31 de agosto de 2009

Jornalistas acham Belchior para contar que ele sumiu!

O título do post parece coluna do José Simão, mas é a pura verdade. Por conta do nosso perspicaz jornalismo, bizarrices como esta acontecem aos montes e muita gente acha que é normal. Quem começou com esse "sumiço" do compositor foi o inacreditável "Fantástico", uma revista eletrônica que precisa ser revista urgentemente. Há dois domingos atrás, foi ao ar a notícia do "desaparecimento" de Belchior, e a pauta do programa até se mostrou bem instigante, ao contar sobre o automóvel do artista abandonado no aeroporto e outros indícios estranhos. Mas quando a checagem se mostrou imprescindível, a matéria amarelou: citou-se a aparição de Belchior em um show do TomZé em fevereiro deste ano, mas ninguém foi atrás desse detalhe e por uma razão muito simples: se aparecesse o TomZé no ar e disesse algo assim: "Pois é, ele participou do meu show e depois esticamos para um restaurante...", o mote e a chamada do Fantástico ia pro saco e acabava o mistério. O banho-maria continuou, a internet temperou ainda mais o caldo e mesmo havendo vários indícios de que o cantor cearense não havia desaparecido (como a foto ao lado do Sarney neste ano), precisou a reportagem do próprio Fantástico achar o Belchior para dizer que o Belchior tinha desaparecido. Brincadeira?
Aliás, sumiço e desaparecimento são coisas completamente diferentes, que fique claro isso. Desaparecimento é quando o cabra não aparece mesmo. Sumiço já é usado para ausências temporárias: "tomou chá de sumiço", "tá sumido, ein?".
E quantos sumiços já tivemos na história da nossa música! Cartola escafedeu-se por uma década do morro da Mangueira e já era dado como morto, quando o jornalista Sérgio Porto o reencontrou lavando carros numa garagem em Ipanema. Sérgio Sampaio sumiu do showbizz por anos, mas bastava alguém rodar o circuito boêmio do Baixo Leblon dos anos setenta e oitenta e lá estava o músico com seu jornal em alguma pequena mesa de botequim. O próprio TomZé sumiu da mídia e caiu no esquecimento no final da década de 70 e inicio dos 80 e quando se preparava para virar frentista de posto de gasolina, foi resgatado pelo gringo David Byrne e pôde voltar à ribalta.
O sumido Belchior não desapareceu da face da Terra - está lá, numa cabana no Uruguai. Esse jornalismo pseudo-investigativo que assola a mídia, sim, poderia desaparecer pra sempre, dos jornais, da TV, dos rádios, da internet. Mas por enquanto, infelizmente, essa alternativa é ficção-científica. Chocar vale mais do que checar.

30 de agosto de 2009

Baú do Malu 8


Essa é a Bizz nº zero, distribuida na época para o mercado publicitário e através de mailing estratégico. Raridade! datada de junho de 1985, foi lançada pela Editora Abril no embalo do Rock in Rio e do crescente movimento rockpop brasileiro. A editora já tentara algo parecido para o mercado jovem , com a revista setentista Pop, mezzo hippie mezzo comportamental , que não se aguentou até a década de 80, mas teve seus bons momentos - um disquinho punk encartado em uma de suas edições, por exemplo, foi um dos primeiros registros do movimento por essas plagas.
A Bizz durou mais: entre altos e baixos, mudança de layout, tamanho e até de nome ( por um tempo virou ShowBizz), a magazine foi publicada durante duas décadas – com uma primeira interrupção entre 2001 e 2004 – encerrando suas atividades em 2007 como publicação mensal e mantendo o selo apenas para projetos especiais ( como na última edição especial sobre a morte de Michael Jackson) . Por um bom tempo, foi a única revista a cobrir várias vertentes musicais, dividindo espaço nas bancas com revistas mais segmentadas ( Som Três, MetalHead, Guitar Player). Por suas páginas desfilaram críticos veteranos e outros que fizeram o nome na publicação: Ana Maria Bahiana, José Emilio Rondeau, Bia Abramo, Thomas Pappon, Pepe Escobar, Toninho Spessoto, Ricardo Alexandre, Alex Antunes, José Augusto Lemos, André Forastieri, Pedro Só, Emerson Gasperin, entre muitos outros.
Muitas seções viraram cults: Letras Traduzidas ( que depois virou revista especial), Porão ( com bandas estreantes) e Discoteca Básica, que desde o primeiro número destrinchou os melhores e mais importantes discos de todos os tempos.
Hoje temos a blindada Rolling Stone, que se saiu bem no Brasil, com seu jeitão pop que intercala despojamento e engajamento – e que dá no saco também, quando pende para o lado fashionista. A Bizz, que durante sua trajetória, sofreu com os sucessivos planos econômicos e outras tantas mudanças em sua linha editorial, se fez pelo desprendimento. A grande maioria dos seus colaboradores e editores era de caras que reverenciavam e amavam a música, pura e simplesmente. E o leitor percebia esse tesão no ar - basta ver a horda de fãs órfãos que inflam o Orkut ainda hoje.

25 de agosto de 2009

Woodstock em pessoa


Woodstock ano 40 promete. Já aportou no Brasil o livro de Elliot Tiber, "Aconteceu em Woodstock". O autor é simplesmente o cara que teve a idéia do festival! tudo começou por acaso, quando para salvar o hotel dos pais da falência, Elliot ofereceu o terreno para promover um show de rock. E o que na sua cabeça não passava de um encontro musical regional, acabou virando o maior e mais famoso festival de todos os tempos. Mais "por dentro dos bastidores", impossível.
à venda na livraria Cultura por 34 pilas e uns quebrados: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2856886

English Friends

Americano morre de inveja, tenta fazer festival, mas na hora de reunir os amigos, fica longe dos ingleses. Também pudera: é medalha ao mérito num mês, condecoração em outro, jubileu da rainha... e dá-lhe reunion show. O lado geográfico também ajuda: os músicos se vêem mais em Londres, moram perto, tomam chá da tarde. Nos EUA, um mora na Flórida, outro no Texas, e aí a coisa fica mais dispersa.
Selecionei alguns momentos exemplares no Youtube, só uma lasca nesse universo musical caloroso by England.

1- Um encontro impressionante, para especial de TV em 1988, com a grande nata da música inglesa: George Harrison ( guitarra), Eric Clapton ( guitarra), Elton John ( piano), Jeff Lynne ( ex-ELO e ex-Travelling Wilburys, guitarra), Phill Collins (bateria), Ringo Starr (bateria), Mark King ( Level 42, baixo), fora a percussão, com destaque para o careca, arroz-de-festa desses encontros na terra da Rainha.


2-Eric Clapton & Pete Towshend, anos 90, em um programa de TV


3-David Gilmour ( Pink Floyd) e Pete Towshend, show em 1985


4-Paul McCartney, Rod Stewart, Joe Cocker, Eric Clapton em histórico show de 2002. Em meio a vários artistas no palco, dá pra ver ainda Brian May na guitarra e Cliff Richard, um velho astro , o Elvis deles, indiano naturalizado inglês que fez muito sucesso nos anos 60.


5- Pra quem gosta de raridade. Gravação p/ o disco Imagine de John Lennon (1971) com a Plastic Ono Band. Cenas e takes com John Lennon, George Harrison, Nicky Hopkins (piano, tocou muito c/ os Stones) , Klaus Voorman (baixo) e Yoko Ono ( falatórios). Pena que George & John brigaram tempos depois - essa dupla fazia a diferença. Pra fechar, uma curiosidade: Klaus Vormann foi um dos primeiros fãs inveterados dos Beatles. Tanto, que acabou amigo dos Fab Four - virou figurante no filme A Hard Days Night, fez a capa do LP Revolver, e foi um dos primeiros a usar o “penteado beatle”.

MP3, Giron e bafafá em ré maior

Pelas mãos do antenadíssimo Rick Berlitz, surgiu em meu e-mail um texto do Luis Antonio Giron, na penúltima Época ( http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI88360-15230,00-DELETE%20O%20MP%20DE%20SUA%20VIDA.html), polemista histórico, sobre o espalha-brasas MP3. Embora ficasse sempre com um pé atrás ao notar a assinatura de LAG nos tempos da Folha de São Paulo, pelo seu cacoete de polemizar a todo custo, de uns tempos pra cá, ando aceitando mais seus escritos "do contra" - mudei eu ou o Giron?
O texto em questão está muito bem construído e o assunto é periclitante. Foi só eu mandar pros amigos, ressaltando ter gostado, e a polêmica se instaurou. Um respondeu que eu estava de caso com as gravadoras; outro, que a Associação dos Produtores agradecia tantos gracejos técnicos; dois outros concordaram com o autor...
Aticei o fogo da fornalha de propósito. De minha parte, acho válida a discussão, pois até hoje, mesmo com o domínio total dos downloads , as grandes gravadoras não moveram uma palha para aliviar o lado dos consumidores. Continuam os preços exorbitantes, os caça-níqueis, o desleixo com o produto final. E se repararmos bem na matéria do Giron, o vilão apontado não é só o MP3 , mas o CD também. Daí, acho que para o bem geral da nação musical, musicista e musicólatra, devemos pesar bem a balança:
- Criticar as majors sim, mas sempre lembrando que existem os pequenos selos que merecem atenção: Dubas, Discobertas, Biscoito Fino, Revivendo...
- Democratizar os formatos. Cds, LPs, MP3 – há espaço para todos. Demonizar um para enaltecer o outro, não faz bem pra música.
- música é patrimônio, arte, criação, autoria, história, bem cultural.... ouvir música é muito mais que botar no iPod, mastigar e jogar fora como chiclete.
.....
Ia fechar o post assim, mas eis que me chega uma resposta instigante do meu amigo JM, botando mais lenha na fogueira e focando um ângulo inusitado, que eu sequer triscara em meus dilemas. Ele é advogado especializado em direito autoral, o que joga mais luz em seus comentários; Segundo JM, existe um movimento das gravadoras para a volta ao formato “bolachão”, não pelo som mais límpido ou nítido, mas pelo motivo de sempre: o lucro. As majors perceberam que deram um tiro no pé com o CD, já que não dá pra prensar LP em fundo de quintal, enquanto o disquinho laser sim – o formato portanto, atraiu a pirataria de forma irreversível. Para o meu amigo, portanto, esse argumento técnico é conversa fiada e só serve para cativar mentes e corações para a volta do LP que já vem sendo engatilhada.
...
Com a labareda bem alta, fecho a discussão, mas não a questão. De tudo o que foi dito e escrito, só torço por uma coisa, que eu prezo e vou defender: a MÚSICA. Salvemos a música, razão desse bafafá todo.
...
A outra metade dessa discussão pode ser conferida no blog do Rick Berlitz, o responsável por essa movimentação salutar de opiniões: http://foton-atomo.blogspot.com/

