31 de outubro de 2011

Hoje é dia de Drummond!

Hoje não é só dia do aniversário do poeta maior Carlos Drummond de Andrade. O Instituto Moreira Salles, que cuida do acervo do escritor, resolveu transformar esse dia 31/10 em Dia D - Dia Drummond, já incluído no calendário cultural oficial do Brasil. A inspiração veio da Irlanda: no dia 16/06 é comemorado lá o Bloomsday, celebrando todo ano a obra de James Joyce. Acompanhem a matéria do Estadão sobre a efeméride e toda a programaçãoespecial para hoje:
 http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,carlos-drummond-de-andrade-ganha-seu-dia,792753,0.htm

24 de outubro de 2011

Legião nas bancas

O filão dos disquinhos/livretos em banca continua rendendo. Depois das coleções de Chico Buarque e Tim Maia, a Abril Coleções, em conjunto com a Gandra Editorial, investe em mais uma escolha certeira: Legião Urbana. Na semana que comemorou os 15 anos da morte de Renato Russo, ancorou nas bancas o primeiro CD, Legião Urbana (1985), o primeiro da discografia original do grupo ( a coleção seguirá a cronologia). Legião Urbana - Dois (1986) aparece hoje à venda, por R$17,90 ( mais caro que as coleções anteriores, mas ainda assim mais barato que os CDs novos por aí). O primeiro está R$9,90 e ainda dá tempo de encontrar. A nova série, com 15 lançamentos no total, segue à risca o formato das coleções anteriores, ou seja, livreto capa dura que mantém a arte de capa original ( com pequenos acréscimos gráficos) e texto histórico que engloba a trajetória da banda, capítulos específicos sobre a produção e faixas de cada disco e os acontecimentos paralelos ocorridos no país. Além dos discos de estúdio, estão incluídos também cinco ao vivo, além do Música para Acampamentos 1 e 2 (1992) ambos mesclando registros ao vivo com raridades. No final do mês, um livro compilando trechos de entrevistas e versos de músicas – além do box especial para guardar a coleção – também será vendido em bancas, livrarias e afins. Está aí uma chance  de ouro pra quem sempre quis completar a sua coleção ou como no meu caso, já tem seus LPs e CDs detonados depois de anos de audições constantes e empréstimos tortuosos.

21 de outubro de 2011

Por dentro dos "modernismos"

A exposição "Modernismos no Brasil", no MAC, é uma mostra única sobre o tão falado mas pouco estudado movimento do começo do século XX.
A mostra é fruto de longo estudo do Modernismo desenvolvido por Tadeu Chiarelli, diretor do museu e professor do Departamento de Artes Plásticas (CAP) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Para ele, não houve um só modernismo no Brasil, mas vários, com vertentes e posturas estéticas diversas, embora todos em comunhão com o "moderno" em detrimento ao "arcaico" conceito de arte do século XIX.
O MAC, para quem não sabe, é um dos museus brasileiros que possui em seu acervo as mais importantes obras modernistas, algumas inclusive, sem serem exibidas há anos. A exposição em si tem cinco blocos com obras de características comuns. Entre as 150 obras expostas, estão as de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Paul Klee, Pablo Picasso, Giorgio De Chirico, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Victor Brecheret, Henri Matisse, Alfredo Volpi, Lygia Clark, Marc Chagall, Ismael Nery, Lasar Segall e muitos outros.
A inclusão de artistas internacionais é proposital, justamente para suscitar uma visão mais ampla sobre a complexidade estética da época. Para os estudantes de arte, um prato cheio. Para o público geral, amante da arte, onde eu me incluo, imperdível.

A exposição é gratuita e foi inaugurada no dia 06/10. Abre ao público de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas, e segue até 29/01/2012.
MAC Ibirapuera, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, 3° piso.
Mais informações: (11) 5573-9932
 www.mac.usp.br

20 de outubro de 2011

Sergio Sampaio, ex-maldito,agora bendito, ainda restrito, de volta ( graças ao Zeca Baleiro, de novo)

