31 de dezembro de 2023

Um ótimo 2024! (com os votos criativos do Toni Rodrigues)


O caríssimo Toni Rodrigues, publicitário, artista gráfico, roteirista e criador da imprescindível revista de memória gráfica MeMo, anda causando ótimas impressões com sua série "Memória em Quadrinhos", compartilhada na rede social. Nesta última do ano - a que ilustra o post - Toni se superou. Tanto, que nesse dia 31/12, grupos de quadrinhos do Facebook, do Whatsapp e outras redes compartilharam como uma enxurrada essa criativa mensagem de Ano Novo com personagens icônicos das HQs. Merecidamente! Mas que em cada dessas compartilhadas o Toni Rodrigues seja citado com louvor como autor, para que essa peça tão inspirada não caia na vala comum dos memes. Viva 2024!

25 de dezembro de 2023

HQ promocional de Vilmar Rodrigues para a Poupança Delfin (1973)

 Essa bela página com uma HQ promocional da Caderneta de Poupança Delfin (muita gente lembra do jingle, "É o Cofrinho da Delfin") saiu na revista Mônica nº43 de novembro de 1973, com desenhos de Vilmar (tá assinado no último quadrinho). Vilmar Rodrigues (1931-1997), nascido em Bagé-RS, trabalhou na imprensa como cartunista e chargista (Última Hora, Pif-Paf, Pasquim), mas ficou conhecido por fazer uma dupla bem dinâmica com o escritor Carlos Eduardo Novaes em diversos livros e pela sua participação efusiva na revista Mad, da Editora Vecchi. Seu talento e versatilidade não passaram batidos ao editor Ota na época, que o colocou também para fazer algumas histórias de terror.



20 de novembro de 2023

Joselito na Folha de S.Paulo

  Só não foi a uma surpresa-susto porque o Ruy Castro avisou por email que a coluna ia sair hoje. Ruy Castro, que eu considero um baita escritor e jornalista, além de ser, na minha opinião, o maior biógrafo brasileiro em atividade, foi leitor voraz de Vida Infantil na infância - a revista em que Joselito imperava com suas criações: Lourolino (um papagaio), Remendado (um cágado) e principalmente o macaco Pituca, que na linha dos grandes "atazanadores" dos quadrinhos (Sobrinhos do Capitão; Juca e Chico; Amigo da Onça; Escrotinhos, Nico Demo), botava terror nas páginas desse gibi. E como leitor recorrente, o jovem Ruy, lá nos anos 50, viu Joselito Mattos usar e abusar da metalinguagem nas histórias do Pituca, assunto que ele foca com inteligência em sua coluna de hoje (20/11), na Folha de S.Paulo e aproveita para avisar sobre meu livro, "Joselito Solta Seus Bichos" (que continua à venda na loja da editora Noir, no Amazon, e algumas livrarias como a Travessa, a Da Vila e a Casinha das Letras, em São Caetano). Grato, Ruy!

Segue o texto na íntegra:


23 de outubro de 2023

Biografia de Getulio Delphim para o selo Grrr! da Editora Criativo

Este ano de 2023 está bem intenso e depois do glorioso livro do Joselito, eis que vem à luz mais uma biografia de minha autoria, desta vez para o selo Grrr! do Marcio Baraldi, publicado pela Editora Criativo. O livro, da série "Libro Vitae -Biografia Ilustrada", "Getulio Delphim, o Ourives do Traço",  traz toda a trajetória do grande artista gráfico Getulio Delphim, ativo desde 1953 (hoje está com 85 anos), um verdadeiro "midas", um ourives que transformou tudo o que desenhou em "ouro". Da Rio Gráfica, onde iniciou como aprendiz de desenho, passando pela Garimar (Falcão Negro; Capitão Atlas; Histórias da FEB), Outubro (Capitão 7; Jet Jackson) , Cruzeiro (Charlie Chan; O Amigo da Onça), CETPA (Os Abas Largas), Última Hora (as tiras "Miguel Rei"; "Ficção"), Editora Abril (Zorro), Editora Ática (e outras editoras de livros didáticos e ficção), além da prestigiada carreira na publicidade que o fez trabalhar nas maiores agências brasileiras e o levou à Europa, Getulio conquistou espaço destacado nas artes gráficas e mesmo autodidata, foi chamado para ser cofundador e professor da Escola Panamericana de Artes no início dos anos 1960. Foi um prazer e uma honra imensa receber esse convite do editor Marcio Baraldi (selo Grrr!) para fazer a biografia de tão conceituado mestre das artes gráficas, reverenciado pelos seus pares e - que bom - homenageado ainda em vida com prêmios e lançamentos recentes como essa biografia e a reedição das três histórias icônicas dos Abas Largas (CETPA) em um único álbum (também lançado pela Grrr!/Criativo). Merecido!

Para quem se interessar, o livro está sendo vendido na loja online da Criativo ( https://www.criativostore.com.br/biografia/c )  e na Comix (https://www.comix.com.br/graphic-book-getulio-delphim.html. Mas corram, porque a tiragem é limitada!

Ah, no dia 12/11 também haverá um grande evento da Criativo, com vários lançamentos simultâneos - incluindo a biografia do Getulio Delphim. Será na Vila Mariana em São Paulo. Trarei o anúncio oficial aqui em breve, com todas as coordenadas.

18 de outubro de 2023

Impressos Aleatórios: folheto-convite da hamburgueria Old Man

Começo mais uma série aqui no blog (quem me conhece sabe que adoro "seriar" tudo". Coisas de virgiano). E o título da série, "Impressos Aleatórios" é uma homenagem ao meu amigo João Antonio Buhrer que no seu antigo e saudoso blog, Grafolalia, tinha a incrível série "Impressos Êfemeros", que eu adorava. Na sua série entrava de tudo um pouco, bastando ser algo impresso: embalagem de bala, santinhos, folhetos, mini-impressos largados na calçada, receitas, bilhetinhos, desenhos ou recortes encontrados no meio de livros. Como grande fã do JAB e de seus "Arquivos Incríveis" ( que ele mantém a toda ainda hoje, no Facebook - incluindo de vez em quando um "impresso efêmero", pra não perder o costume) vou seguir com esse Impressos Aleatórios a partir de hoje. E inauguro a série com esse folheto atual de uma hamburgueria aqui perto de casa. Adorei o desenho e a mensagem - com um típico DNA underground. Inclusive vou perguntar lá, quando tiver oportunidade - se essa imagem já existia ou foi feita para a ocasião. Se souber, atualizo aqui.




14 de outubro de 2023

Como seriam os desenhos animados de Hanna Barbera com bandas reais (ideia e criação de Mark Reynolds)

 Recebi esses dias um post incrível do tipo "Imagine se". No caso, o autor britânico Mark Reynolds usou a criatividade artística e imaginou desenhos animados de Hanna Barbera com bandas do pop/rock reais. Entradas hilárias de bandas como Kinks, Beatles, Velvet Underground, Roxy Music e outras.

Vale muito a pena passear no site de Mark Reynolds, o "Stuff by Mark (stuffbymark.co.uk ). Na página, além de vários projetos do artista, tem também uma lojinha bem supimpa com produtos e artes. Entre as "seções", a série "Vintage Comics", com artistas do pop rock protagonizando revistas em quadrinhos da época de ouro, é impagável.

A seguir, os desenhos animados imaginados por Mark (da série: "Saturday Morning Kids Cartoons):






















12 de outubro de 2023

Um Dia Múltiplo. E também o Dia do Fanzine!

Hoje, 12/10, é Dia da Criança, Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil e Dia Nacional da Leitura. Viva portanto, as peraltices e delícias da infância; a fé inabalável do povo brasileiro e os livros, gibis, cartilhas, revistas, e-books, saraus, oficinas literárias e rodas de leituras! E além de tudo isso, dia 12/10 é também o Dia do Fanzine, esse veículo imprescindível para a cultura popular, para a cultura underground e a contracultura e que continua firme e forte, principalmente nas periferias, se reciclando e se adaptando às novas tecnologias. Para homenagear esse Dia Múltiplo e os fanzines, saúdo o meu amigo José Zinnerman Nogueira, que há 40 anos segue na batalha incansável para proteger e propagar essa mídia marginal e  tão importante! Seguem suas homenagens ( e se liguem na caixa postal dele! Quem tiver fanzines para doação, gravações ou fotos sobre a história do fanzine ou quem estiver longe dos centros e quiser divulgar seu zine, escreva para ele!)








11 de outubro de 2023

Doodle brasileiríssimo: 115 anos do nascimento de Cartola

 


O Google vira e mexe produz doodles animados com temas brasileiros. E este de hoje (11/10/2023), em comemoração aos 115 anos de nascimento do genial Cartola, talvez seja o mais inspirado e o mais bonito entre todos. Ao som de "Preciso me Encontrar", clássico do compositor mangueirense, a animação se divide em cinco cenas onde Cartola toca, pula, mergulha, nada...sensacional! Para iniciar é só dar o play e para mudar as cenas tem uma setinha numerada na parte inferior direita. Curtam no link abaixo:

https://g.co/doodle/2pe2vsb

28 de setembro de 2023

"Sweet Sounds of Heaven", mais um petardo dos Rolling Stones para 'Hackney Diamonds"

 Hoje, 28/09, mais um single do novo álbum dos Rolling Stones, 'Hackney Diamonds", foi disponibilizado na íntegra. Depois da  calorosa "Angry", dessa vez a banda vem com um petardo "gospel" intitulado "Sweet Sounds of Heaven" (em versões de 5 e 7 minutos), com participações de Lady Gaga e Stevie Wonder. Ouvi agora pouco e "emocionante" foi a primeira palavra que me ocorreu. A música, de Jagger/Richards, tem eflúvios de clássicos stoneanos como "Shine a Light" e "I Can't Always Get What You Want" e traz a intensa participação de Lady Gaga, que começa discreta e já no meio da música leva seu vocal pungente para um outro patamar, talvez inspirada na incrível Merry Clayton, a vocalista que deixou para a História sua participação arrebatadora como backing em "Gimmie Shelter" (1969) - Merry estava no último mês de gravidez quando gravou sua participação gutural e em seguida sofreu um aborto espontâneo. Não é coincidência que Lady Gaga tenha subido ao palco uma vez com os Stones, em 2012, e tenha cantado justamente "Gimmie Shelter". A participação de Stevie Wonder se limita aos teclados - não há um suspiro vocal sequer do mestre na música - mas tanto no piano como nos teclados Moog e Fender Rhodes, ele domina com muita intensidade todos os espaços de "Sweet Sounds of Heaven". Mais uma música surpreendente destes "jovens" rapazes dos Rolling Stones. E até o dia do lançamento de "Hackney Diamonds" (previsto para 20 de outubro) muitas pedras rolarão nos corações e ouvidos espalhados pelo globo. Ao que tudo indica, pedras preciosas.

"Sweet Sounds of Heaven, aqui:





17 de setembro de 2023

Os três Pablos (extrato de Vinicius de Moares) - 1973

2023 é o ano dos 50 anos da morte de três importantes criadores intelectuais que lutaram contra as injustiças sociais e contra o cerceamento da liberdade criativa e artística. Este trecho abaixo é um extrato da "História Natural de Pablo Neruda (A elegia que vem de longe)", obra que Vinicius de Moraes compôs na Bahia em 1973, sob o impacto da notícia da morte do poeta chileno, seu grande e velho amigo (esse mesmo extrato, encontrei no volume "Livro de Cabeceira da Mulher" nº2, publicação bimestral da Civilização Brasileira, do ano de 1975 - capa  lá embaixo)

Que ano mais sem critério

Esse de setenta e três...

Levou para o cemitério

Três Pablos de uma só vez.

Três Pablões, não três Pablinhos

No tempo como no espaço

Pablos de muitos caminhos:

Neruda, Casals, Picasso.


Três Pablos que se empenharam

Contra o fascismo espanhol

Três Pablos que muito amaram

Três Pablos cheios de Sol.

Um trio de imensos Pablos

Em gênio e demonstração

Feito de engenho, trabalho

Pincel, arco, escrita à mão


Três publicíssimos Pablos

Casals, Picasso, Neruda

Três Pablos de muita agenda

Três Pablos de mjuita ajuda.

Três líderes cuja morte

O mundo inteiro sentiu...

Ô ano triste e sem sorte:

VÁ PRA PUTA QUE O PARIU!

(Vinicius de Moraes)



13 de setembro de 2023

Fabian Chacur (1961-2023)

Ontem à tarde, 12/09, soube da morte do querido Fabian Chacur, jornalista que mantinha na rede há mais de 17 anos o excelente blog musical Mondo Pop. O baque não foi só porque seu falecimento foi abrupto - um infarto, algumas horas depois do seu último texto no blog - mas porque além de sua verve para escrever textos concisos e ao mesmo tempo apaixonantes sobre música, havia também o seu modo operandi de tratar os colegas e amigos com ternura e gentileza, fosse o assunto que fosse, o que hoje em dia, são dádivas preservadas por poucos. Vez em quando, quando a correria permitia, eu mantinha um papo descontraído com ele no messenger e suas mensagens vibrantes e acalentadoras sempre faziam o dia ficar são e salvo. O seu nome assinado em revistas eu já conhecia desde a segunda metade dos anos 1980, em resenhas e matérias da Som Três e da Bizz. Depois de passar pela redação do já extinto Diário Popular e fazer cobertura musical para o R7 e editoras diversas, resolveu pousar todo o seu conhecimento musical acumulado em um site próprio e desde então, o Mondo Pop reina na rede como um dos mais completos e instigantes blogs especializados sobre o imenso e eclético universo pop mundial. Entre um post e outro que nos nutria semanalmente, sem falhar, conseguiu escrever um livro, "Os Ídolos do Pop Rock" (Editora Imago - 2001), com mais de 300 páginas e 300 nomes que fizeram a história da música, incluindo biografia e discografia de cada um. Em minhas pesquisas e textos, eu sempre "fuço" as páginas desse livrão, uma grande referência para quem trabalha ou gosta de música. Outra paixão sua era o Palmeiras e para seu time de coração chegou a criar em 2006, junto com seus amigos alviverdes Flavio Canuto e Raul Bianchi o blog Mondo Verde. Na música, também foi nas horas vagas, compositor e guitarrista. Com outro amigo, Ayrton Mugnaini Jr. - dos tempos de jornalismo na Cásper Líbero - participou de gravações musicais e integrou uma mesma banda, a Reflexo, que durou alguns anos na década de 1980. No Mondo Pop, uma das características mais marcantes em suas resenhas, entrevistas e ensaios era a abolição de críticas maldosas, ferinas, aquelas que tanto vemos por aí e que ao invés de construir algo, só serve para denegrir os artistas ou chocar os incautos. Essa preocupação de Chacur em informar sem deformar e passar a sua análise com sensibilidade e respeito, longe de qualquer jabá, sempre foi uma bússola em sua carreira. Outra das suas era trazer à luz artistas de qualidade, que por um motivo ou outro (preconceito é um deles), se encontravam em "animação suspensa" ou completamente esquecidos pela mídia. No ano passado participou do livro "1979 - O Ano que Ressignificou a MPB" (Garota FM Books, organizado por Célio Albuquerque) e o disco do seu capítulo foi "Por Quem os Sinos Dobram", de Raul Seixas. A consternação generalizada pelo seu passamento, entre pessoas de todas as tribos e os grupos musicais mais díspares na rede comprovam que Fabian Chacur era acima de tudo, um lorde, um gentleman, que transpirava generosidade por onde passava. Um cara com essa estatura e dignidade merece estar em paz agora, onde estiver.

( pra reverenciar o legado de Fabian Chacur, curtam, pesquisem e compartilhem suas matérias que estão por aí, nas redes, em livros e principalmente, no blog Mondo Pop: 

https://www.mondopop.net/

10 de setembro de 2023

O chaveirinho fonográfico do Valmis


Meu amigo de longa data Valmir Casela veio me visitar há algumas semanas e trouxe esse lindo chaveiro com um reluzente LP "clássico" de Michael Jackson ("Off the Wall), selo Epic. Valmis, como o chamo às vezes, sabe que o disco de vinil é um objeto que sempre estará em destaque no meu cotidiano e sabe também que os LPs fazem parte da nossa história. Lá nos idos da primeira metade dos anos 1980, a casa do Valmir na Rua Joana Angélica era um dos QGs para longas audições nas pickups e emissoras de rádio (além das casas do Égon, do Rogério e também a minha). Adolescentes, estávamos buscando os surpreendentes caminhos do infinito universo musical e isso pra nós era como tatear as estrelas. Jamais esquecerei aquelas tardes regadas a Stones, Queen, Pink Floyd, Michael Jackson, Earth, Wind and Fire, Kiss, entre tantos outros. Um dos LPs do Kiss, aliás, me surpreendeu sobremaneira, e era um dos discos daquela fase em que os membros da banda estavam se dispersando e logo fariam seus respectivos discos solos: "Dinasty", de 1979, que foi criticado na época, mas pra mim é um dos melhores deles. Ace Frehley estraçalha, as melodias das músicas estão tinindo (incluindo as duas composições com pitadas "Disco", "I Was Made for Lovin' You" e "Sure Know Something"), há uma excelente versão de "2000 Man", dos Stones e todos da banda tem seu momento nos vocais principais. Uma faixa em especial, "X-Ray Eyes" (Gene Simmons), densa e romântica na medida, é desde sempre uma das minhas preferidas do Kiss. Já o LP "Off the Wall", de MJ, do mesmo ano, é para mim melhor do que o platinado "Thriller", de 1982, e era um dos petardos que a gente mais "furava" nessas audições. Esse pequeno mimo do meu caríssimo amigo, em forma de chaveiro, me transportou pra tudo isso. Viva a amizade!

1 de setembro de 2023

Baú do Malu 90: cartão postal da 2ª Bienal Internacional de Quadrinhos (11/11/1993)


Esse maravilhoso cartão-postal foi uma homenagem dos Correios à crucial Bienal Internacional dos Quadrinhos, em sua segunda edição, ocorrida no dia 11/11/1993 no Rio de Janeiro.  Com direito a uma bela estampa do clássico trio de Luiz Sá - Reco-Reco, Bolão e Azeitona - e um selo original com os mesmos personagens. Fantástico!



31 de agosto de 2023

Ponta Cristal: a volta triunfal da banda, quatro décadas depois!

                                                         O Ponta Cristal em 2023

No início dos anos 1980, a região do Grande ABC em São Paulo vivia um grande turbilhão em suas garagens, estúdios caseiros e qualquer outro lugar onde coubesse uma banda recém formada, ávida por compor músicas próprias e tocar ao vivo. A virada dos anos 1970 para os anos 1980 marcou um momento de transição em que a música brasileira procurava um novo rumo, depois de passar maus bocados com a censura da ditadura militar (principalmente no Governo Garrastazu Médici e Geisel) e ver o rock arrefecer a audiência com a aparição do fenômeno "Disco" nas pistas e uma nova leva de mulheres cantoras na MPB que estouraram em vendagens de discos com muita sensualidade e personalidade ( Angela Ro-Rô, Simone, Frenéticas, Zizi Possi, Elba Ramalho, Amelinha) e fizeram com que outras mulheres com a carreira já consolidada voltassem às paradas também (Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Joyce). O mercado tentava voltar aos bons tempos dos festivais (Festival de MPB da TV Tupi 1979; MPB 80; MPB Shell 81; MPB Shell 82 - estres três na TV Globo), enquanto a música independente e "underground' movimentava os subterrâneos urbanos, ou pelos caminhos dodecafônicos e experimentais ( Arrigo Barnabé; Itamar Assumpção e Isca de Polícia, Rumo, Premê, Língua de Trapo, Banda Um) ou pelos becos e quebradas da periferia (com os punks). O ABC sempre foi uma antena parabólica para os movimentos musicais e aquela época não foi diferente. A Fundação das Artes em São Caetano, reduto de grandes músicos desde a sua fundação em 1968, fervilhava nesse começo de década e as casas noturnas e culturais no entorno espelhavam essa efervescência ( Café Casinha; Trem das Onze). Foi nessa atmosfera que cinco jovens músicos na cidade fundaram uma banda muito consistente e apaixonante chamada Ponta Cristal. Paulo Dáfilin (violão, guitarra e voz); Gerson Machado (violão e voz); Luis Alvares (contrabaixo e voz); Duda Moura ( bateria) e Amílcar Lobosco (flauta e sax), além da amizade, cultuavam mutualmente a música brasileira plantada pela geração que criou e perpetuou a revolucionária Bossa Nova, a geração transgressora do Tropicalismo e os grandes músicos formadores do genial Clube da Esquina. Com essa formação (e a participação especial do tecladista João Cristal, na época integrante do grupo Fruto da Terra), gravaram o primeiro LP, independente, que teve algumas faixas tocadas nas rádios de MPB da época. Empolgados, foram para a estrada, com a adição do tecladista Ricardo Penachi na formação, e tocaram em dezenas de locais importantes da região, como a Fundação das Artes e os teatros Paulo Machado de Carvalho, Elis Regina e Santos Dumont, com um set list recheado de composições próprias e músicas de outros compositores que faziam a cabeça dos integrantes, principalmente os mineiros (Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes). Foi um período intenso e recompensante, mas com o mercado cada vez mais voltado para o chamado BRock (o rock que voltou nas paradas após o estouro da Blitz em 1982), remar contra a maré ficou cada vez mais complicado para a banda, que resolveu interromper as atividades por tempo indeterminado. Cada integrante seguiu sua própria jornada dentro da música profissional nas décadas seguintes e a velha amizade continuou a toda prova, visto que em vários momentos se encontraram em participações especiais em projetos novos e outras bandas. 

                                                     O Ponta Cristal em 1984

Mas o mais incrível nessa trajetória ainda estava por vir: nesse ano de 2023, o Ponta Cristal resolveu oficialmente voltar à ativa e - viva! - praticamente com a mesma formação que fundou a banda (com exceção de Gerson Machado). Com toda experiência e influências adquiridas nesses 40 anos, os integrantes já gravaram o primeiro single, "Outono" (que conta mais uma vez com a participação do tecladista João Cristal), a primeira música de um projeto batizado de "Novas Memórias", que pretende lançar várias composições dessa nova fase do ponta Cristal nas redes sociais e plataformas de distribuição digital de música. A pungente "Outono" foi composta por Paulo Dáfilin e Duda Moura durante a pandemia e traz em seu bojo toda a introspecção daquele momento de dúvida e espanto, mas também a esperança no retorno da banda e a vontade de seguirem juntos para sempre, com a essência lá de trás intacta, em busca de novos caminhos artísticos. O segundo single, "Molecagem", vem aí, com previsão de lançamento para setembro de 2023. Prova de que a volta do Ponta Cristal, depois de quatro décadas, é pra valer mesmo e pelo visto, com muitas surpresas e emoções à frente! Assim seja!

Instagram: @pontacristaloficial

Clipe: https://youtube.com/watch?v=GbuVtpt0Uuo&si=0n5lvYYBfVRv1tAt  

Acesso às plataformas para ouvir as novas músicas: https://pontacristal.hearnow.com/ 

29 de agosto de 2023

Grande capa: Eurico, o Presbítero de Alexandre Herculano (Editora Ática) por Eugenio Colonnese


Mexendo nas coisas do meu pai hoje, me deparei com este livro, que eu não via desde a minha infância. Trata-se de uma edição da série "Bom Livro" da Editora Ática , que trazia uma cor diferente na lombada e na borda - azul, vermelho, preto ou verde - para diferenciar o seu preço (este no caso é azul). "Eurico, o Presbítero" saiu em 1971, ostentando essa capa magnífica do mestre Eugenio Colonnese (1929-2008). Nascido na Itália, mas estabelecido na Argentina, Colonnese fez seu nome como um dos maiores quadrinistas argentinos, antes de vir morar no Brasil na segunda metade dos anos 1960. Aqui, continuou bravamente nos quadrinhos, mas também em ilustrações brilhantes para livros, principalmente os didáticos. Esse que eu encontrei, estava no meu HD há tempos, e foi só reavê-lo para me lembrar imediatamente dele na estante do meu pai nos anos 1970. Eu adorava mexer nos livros dele na época e essa capa foi uma das que ficaram retidas na minha mente. Nada mais natural, visto que a arte é bem impactante!

24 de agosto de 2023

Baú do Seu João 39 - Livreto promocional ilustrado da Novalgina (Hoechst)


Encontrei este livreto ilustrado de 15 páginas no meio da mistura fina de papéis diversos do meu saudoso pai. O simpático livretinho vem com desenhos bacanudos (que lembram muito o Mordillo. E eu acho que é) ilustrando as dicas de prevenção odontológica, sob o patrocínio de Novalgina (do laboratório Hoechst). Não tem data nele, mas deve ser de final dos 80, começo dos 90. 


4 de agosto de 2023

Entrevista para Kendi Sakamoto no programa "Quadrinhos para Quadrados e Redondos" (20/07)

 No dia 20/07/2023 concedi entrevista para o empresário e colecionador de quadrinhos Kendi Sakamoto, em seu programa "Quadrinhos para Quadrados e Redondos" na TV Relacionamento. Além de falar um pouco sobre minha vida e carreira, o papo focou no meu último lançamento, o livro 'Joselito Mattos Solta seus Bichos" (Editora Noir) e novidades (como o anúncio do novo livro que está em produção). Segue a entrevista completa no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=o_RR_uHOzhk 