21 de agosto de 2009

Frente a frente com o mestre



Essa foi em 1999. O ano que nasceu meu primogênito Gabriel, esse mesmo guri que agora fuça a minha coleção de Homem-Aranha enquanto escrevo essas linhas. Eu e minha esposa, fiel escudeira Cris, deixamos o pequeno Biel na casa da minha mãe e rumamos para a Anhanguera, onde seria gravado o programa do Jô Soares, ainda no SBT. Já fazia nove anos que eu trabalhava no Dedoc da Editora Abril e pelo menos uns cinco, pesquisando para a equipe de pauta dos programas Jô Onze e Meia e Programa Livre ( esse do Serginho Groissman), ambos na emissora do Senor Abravanel Sílvio Santos. A equipe de jornalistas do Jô sempre me convidava pra assistir o programa ao vivo, mas eu sempre adiava, dizendo pra mim mesmo que a hora certa chegaria. Quando o Adrian, chefe da equipe, me ligou pedindo um perfil do Will Eisner, tive que ter certeza: - Will Eisner, o criador do Spirit?? é, era o próprio! no ato pedi pra me colocarem na fileira do gargarejo, e lá fomos nós, eu e Cris, babar na platéia.
Quem conhece quadrinhos - e infelizmente é sempre uma minoria em nosso convívio - sabe de quem estou falando. Will Eisner não é só o criador do Spirit, que por si só revolucionou a linguagem dos quadrinhos, mas também o primeiro a utilizar a arte sequencial para fins educacionais e técnicos, e o primeiro a lançar uma novela gráfica, logo batizada de Graphic Novel. Will sempre foi pioneiro: nos ângulos inusitados e cinematográficos, nas mulheres belas e fatais ( sem esquecer Milton Caniff), no roteiro "adulto" de suas narrativas.
Recomendo Will Eisner para todas as gerações. O menino ou o adolescente que se inicia no mundo dos quadrinhos, precisa conhecer o Spirit; as escolas e os professores ganharão muito se conhecerem suas adaptações literárias ( saem pela Companhia das Letras); adultos em geral serão recompensados, se desbravarem a sua obra mais intimista, permeada por contos urbanos e autobiográficos. Nunca é tarde para desbravar a obra desse gênio.
Depois dessa desviada proposital pelo universo Eisneriano, volto à 1999. Babando na platéia, assisti à formidável e sensível entrevista do artista, que ostentava na ocasião 82 anos bem vividos e com várias passagens pelo Brasil, país que admirava muito. Mas o melhor ainda estava por vir. Foi tudo muito rápido.Terminada a gravação, corri para os bastidores, e qual não foi minha surpresa quando fiquei cara a cara com o mestre! Eu segurava uma edição de uma de suas obras mais intimistas, "No coração da tempestade", lançada pela Abril Jovem, e institivamente postei-a à sua frente. Quase paralisado, devo ter balbuciado algo estúpido como "I love Spirit", enquanto via sem acreditar, a sua rápida dedicatória, antes de deixar as dependências da emissora. Menos de seis anos depois, Will Eisner foi se encontrar com seu legendário personagem
Gerald Snoble, e deixou esse plano aos 87 anos. Ficou a coleção amarelada do “The Spirit”; as encadernações caprichadas de suas obras maduras; e essa dedicatória-relâmpago postada acima, que eu guardo como se fosse um pedaço da eternidade.

A entrevista no Jô, em duas partes:
http://www.youtube.com/watch?v=URds_U_-pHo

http://www.youtube.com/watch?v=QqY8fN3tZ4A&feature=related

Matéria legal sobre o homem:
http://www.comlimao.com/2009/04/23/e-deus-disse-will-eisner/

20 de agosto de 2009

Los 4 amigos e 1 "miolo-mole"




Apesar de memorialista, minha memória é uma bela botcha. Lembro dos fatos, mas esqueço nomes, datas, quem estava, onde foi, etc..
Por exemplo, este caso que posto now. Foi um dia inacreditável de 1995 aquele, em que me deparei em um bar - e aí começa a confa: não sei se foi no bar interno do Sesc Pompéia ou no Jazz and Blues - com Los Três Amigos em carne, osso e tequilas, mais um comparsa deles recém-chegado ao bando: Laerte, Angeli e Glauco + Adão Iturrusgarai. E como se eu fosse um velho amigo dos confins do deserto mexicano, comecei a papear com o quatrilho, incluindo aí piadas, história em quadrinhos, política (ah?) e depois de algumas boas doses de tequila, gargalhadas desbragadas.
Juntando tequila com péssima memória e quatorze anos passados, a mistureba é fatal. Além de não saber o bar exato, também não tenho certeza sobre a natureza do evento: HQMix? lançamento do livro deles? sei lá... inesquecível mesmo foi o encontro em si, onde pude presenciar quatro caras simples, despojados, sem frescura, sarristas. E olha que os três primeiros já eram consagrados nos quadrinhos e na charge ( o Adão ainda tava começando). De quebra, pude levar pra casa, esses desenhos inéditos "espirituosos", bem ao estilo dessa genial trupe do humor...
O livro autografado em questão é o "Los Três Amigos 2 - Más sexo, más drogas y más guacamoles" da Editora Ensaio ,1995, 3ª edição - capa acima.
Na sequência, os desenhos internos, feitos especialmente para a ocasião: 1ª página: Os indefectíveis Hippies do Angeli/ o antológico palhaço mudo do Laerte. 2ª página: Adão no "trono"/ e encorporando o Geraldão, Glauco e seu companheiro um tanto "guacamolento".
Um pequena amostra desses desenhistas, que tanto já fizeram pela arte, pelo quadrinho e pelo humor brasileiro, e não devem nada para os gringos.