Eu nem ia usar a palavra "maldito", tão maldita que ela é. Acho uma puta sacanagem/injustiça com esse cara que se foi cedo, deixou uma discografia pequena, mas vasta de intenções, modernidade e desprendimento total em relação ao que se faz e o que se fez na MPB. Acabei deixando no título, mas porque saquei o "bendito" na última hora. Bendito, porque não vi nenhum conhecido que tenha ouvido Sergio Sampaio e não tenha gostado. Pelo contrário: a maioria se surpreende que esse compositor tão atento, sensível, de letras sinuosas e inteligentes e música brasileiríssima ( com o samba quase sempre no fundo de experimentações, pós-tropicalismo, rocks, baladas, lamentos e breques) tenha vivido uma carreira tão escondida e no ostracismo. Ok que o compositor era rebelde demais pra quadrada indústria fonográfica e os mandriões do showbusiness ( e foram estes que cunharam a praga daquele rótulo, que depois virou lugar-comum). Depois do estouro de "Eu Quero Botar meu Bloco na Rua", a gravadora queria, vejam vocês, transformá-lo num novo Roberto Carlos das "marchinhas" ( Roberto é seu conterrâneo de Cachoeiro do Itapemirim/ES). Sérgio saltou fora - claro. O mercado era muito estrábico pra perceber a riqueza criativa e as entrelinhas estéticas de uma obra tão diferenciada. Então Sergio Sampaio entrou para o clube dos..... lá vem aquela palavra fdp de novo.... malditos. E vejam vocês a qualidade dos tais malditos deixados de lado pelo incrível mercado musical dos anos 70: Luiz Melodia, Jards Macalé, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Jorge Mautner, Walter Franco...
Eles não eram cordeirinhos e pagaram a insubordinação com um confinamento artístico involuntário.
Nos últimos tempos, um grande fã de SS, Zeca Baleiro,não só começou a gravar e divulgar sua obra, mas também resolveu tirá-lo do limbo discográfico. Primeiro com o lançamento há alguns anos atrás de Cruel, disco que estava no prelo, quase pronto, quando o compositor faleceu prematuramente em 1994, aos 47 anos. E agora, o seu terceiro LP de 1982, Sinceramente,  independente e talvez o mais escondido de todos, é lançado pelo selo do compositor maranhense.
Esse disco na época passou completamente despercebido e virou cult com o tempo. Mas assim como o próprio autor está sendo conduzido aos poucos ao panteão dos grandes da MPB, com muita justiça, sua obra vem à tona e prova que de maldita não tem e nunca teve nada. Bendito Sergio Sampaio, bem vindo à luz ( e obrigado, Zeca Baleiro).
As faixas do disco ( e a página do artista no MySpace):
Homem de Trinta: http://www.youtube.com/watch?v=fIbMawGyVfw
Na Captura: http://www.youtube.com/watch?v=yRTEcA2xGu8&feature=related
Tolo fui Eu: http://www.youtube.com/watch?v=mJg_1GBGxj8&feature=related
Só para o seu Coração: http://www.youtube.com/watch?v=0c01x-PTf7s&feature=related
Essa tal de Mentira: http://www.youtube.com/watch?v=gWZPWvXQYv8
Meu Filho, Minha Filha: http://www.youtube.com/watch?v=rg9iUYVdTLo&feature=related 
Cabra Cega: http://www.youtube.com/watch?v=-eoI0aSddD8&feature=related
Sinceramente: http://www.youtube.com/watch?v=31ChH81a6rk&feature=related  
Nem Assim: http://www.youtube.com/watch?v=_SnGJodqfjw&feature=related 
Doce Melodia: http://www.youtube.com/watch?v=4eMf2cU55K0&feature=related 
Faixa Seis: http://www.youtube.com/watch?v=duM00wyPxTc

Foi Ela (do compacto de 1974): http://www.youtube.com/watch?v=w27EIT3TSnU&feature=related 
Meu pobre Blues ( idem): http://www.youtube.com/watch?v=z4PTa5WtCD4
http://www.myspace.com/velhobandido