Betinho Moraes na revista Raízes

Depois que fiz, por volta de 2017, um zine sobre o inesquecível guitarrista Betinho Moraes, que passou pelas bandas Devotos e Kães Vadius, ficou burilando na minha mente, enquanto eu fazia outros projetos, como eu poderia voltar com sua história em outra oportunidade. E eis que agora em julho de 2023, essa vontade virou realidade: fiz uma grande matéria sobre o Betinho Moraes na última edição da revista Raízes. Por enquanto, fiquem com essas duas imagens (a maravilhosa capa da edição e a primeira página da matéria). Em breve, coloco aqui o texto completo. (obs: pra quem quiser uma edição da revista, que é gratuita, é possível adquirir diretamente na Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul, que fica na Avenida Dr. Augusto de Toledo, 255, São Caetano do Sul - SP)





24 de julho de 2023

6 de julho de 2023

Enfim, lançamento do livro "Joselito Solta seus Bichos"


Depois de cinco anos de pesquisas, entrevistas, mais pesquisas, edição, seleção de imagens e revisão, finalmente meu rebento "Joselito Mattos Solta seus Bichos" está prestes a sair da gráfica, prontinho!

Foi em 2018, numa conversa com o pesquisador e colecionador João Antonio Buhrer , que constatei o que já desconfiava: que Joselito Mattos era um dos artistas gráficos mais injustiçados da História. Afinal, Joselito criou personagens icônicos nos quadrinhos entre as décadas de 1940 e 1960 - Pituca, Lourolino e Remendado, Champanhota, Malaio, entre outros - foi responsável pelo design de centenas de capas de discos para gravadoras como Musidisc, Continental, Copacabana, Odeon, RCA, Tapecar e outras, foi desenhista, cenógrafo e estilista por anos no Teatro de Revista, além de ilustrar vários livros infantis, revistas e anúncios. Tudo isso com muita, muita qualidade! Quem curtiu aqueles disquinhos infantis de vinil colorido, certamente bateu o olho numa ilustração de Joselito para aquelas capas! A partir da década de 1970, por vários motivos, seu nome começou a desaparecer da mídia e esse esquecimento injusto culminou com o triste silêncio dos jornais e revistas que passaram batidos pelo seu falecimento, em 1989 e seguem nessa toada até hoje. Por essas e outras resolvi resgatar a obra e a história de Joselito e para esse projeto contei com a bagagem e a coragem de Gonçalo Junior e sua Editora Noir; os queridos Bira Dantas , Floreal Andrade , Lucas Libanio , Flavio Luiz Nogueira e Luigi Rocco, que abrilhantaram a obra com artes inéditas; a diagramação precisa de Will Sideralman ; o incrível design da capa de Andre Hernandez e a força e ajuda de vários entrevistados e amigos. Para dar sequência a essa celebração, vou lançar o livro do Joselito no dia 15/07, um sábado, das 15h às 19 horas na tradicional livraria e revistaria Casinha das Letras. O endereço é: Rua Monte Alegre, 83, Bairro Santo Antônio, São Caetano do Sul - SP. Conto com a presença de vocês!

obs: o livro conta com um baita caderno colorido de 16 páginas e - talvez seja algo inédito - abre a obra ao invés de ser incluído depois dos capítulos, como é de costume.

28 de junho de 2023

Baú do seu João 38 - Rádio-brinde dos anos 1970


Meu saudoso pai tinha um verdadeiro imã para brindes, miniaturas, catálogos e objetos inusitados nos diversos eventos que visitou ou foi convidado, seja como representante das diversas empresas que trabalhou (banco, montadoras, etc), como aluno das dezenas de cursos que se aventurou a fazer ou em viagens com amigos da Rosacruz. Estava sempre ligado nessas coisas e inevitavelmente conseguia, adquiria ou ganhava badulaques e/ou itens inusitados e bem interessantes. Um deles é esse rádio futurista , um bólido com design transparente que me chamou atenção assim que adentrou nossa casa nos anos 1970 e logo foi guardado cuidadosamente pelo meu pai, antes que pudesse virar brinquedo em alguma batalha espacial da gurizada ou até uma bola improvisada nas peladas no quintal. Não sei exatamente se foi algum evento interno de empresa, alguma feira ou expo de negócios, mas sei que foi um brinde que meu pai aceitou com muita alegria. Tá aqui, o peculiar e exótico rádio-bólido, exposto e registrado para a posteridade. Um beijo, pai.