19 de agosto de 2009

Woodstock- algumas considerações sobre o post anterior

Só pra complementar o post anterior, no improviso, sob os eflúvios de Woodstock, algumas observações:
# Impressionante o grau de acidez da trupe Jefferson Airplane! bem de acordo com a fama da banda...
# A cena mais hilária dessa seleção: o cara invade a apresentação do Canned Heat, abraça o vocalista, e não contente, serra um Marlboro dele na maior! só Woodstock mesmo...
# a introdução do mini-vídeo c/ o Jerry Garcia cita a cantora Mini Farina... mas pelos comentários anexos, essa informação não confere...
# Rich Havens apareceu por esses dias em Woodstock para as comemorações dos 40 anos. Só pra constar, o lendário cantor estava muito bem de saúde e com todos os dentes na boca.
# e o cabelo da Bert? tenho certeza que a Gal se mordeu de inveja ao ver aquela vastidão na cabeça da moça....
# e aquela profusão percussiva no meio da apresentação do Santana? é ou não é o meu, o nosso, o vosso SAMBA? bum bum pratricundum.

O espírito de Woodstock

18 de agosto de 1969. Último dia do festival que marcou o fim de uma era. Logo viria o Festival de Altamont, e a paz e o amor de Woodstock viraria em poucos meses, violência e ódio, quando a trilha sonora ao vivo dos Rolling Stones fez fundo fúnebre para a morte a poucos metros do palco. Mas essa é uma outra história - e eu vou contar aqui em outra oportunidade. Quero homenagear à minha maneira esse utópico, maluco e genial festival de Woodstock, que nunca mais poderá ser sequer imitado. Tudo nele foi improviso, emoção, solidariedade, espontaneidade e harmonia - como juntar todos esses elementos posteriormente, com naturalidade ? Também acredito que o grande diferencial do evento, além do seu espírito free - vide a abertura das "porteiras" para qualquer ser humano que quisesse passar - foi a escolha dos artistas. A maioria era artista do povo e para o povo. Muitos artistas desconhecidos e locais, estreantes ( como Joe Cocker), as bandas cults hippies ( Jefferson Airplane e Greateful Dead), folkers ( Joan Baez, Arlo Guthrie, Richie Havens), combos e comunidades musicais ( Santana, Sly and The Family Stone, Canned Heat, Country Joe and The Fish), e até consagrados ( Crosby,Stills & Nash, Jimi Hendrix, The Who, Janis Joplin), se irmanaram naqueles quatro dias em plena comunhão com a filosofia "Frisco".Youtubei sobre o tema e selecionei performances que ao meu ver, personificam bem esse espírito freak/free. Se Jimi Hendrix com seu hino imbatível ao amanhecer e Joe Cocker na mais incendiária presença de um vocalista no palco, sacramentaram a imagem do festival pra sempre, esses camaradas abaixo, de uma forma ou outra, não só seguraram a onda, como mantiveram o nível, com muita simplicidade, desprendimento e fervor. Não esperem um script definido ou técnica apurada em todos os exemplos. O suor e a intuição prevalecem. E o espírito de Woodstock envolve-os como aura.

# Sly and The Family Stone - pena que o Brasil conheça tão pouco a obra desse precursor do funk americano, que juntou rock, James Brown e lisergia e abriu caminho para outros geniais da música black como George Clinton, War e Prince.


#Santana - Carlos Santana ainda era um estreante, mas foram essas primeiras apresentações nos anos 60 que abriram caminho para o altíssimo nível que sua guitarra atingiu na década seguinte.


#Richie Havens – o hiperativo Richie consegue em poucas notas velozes, invocar um mantra poderoso que arrebata o público


#Jefferson Airplane – a banda mais hippie de todos os tempos, em seu habitat natural


# Canned Heat – O ápice da banda de boogie/blues, que no ano seguinte, gravaria com o mestre John Lee Hooker ( maio) e perderia seu guitarrista fundador Alan Wilson por overdose ( em setembro )

#Ten Years After – a banda mais veloz do rock antes dos metaleiros, o Ten Years After tinha um guitarrista virtuoso em transe perene ( Alvin Lee) e um baixista alucinado (Leo Lyons).


# Country Joe And The Fish – um dos grupos mais politizados do circuito, seu nome se deve aos fundadores Country Joe McDonald ( vocal) e o guitarrista Barry “The Fish” Melton.


#Bert Sommer – essa eu selecionei, mas não conhecia. Se alguém souber algo sobre ela me avisa...separei por estar de acordo com o clima reinante....


# Crosby, Stills & Nash – o lendário trio em um momento mágico


#Jerry Garcia– Jerry, com amigos ( entre eles uma afinada cantora) em momento backstage, antes de sua apresentação com a “family” Greatful Dead. Ele foi um dos artistas mais emblemáticos dos anos 60, guru de uma geração, mas no Brasil é quase desconhecido. Faleceu em 1995.

17 de agosto de 2009

Rebu do Raul

Quem viu o Fantástico ontem ( não tô jogando praga não, ein) e teve paciência de esperar pela matéria sobre a música proibida do Raul Seixas, presenciou imagens raras de arquivo do compositor, mas o que poderia ter virado uma grande reportagem, na correria corriqueira do Fantástico ficou uma boa matéria e solamente só. Matéria-prima não faltou: uma música inédita, depoimento de um antológico produtor com muita história pra contar( Mazzola), os 20 anos da morte de Raul e o documentário que vem sendo filmado pelo Walter Carvalho. Na TV ficou tudo muito fragmentado, - ouviu-se um trechinho da música inédita, um flash do filme, o depoimento relâmpago do figuraça Mazzola. Muito pouco. No fim das contas, o Fantástico acabou se salvando online: a música inédita está inteira no site, rearranjada/tocada pelo fã de carteirinha Frejat, além da reengenharia do produtor na fita original com vocal e violão de Raul. A música, chamada Gospel, entraria na trilha sonora da novela O Rebu, da Globo, feita quase toda com músicas da dupla dinâmica Raul Seixas/Paulo Coelho naquele prolífico 1974, ano que ainda teve o maior sucesso dos dois, Gita, e o disco homônimo, que vendeu horrores.
O programa citou mas não concluiu: a música entrou no disco da novela com outro nome e outra letra: Porque, com a interpretação da cantora Sônia Santos.
Lá em cima, a capa do CD O Rebu, remasterizado pela Som Livre e produzido por Charles Gavin em 2006.

A íntegra da matéria do Fantástico e a música Gospel, aqui:

13 de agosto de 2009

Fio de Esperança

Telê Santana é considerado um dos melhores jogadores que já vestiram a gloriosa camisa tricolor do Fluminense e um dos melhores técnicos brasileiros - se não for o melhor - de todos os tempos. O mineiro não era fraco não. Sua figura magra e a insistência crônica em busca da vitória moldaram o apelido que lhe acompanhou como jogador e não poderia ter caído melhor: "Fio de Esperança". Foi com essa esperança latente e natural que Telê venceu como jogador. E principalmente, extrapolou como técnico - foram 6 campeonatos estaduais, dois brasileiros, duas Libertadores e dois Mundiais Interclubes, entre outros títulos. Até quando não ganhou, brilhou: as seleções brasileiras de 1982 e 1986, sob o seu comando, estão sempre na lista dos esquadrões inesquecíveis de todas as Copas do Mundo.
Telê deixou o nosso planeta em abril de 2006, mas graças ao árduo e apaixonado trabalho de duas jornalistas, Ana Carla Portella e Danielle Rosa, a vida desse brioso, competente e memorável brasileiro, ficará para sempre gravada na película e nos corações de seus fãs e amigos. O documentário, depois de quatro anos recheados de percalços e dificuldades tão comuns às filmagens brasileiras, já foi finalizado, mas como as duas diretoras bem enfatizam no blog da produção, agora, mais do que nunca, a presença de patrocinadores é fundamental – falta ainda a divulgação, a arte-finalização e a distribuição. O intuito do post, portanto, é esse: divulgar importantíssimo projeto entre os amigos, para que muito em breve, ele seja divulgado pra valer, com as contas em dia e intensa torcida a favor. E enfim, ser visto pelo Brasil todo.