16 de outubro de 2011

Ao mestre com quadrinhos

A semana também vivenciou uma gigantesca discussão sobre a nona arte, graças à onipotente Vejona e seu jornalismo "acima de todas a coisas". A pauta tem seus méritos quando discute alguns critérios difusos do ENEM, mas acaba se embanando quando coloca as tiras cômicas como vilãs e as comparam com literatura. Logo vê-se que o prezado crítico Jerônimo Teixeira não entende bem o espírito real dos quadrinhos e acaba não só tentando rebaixá-lo à sub-arte como na ânsia de defenestrá-lo, se complica até com as estatísticas. Nesses tempos multimídia, meu caro Teixeira, nossos nobres estudantes precisam interpretar literatura, cordel, jornal, letra de música, mídia eletrônica, cinema e QUADRINHOS, que não é subliteratura, mas uma mídia que merece o mesmo respeito que as outras citadas. HQ não emburrece ninguém e muito menos deixa alguém "iletrado".
Segue a matéria ( "A pedagogia do Garfield", Veja 10/10/2011) e algumas reverberações interessantes para vossas devidas interpretações:
https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/10/a-pedagogia-do-garfield
http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/arch2011-10-01_2011-10-31.html
http://abibliotecaderaquel.folha.blog.uol.com.br/arch2011-10-09_2011-10-15.html 
http://judao.mtv.uol.com.br/livros-hqs/falando-em-quadrinhos-veja-gibis-enem-e-a-supernanny/ 
http://liberland.blogspot.com/2011/10/literatura-e-quadrinhos-de-novo.html

Lygia, Edson e os Quadrinhos

Na Folhinha de São Paulo da semana passada (08/10/2011) a matéria de capa, "Tempo de criança", trouxe à tona detalhes riquíssimos da infância de alguns famosos. Além de brincadeiras na rua, futebol e cinema, para dois deles, Lygia Fagundes Telles, prestigiosa escritora, e Edson Arantes no Nascimento, o mundialmente famoso Pelé, os quadrinhos também fizeram parte do dia a dia de seus tempos de criança.
Separei os trechos:

* Pelé foi um menino levado e amigo de todo mundo. Ele contou à Folhinha que era divertido viver no século passado, em Três Corações (MG) e depois em Bauru (SP), sem TV e sem internet. Adivinhe qual era o brinquedo favorito dele? Claro que era a bola! Além de álbuns de figurinha e gibis dos heróis Tarzan e Flash Gordon.

* Cabeceira
Nos gibis, as trapalhadas de Bolinha e Luluzinha divertiam as crianças. A revista "Tico-Tico" trazia muita informação. E até em revistas de farmácia tinha histórias de Monteiro Lobato para ler, conta Lygia.

A matéria toda, aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/987302-ex-jogador-pele-conta-as-brincadeiras-e-travessuras-de-sua-infancia.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/987314-didi-tostao-e-lygia-fagundes-telles-falam-de-sua-infancia.shtml

12 de outubro de 2011

Os "Homens de Letras" de Roberto de Vicq de Cumptich

Essa eu vi na edição especial da "Serrote" para a Flip 2011 e fiquei estupefato. O autor, Roberto de Vicq de Cumptich é um designer e artista gráfico brasileiro radicado em Nova York desde os anos 80. Apaixonado por tipografia, o desenhista retrata escritores utilizando as letras que compõe seus nomes. Para dar mais uniformidade ao retrato, as letras de cada personalidade escolhida são sempre da mesma família tipográfica. O resultado final surpreende e merece ser visto e repassado. Entrem na página do artista (link abaixo) e na listinha com  ilustrações para capas de livros, calendários, folhetos, cartazes e outros trabalhos, clique no item "Man of Letters". é bem divertido tentar adivinhar o "retratado letrado" da vez. Além de letras, Roberto usa também outros elementos como animais e itens culinários para compor seus portraits.
http://devicq.com/illustration.html

3 de outubro de 2011

Rock in Rio: a maratona de som acabou em água

O Rock in Rio fechou hoje de manhã ( por volta das cinco da matina) depois de um show feliz e empolgante do folclórico Axl Rose e seus novos comandados. A banda entrou horas depois do combinado por conta do temporal que caiu no Rio e destrinchou vários hits no meio do aguaceiro.Um desfecho roqueiro para um festival que muita gente reclamou por ter pouco rock em seu line-up. Eu também acho que o Rock in Rio escala muita gente nada a ver com rock, mas peraí, isso é discussão antiga: em 1985, Medina já escalara Elba Ramalho, Alceu Valença e Ivan Lins, tão rock and roll como o velho Frank Sinatra ou Luiz Gonzaga ( neste caso aqui, Raul Seixas discordava). Acho que tudo isso é um problema de nomenclatura: desde o início o festival se mostrou eclético e só recebeu esse nome porque soa bem para peças mercadológicas. E ponto. No mais, um festival com essa dimensão deve existir por essas plagas sim, e uma maratona de música dessas faz só bem para uma certa juventude que só vê MTV e ouve rádio da moda - ao vivo, na TV ou via web, eu acho que deu pra abrir a cabeça de muito teen por aí. Principalmente para quem deu uma sapeada no palco Sunset, mais experimental, que se nem sempre teve o ensaio necessário, botou muita gente boa no mesmo espaço. No palco principal, os dinossauros não deixaram espaço: Elton John e Stevie Wonder arrasaram. Coldplay, RHCP, Maroon5, Metallica, Guns, System of a Down, Joss Stone, todos mandaram muito bem. Mas essa é só uma visão minha. Música é que nem futebol e religião: cada um tem a sua predileção e a sua opinião. Foram 160 atrações e 700 mil pessoas em 7 dias. Selecionei alguns momentos interessantes abaixo ( misturando Sunset e Mundo, mas claro, sem conseguir incluir todos os bons momentos). E que venham mais festivais, com ou sem rock, mas com música boa e de qualidade.
1- (Jazz + Clube da Esquina) Milton + uma certa cabeluda que arrebentou no baixo:
http://www.youtube.com/watch?v=M2FSAve9bMw&feature=related
2 (Bossa + Soul) A garota de Stevie
http://www.youtube.com/watch?v=H-xVlWyESbM&feature=related
3-( Soul + Jazz) Joss acabando com os cardíacos
http://www.youtube.com/watch?v=qogYXQq1pbs&feature=related
4- ( rock + pop) O hit mais pedido ( e cantado) de todos
http://www.youtube.com/watch?v=IAg9p8Fv3ws
5- ( rock + Renato Russo)) a homenagem mais emocionante
http://www.youtube.com/watch?v=oQ30oipkGsM 
6- (rock + melodia+peso+ técnica) os caras do rock visceral e cerebral
http://www.youtube.com/watch?v=z38uRr4hZW8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zEc9qQwMuW0&feature=related
7- (piano+ baladas eternas) o clássico e elegante Elton
http://www.youtube.com/watch?v=Q0AlBVfwjKg
http://www.youtube.com/watch?v=2SrMZdTHQ10&feature=related
8- ( tropicália + rock + anarquia) mutações no palco Sunset
http://www.youtube.com/watch?v=43rhQSnVQVc
9- (música italiana + orquestra+ vanguarda) Patton, o doido de plantão
http://www.youtube.com/watch?v=CHjnJzjHaIE&feature=related
10-( surf + funk + punk rock californiano) os Red Hot chacoalham ( e o Flea flana)
http://www.youtube.com/watch?v=YhmSt8AhGPM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=IBFwwgzWdlg&feature=related
11-(metal +industrial +teatro) barulho e mergulho
http://www.youtube.com/watch?v=8vlyDATbNKs

2 de outubro de 2011

Duas belas homenagens


MSP
 Na semana, vi duas homenagens pertinentes que partiram dos estúdios da Maurício de Sousa Produções e compartilho com vocês. O desenho do próprio Maurício de Sousa ( acima) foi feito em homenagem ao editor italiano Sergio Bonelli, que faleceu em 26/09 aos 78 anos. Filho do criador de Tex, Gian Luigi Bonelli, Sérgio sob o pseudônimo de Guido Nolitta criou personagens que viraram clássicos da HQ, como Zagor (1961), Mister No (1975) e fez da Sergio Bonelli Editore um império, editando sucessos incontestáveis como Ken Parker (de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo), Martin Mystère, Nick Raider, Nathan Never, Akim, Mágico Vento e Julia Kendall. Maurício de Sousa, um fã incondicional dos quadrinhos, usou mais uma vez a sua sensibilidade para homenagear um colega que fez história. A outra homenagem está nas páginas da Mônica nº 57 (de setembro de 2011 - trecho abaixo), na história intitulada "A História hoje é sua", que traz uma linda e justa homenagem ao irmão de Maurício, Márcio de Sousa, autor de algumas histórias clássicas da turma e co-criador de personagens libertários como Bugu e Louco. Márcio, responsável pela área musical da MSP, também foi a inspiração para a criação do Rolo ( da turma da Tina) e o Mano ( de Os Sousa, tira exclusiva para os jornais) e faleceu em 18/06 deste ano.


MSP