25 de junho de 2023

Ilustrações de Zaé Jr. em antigo LP de valsa


O grande Zaé Jr. (1928-2020), que fez de tudo um pouco em sua intensa vida de ilustrador, jornalista, publicitário, produtor e redator de TV, compositor e agitador cultural me apareceu hoje sem querer. Estava manuseando alguns discos de um lote que eu adquiri e topei com duas ilustrações suas na contracapa de um LP antigo de valsas - do músico Tobias Troisi, com sua orquestra, pela Odeon. Além do imenso agradecimento que levo adiante por conhecê-lo em vida (graças ao amigo Francisco Ucha), encontrar esses desenhos esparsos do artista é uma felicidade imensa, visto que sua obra está espalhada por aí, sem nenhuma ordem ou catalogação. O mestre merece urgentemente uma biografia bem detalhada de sua vida e obra! Viva Zaé!





10 de maio de 2023

Rita Lee (1947-2023)

 


Ah, Rita Lee! Minha musa primeira na música! Você escreveu: "Se Deus quiser, um dia morro bem velha/ Na Hora H, quando a bomba estourar/ Quero ver da janela." Você não morreu tão velha como a gente queria (o egoismo nosso de sempre), mas viveu intensamente seus 75 anos e viu muitas bombas estourarem em frente à sua janela (graças que não aquela que podia acabar com o mundo) e inteligentemente deu seu recado, sem precisar levantar cartaz na rua (camiseta sim: como aquela, "Eu odeio rodeio"). A única vez que subiu em palanque político foi pra pedir Diretas Já, ao lado dos jogadores da Democracia Corinthiana (Sócrates, Casagrande, Vladimir e cia). Ah, Rita. Você é minha musa e apareceu na minha parede, na minha vitrola e na minha fita K-7 antes das outras (Elis, Nara, Gal, Sylvia Telles, Leila Pinheiro, Angela RoRo, Leny Andrade, Beth Carvalho, Monica Salmaso, Tuca, Alaíde Costa). Foi em 1979, eu com meus 11 pra 12 anos. Sua música já estava ali no ar, soprada, mas só fui pescar pra valer seus versos e suas canções naquele ano, quando comprei aquela revista especial da Rio Gráfica sobre você. A revista vinha com um adesivo emborrachado e tinha toda a sua história, desde os Mutantes. Comecei a procurar suas composições, comprei compactos e só não adquiri os mais antigos porque já naquela época os preços eram extorsivos. Mas quando o Calanca da Baratos Afins relançou pelo seu selo em meados dos 80 todos os discos dos Mutantes mais aqueles dois solos seus, de 1970 e 1972 - Build Up e Hoje é o Primeiro Dia do Resto da sua Vida (que na verdade, ainda tinham os Mutantes por trás), comprei todos. Aí eu mergulhei nos seus primeiros anos e percebi de vez toda a sua relevância na banda que é considerada uma das mais importantes dos anos 60 (não só no Brasil, mas no mundo). A sua irreverência e inteligência não foram suficientes para evitar sua expulsão da banda, mas olhando em retrospecto, foi a melhor coisa que podia acontecer, pois a partir daí, você se libertou das amarras do "rock mais sério" que rondava os Mutantes e caiu no mundo: visitou Gil no exílio em Londres (logo depois da expulsão), ficou ruiva, fez dupla com a amiga Lucia Turnbull (exímia guitarrista), formou o Tutti-Frutti (uma das melhores formações roqueiras dos anos 70), lançou discos eternos (Fruto Proibido, de 1975, está em qualquer lista decente de melhores discos brasileiros de todos os tempos, Rita Lee, de 1979, é transcendente; Entradas e Bandeiras, de 1976, é mágico, embora mal gravado), conseguiu mostrar sua porção escritora ( Pra mim, a melhor. Um livro que debruce pra valer nas suas letras, urgentemente!!), misturou seu rock com o pop, baladas e outras diversões sem remorso nenhum, conheceu sua alma gêmea (Roberto do Carvalho, pai de seus filhos e companheiro até o último dia), deu voz às mulheres, pode enfim ser Rita Lee integralmente, genuína, autêntica, terror dos caretas, anti-hipocrisia, a guardiã dos bichos, a rainha do rock e da liberdade. Ah, Rita! pode voar com suas asas imensas, que aquela doença que você até botou apelido, ficou pra trás. O mundo certamente vai ficar mais chato e careta do que está, mas a sua luz, sabedoria e música vão iluminar para sempre qualquer resquício de escuridão.

( Eu sempre escrevi muito sobre a Rita Lee no blog. Quem quiser ver mais, use a busca da página)

                                           
                                             A revista de 1979... 


                                            
Uma das grandes músicas de Rita Lee (aqui, em parceria com Luis Sergio Carlini), uma das mais "paulistanas" da sua carreira.