguiu evitar as extrapolações extra-musicais. Depois de meses neste caos reinante, a banda mixou o disco nos EUA e lançou-se numa lucrativa turnê (também coberta por Greenfield em livro inédito no Brasil). O disco, com suas nuances, climas e instrumentos no ponto certo, suscita paixão imediata e até estranhamento, mas nunca indiferença. Quem gosta de prima, tende a gostar mais com o passar dos anos; quem estranhou à primeira ouvida, descobre texturas posteriores que surpreendem. Uma obra instigante, atemporal. Também um dos melhores momentos do rock gravado no vinil.
A turnê americana de 1972, segundo tempo da alucinada peleja de Nellcote, também deu o que falar. Posteriormente ficou conhecida como a excursão que guindou as turnês roqueiras a um outro plano, tanto em planejamento como financeiramente. Mas as loucuras estavam só começando. O diretor Robert Frank ( autor da capa de Exile) conseguiu passe livre da banda para gravar os bastidores e montar um documentário oficial, mas acabou se empolgando com o excesso de liberdade e distribuiu câmeras para os integrantes da tour, que filmaram o que bem entenderam. Resumo da ópera: sexo e drogas como trilha para o rock and roll, como se isso fosse provável. A banda vetou a exibição e o filme ficou no limbo por mais de três décadas, até a semana passada, quando surgiu em um site francês e logo se espalhou pela web mundial. O documentário, conhecido como Cocksucker Blues, polêmico desde sempre, continua sua saga maldita. E os Rolling Stones, 37 anos depois, muitos deles parecidíssimos com 1971 e 1972, prosseguem na ativa, velhos como nunca, vivos e safos como sempre.

* Mick à respeito do abortado Cocksucker Blues: “ O filme é bom pra caralho, mas se ele for lançado nunca mais deixarão a gente voltar aos Estados Unidos”.

*O livro está á venda aqui:
http://livraria.folha.com.br/catalogo/1012295

*trechos do documentário ainda pipocam aqui e ali na net, mas não ficam muito tempo ativos.

Em tempo I: segundo acordo incomum entre a banda e o diretor em 1972, algumas poucas cenas foram liberadas, mas só podem ser exibidas publicamente uma vez por ano, na presença de Robert Frank, sempre com um prévio letreiro avisando que a obra é de ficção!

Em tempo II: Cocksucker Blues inicialmente, era o nome de um blues composto por Jagger-Richards, obrigados a entregar por cláusula contratual, uma última música para o selo Decca e seus empresários, com quem a banda rompera relações. Bem de acordo, pra sacanear mesmo, a música é vulgar, obscena, lasciva, arrastada, e pouca gente ouviu.

1 de setembro de 2009

Disney/Marvel

Surpreendentemente e para espanto de muitos, a Disney comprou a Marvel! agora sim, poderemos ver nas telas e nos quadrinhos, alguns encontros até então inimagináveis, como estes:
* Namor e Nemo
* Vovó Donalda e Tia May
* Mancha Negra e Venom
* Abutre e Professor Gavião
* Participações especiais de Maga Patalógica e Madame Mim em Nárnia 3
* Super Escola de Heróis versus X-Men
* Gepeto e Professor Pardal
* Tony Stark (Homem-de-Ferro) e Tio Patinhas
* Pato Donald e Howard the Duck
* Os Incríveis e o Quarteto Fantástico
* Stan Lee e suas habituais aparições-relâmpagos em : High School Musical/ A Lenda do Tesouro Perdido e Piratas do Caribe.

Brincadeiras à parte, esta é uma das maiores negociações do mundo do entretenimento e certamente mexerá com a indústria cinematográfica e o mercado de animação - mercado que aliás, vem salvando o cinema ( vide o recorde recente de Era do Gelo 3).
Para saberem mais sobre a gigantesca transação, aqui: