31 de outubro de 2012

Alguns grandes momentos do finado JT

Selecionei algumas primeiras páginas antológicas, geniais soluções gráficas e casamentos perfeitos entre imagem/assunto. Todas do (a partir de hoje) finado Jornal da Tarde. Convivi muito com essas imagens, pois durante um bom tempo, meu pai comprou o JT em banca - a página de esporte nos anos 70 e 80 era um estrondo. Alguma coisa desandou na virada do século - meu pai e tantos outros trocaram o JT pelos concorrentes mais baratos, mais apelativos, mais rasteiros e mais cheio de "brindes". Até os anos 90 ele era o mais vendido em bancas na Grande São Paulo mas por vários motivos, acabou ficando pra trás nos anos 2000. Incontestavelmente, deixou pra trás uma riquíssima história. Seguem algumas imagens:

Adeus, JT

A última edição, capa acima, saiu hoje
Em 1966, ele revolucionou o jornalismo diário, ao privilegiar o texto enxuto e colocar a fotografia em destaque. Fotos que pegavam a primeira página inteira, ângulos e layouts inusitados, títulos e fotos que extrapolavam a diagramação, invadindo rodapés e parágrafos. O JT antigo dava gosto de ver e sua equipe tinha os mais destemidos repórteres e fotógrafos da imprensa - incluindo pessoas que já tinham revolucionado outras redações como Senhor, Realidade e Última Hora. Nos últimos tempos o JT deixou de inovar e surpreender e sobrevivia burocraticamente em bancas, com lampejos raros de criatividade e ancorado totalmente no sucesso do seu Jornal do Carro. Hoje, depois de uns bons dois anos de adiamento, o simpático jornal vespertino do Grupo Estado encerrou sua história. Hoje, 31/10/2012, o honorável Jornal da Tarde, de tantas reportagens antológicas e jornalistas premiados, apareceu pela última vez nas bancas. A direção já adiantou-se e prometeu que manterá a equipe (de 44 funcionários) até que todo o seu remanejamento se complete dentro do próprio grupo. O xodó Jornal do Carro começa a sair imediatamente como caderno do Estadão. Mas por mais que se tente arrumar, remanejar, encaixar... fica um baita vazio no ar, como se tivéssemos perdido um grande companheiro de jornada. E também nos faz pensar se não tinha outro jeito mesmo. Fica sua história gloriosa e um último manifesto genuíno: os cinco minutos de aplausos da sua redação em luto.

Um poema para Drummond

Há dez anos atrás, depois de ler matéria da Folha sobre a triste situação da estátua do mestre Drummond, estragada por vândalos na orla de Copacabana, fiz de prima uma poesia sobre o fato. Agora em 2012, fico sabendo que só os óculos já foram avariados nove vezes desde então. Muito deprimente isso. Aproveito esta data em que se comemora os 110 anos do poeta maior do Brasil, para relembrar o ocorrido e a subsequente poesia.


Velho poeta


Vândalos voltam a atacar estátua de Drummond no Rio

          Folha Online 24/11/2002

A estátua em homenagem a Carlos Drummond de Andrade, localizada em Copacabana, Rio, voltou a ser alvo da ação de vândalos. Uma haste do óculos do poeta foi quebrada.
Inaugurada em 30 de outubro para marcar os 100 anos do poeta, a estátua foi pichada dois dias depois. Garis foram acionados para a limpeza.
A estátua, em tamanho natural, foi colocada em um banco da praia, onde Drummond costumava passear.”



Drummond, velho poeta
que tanto caminhava na orla
com a brisa matutina predileta
e o calçadão de Copa em sua sola

Drummond, velho poeta
erigiram uma estátua sua bem quieta
sentada de bengala com sua cara reta
a observar os banhistas e as bicicletas

Drummond, velho poeta
Já no segundo dia picharam seu traje
e quebraram seus óculos com uma semana completa
Assim que acabar o mês o que virá de ultraje?

Drummond, velho poeta
sei que havia uma pedra no caminho
e nada mais agora te afeta
pois é ‘gauche’ acabado, com asas e espinho

Ignorou com elegância o ocorrido
estático no bronze que o completa
continua vivo mesmo que tenha morrido
dizem que agora sorri, Drummond, o velho poeta

30 de outubro de 2012

Zé Carioca 70 anos

Sensacional esta edição comemorativa de 70 anos do Zé Carioca. Além da capa deslumbrante  - verde espelhado e auto relevo ( desenho de Luiz Podavin e cores de Noriatsu Yoshikawa) - a equipe responsável conseguiu reunir todas as tiras dominicais do papagaio malandro publicadas entre 1942 e 1944 nos EUA ( finalmente com as cores originais) e histórias raras das décadas de 50 e 60. De quebra, textos muito esclarecedores e bem conduzidos por Marcelo Alencar, Celbi Vagner Pegoraro e Fernando Ventura (colecionador responsável pela garimpagem completa aos originais dos jornais). O último, junto ao sempre presente Paulo Maffia, também pesquisou e selecionou as histórias presentes na edição. Um volume para se destacar na estante. E no final de novembro, vem o volume 2, com mais raridades. Homenagem à altura.

28 de outubro de 2012

Zé Ramalho, o trovador trovoador em show extravasante

Fotos: Cristina Massolini
Zé Ramalho já chegou aos 63 anos, mas o trovão da sua garganta continua intacto, retumbante, inigualável. E não só pela idade, mas pelo compositor já ter passado por perrengues brabos - chegou a passar dificuldades na cidade maravilhosa nos anos 70 e entrou numa trip pesada com drogas nos anos 80 - a constatação deste vigor no palco é digno de comemoração. E ontem, no Credicard Hall, eu e minha mulher comemoramos muito. Não foi pra menos. O compositor paraibano simplesmente tocou clássicos e mais clássicos por duas horas ininterruptas, sem esquecer uma palavra ( e como as suas músicas tem palavras!), e sem parar um instante de tocar sua guitarra. Das essenciais Avohai, Vila do Sossego e Beira Mar aos sucessos Chão de Giz, Mistérios da Meia Noite e Entre a Serpente e a Estrela. Das clássicas A Terceira Lâmina e Eternas Ondas ( que estourou com Fagner) a hits de Raul Seixas ( Medo da Chuva e Trem das Sete) e Gilberto Gil ( Lamento Sertanejo). E pra levantar a platéia, Frevo Mulher, a música que segundo Caetano Veloso, mudou o rumo do carnaval baiano após o seu sucesso. Um showzaço que o grande Zé Ramalho levou com a tranquilidade e a serenidade que lhe cabe após 40 anos de carreira ( contando seus tempos de instrumentista no rock e na banda de Alceu Valença). E por falar em grande, uma das impressões minhas que caiu por terra foi a de que o compositor era grande fisicamente - talvez por causa de seu vozeirão. Zé Ramalho é pequeno, miúdo de corpo. Mas assim que adentra o palco e começa a tocar e cantar, ele se agiganta. Zé Ramalho é um dos maiores artistas da nossa terra. E isso só se confirmou ontem em São Paulo.

27 de outubro de 2012

Bondinho centenário vira Doodle

O bondinho do Pão de Açúcar, cartão-postal do Rio de Janeiro , completa seu centenário neste sábado e vira Doodle. Com movimento e tudo. Confiram acima e no link abaixo.
http://www.youtube.com/watch?v=nA86UlRPkuE

24 de outubro de 2012

Ziraldo 80

O grande Ziraldo, um dos mais completos artistas brasileiros - e também um baita escritor infantil - faz níver hoje. 80 anos não é pra qualquer um, ainda mais quando esse um continua em plena atividade e cheio de planos e projetos. Ziraldo é e sempre foi assim - workaholic em tudo que se meteu a fazer - quando se enveredou em pintura, em pôsters, em HQs, em livros, em charge, em edição, etc etc. Em sua homenagem posto uma das suas primeiras aventuras nos quadrinhos, publicada na revista infantil mineira Era Uma Vez. A edição em destaque é a nº 186 de setembro de 1952 e essa primeira página pertence à segunda parte da história seriada "A Grande Aventura". Esse veículo infantil, que tinha a mesma pegada do Tico-Tico ( embora fosse em formatinho), foi uma das primeiras revistas à publicar um trabalho de Ziraldo, na época com seus 19 anos, quase 20. Há 60 anos atrás, mestre Ziraldo já estava nas paradas.

23 de outubro de 2012

A coluna Memória de Ademir Médici abre espaço para os quadrinhos


Depois da satisfação de ver meu pai, Seu João Massolini, estampando as páginas da coluna Memória do Diário do Grande ABC com suas relíquias guardadas por anos (como visto aqui no blog), eu não imaginava que um mês e pouco depois estaria também colaborando com um espaço tão importante na imprensa do ABC. O jornalista e pesquisador Ademir Médici, autor de dezenas de livros sobre a História do ABC e um dos mais conceituados profissionais de imprensa da região,além de gentleman e de uma generosidade genuína, também é um apaixonado pelo que faz, e não só abraçou com muita disposição e entusiasmo os documentos e impressos do meu pai ( que ainda dará muito material para a coluna) como mostrou grande interesse quando lhe comentei sobre minha considerável coleção de revistas em quadrinhos. No ato, lhe veio a idéia de publicar algumas capas significativas para a semana da criança, com um pequeno comentário meu sobre os exemplares selecionados. Claro que topei na hora. E ele não só deu espaço para os gibis na semana da criança como acabou estendendo para a outra semana e alguns dias, ao se deparar com 17 capas escaneadas que eu mandei. Me encantei com a experiência. Primeiro porque ficou bem interessante o colorido das capinhas em contraste com as fotos e documentos tradicionais da página ( principalmente quando o layout propiciou um tamanho maior); segundo, porque é muito gratificante quando os quadrinhos são levados à sério desta forma e conseguem ocupar o mesmo espaço e importância de um documento ou registro histórico - poucos são os historiadores que percebem esse papel da HQ na epopéia gráfica/editorial brasileira ( a Revista de História da Biblioteca Nacional e o Jornal da ABI são exceções). Claro que quando falo em historiadores, eu não estou me referindo aos grandes pesquisadores especializados em HQ, como Gonçalo Júnior ( que sempre abre um leque surpreendente em seus livros), Professor Waldomiro Vergueiro, Roberto Elíseo, Marcelo Alencar, Paulo Ramos, Alvaro de Moya, etc. Essa parceria com Ademir Médici portanto, jogou luz no tema e com certeza chamou a atenção do leitor habitual que desconhece o assunto. Meu critério para as capas priorizou a importância histórica das revistas ou dos personagens. E deixei propositalmente de fora capas mais fortes como as do gênero policial/detetivesco ou terror - nada contra, mas foquei em revistas mais universais e mais a ver com "semana da criança". Seguem abaixo todas as 17 capas publicadas e seus respectivos textos. Lá em cima, outro orgulho: minha filha Letícia posando comigo e o armário abarrotado de HQs. Meu filho mais velho, Gabriel, adora HQs/ mangás, mas nesse dia, foi jogar ping-pong e perdeu o click. Fica pra próxima.












22 de outubro de 2012

Vinícius "quase 100" e as duas edições da revista Filme

Alex Vianny, Orson Welles e Vinicius de Moraes
Na Folha Online saiu hoje um interessante artigo-homenagem do sempre preciso Ruy Castro. Além de discorrer sobre o início das homenagens e lançamentos nos 100 anos do poeta ( que na verdade acabou de completar 99 anos) e lembrar do hábito do poetinha de marcar entrevistas no banheiro, Castro cita as raríssimas duas edições da revista Filme do final dos anos 40, editada e produzida pelo cineasta e crítico Alex Viany e o próprio Vinicius, um homem realmente multicultural até a raiz. Leiam a coluna abaixo. Procurei capas destas edições na internet mas não tive sucesso. Mas vou atrás de outro jeito. Aguardem.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/1172897-um-sonho-de-vinicius.shtml

15 de outubro de 2012

Um dos melhores quadrinhos de todos os tempos vira Doodle

O genial Winsor McCay (1869-1934) recebe hoje uma homenagem à altura pelos 107 anos de seu "Little Nemo in Slumberland", uma obra que ainda surpreende mais de cem anos depois de sua criação. As tiras semanais de Little Nemo lidavam com o mundo dos sonhos do protagonista, mote para a imaginação ilimitada do autor. No final de cada prancha, o personagem, depois de passar por situações surreais e contracenar com objetos, paisagens e seres fantásticos em uma explosão de cores, acabava caindo da cama, sempre com algum comentário rápido sobre a experiência onírica que acabara de presenciar. O Doodle especial, um dos mais bem detalhados até hoje também surpreende: no final de cada sequência, um clique em uma espécie de puxador ou filipeta na parte inferior possibilita a continuação animada da narrativa visual logo abaixo. Bela apresentação de um clássico muito a frente do seu tempo.
Aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Vf54gA5zgjQ

11 de outubro de 2012

Novo single dos Rolling Stones


Hoje, surge na BBC Rádio 2  e no Youtube, o novo single dos inacreditáveis Rolling Stones. A música Doom and Gloom,  marca a volta de Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood aos estúdios depois de sete anos. Em novembro sai "Grrr!" (foto), disco comemorativo do cinquentenário da banda com cinquenta músicas, entre clássicos e duas inéditas: o single de hoje e One More Shot, mais uma da dupla Jagger/Richards. O ano ainda contará, segundo Keith, com quatro shows ao vivo também em novembro. é o pontapé inicial da turnê de 2013 já soprada pelos integrantes da mais antiga banda de rock do mundo.
O single aqui: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=rPFGWVKXxm0

4 de outubro de 2012

Capa do mês: Agente Secreto (Editora Abril)


Além do papel especial e do cinza "brilhante", esta capa merece destaque pela alusão ao agente dos agentes, James Bond, o Agente 007. Quem não reconhece essa espiral que sempre envolve o personagem de Ian Fleming nas aberturas de suas superproduções no cinema? Ótima sacada.