Para saber mais sobre o filme: http://documentariotelesantana.blogspot.com

12 de agosto de 2009

Baú do Malu 7

Almanaque do Tico-Tico! dêem uma boa olhada nessa fantástica capa do artista Oswaldo Storni. Com todo o respeito às capas digitalizadas, fotoshopadas ou outras "adas" atuais, mas as capas antigas tinham além da tinta, um pouco da alma do artista.
O Tico-Tico foi a publicação infantil mais duradoura no Brasil: mais de meio século de existência. Os almanaques eram verdadeira febre da molecada da época e saía no final do ano ( embora o ano de capa seja relativo ao ano novo). Esse raro exemplar, comprei do Edson Rontani Jr., filho do primeiro fanzineiro do país, Edson Rontani. Como o pai e o exemplar aqui, raríssimo, mas no caso do colecionador, pelo caráter e dignidade. Tanto o Tico-Tico como o Rontani, serão esmiuçados em breve no blog. Por enquanto, apreciem essa moldura artística ímpar.

7 de agosto de 2009

Pérola 3

As duas últimas feiras do vinil renderam uma maravilha! Além daquelas primeiras pérolas postadas, consegui para o meu eclético acervo outras relíquias que merecem ser mostradas. Como esse raro LP da Orquestra Armorial, de 1975. Aliás, o movimento armorial brasileiro, perpetrado por várias cabeças pensantes da culturarte nordestina em torno da cabeça-mor delirantemente sóbria de Ariano Suassuna, botou do avesso a música, a poesia, o teatro, as artes plásticas e a literatura na primeira metade dos 70. Assunto que dá pano pra manga e com certeza será esmiuçado em futuro post. Por enquanto, fiquem com essa beleza de capa, que por si só já diz muito. Quem teve o privilégio de levar esse disco pra casa, com essa arte espetacular e seu conteúdo musical ímpar, coloca-o sem pestanejar entre os mais importantes registros da música brasileira.

6 de agosto de 2009

Baú do Malu 6

Muita gente boa acha que o Pato Donald apareceu pela primeira vez no Brasil quando sua revistinha homônima foi lançada em julho de 1950 pela Editora Abril. Como título foi realmente, mas o pato mais enfezado dos quadrinhos, criado em 1934 pelos estúdios de animação de Walt Disney, apareceu em várias publicações antes de seu dèbut em revista própria. Já a partir da década de 30, suas tiras cômicas entraram em diversas edições de Mirim, Suplemento Juvenil e Lobinho, publicações do Grande Consórcio de Suplementos Nacionais pilotado pelo visionário Adolfo Aizen, o homem que trouxe para o Brasil o quadrinho moderno americano, com seus cowboys, super-heróis e detetives destemidos. Em O Guri ( revista do O Cruzeiro) e Gibi ( da Rio Gráfica de Roberto Marinho) o pato também mostrou discretamente seu bico, mas foi em 1946, que de fato, o querido personagem mostrou-se aos leitores brasileiros com personalidade forte e o comportamento peculiar que o iria eternizar. Seu destino no Brasil mais uma vez teve a mão do editor Aizen, que acabara de lançar sua própria editora, a mítica Ebal, e a partir de um acordo na Argentina com a Editorial Abril, de César Civita (irmão do futuro dono da Editora Abril Victor Civita), lançou Seleções Coloridas, em outubro de 1946, o seu primeiro título de quadrinhos. Essa série de 17 edições – 14 com histórias de Walt Disney – surgiu nas bancas a cores e em português, embora fosse impressa na Argentina, e teve o privilégio de publicar logo no número 1, a história “Donald e o pica-pau”, estréia no Brasil do genial Carl Barks, criador do Tio Patinhas, Gastão e Maga Patalógika, entre tantos personagens, e definidor de toda a genética da família Pato a partir de 1942. Esses 17 exemplares de Seleções Coloridas se tornaram com o tempo, itens dos mais procurados entre os aficionados colecionadores de HQs, os chamados ‘Comic Hunters’. A edição acima, retirada com pinça das catacumbas de meu armário blindado, é a de número 14, de 25/11/1947, e como vocês podem ver, traz nosso Donald e seus sobrinhos na capa que destaca as duas histórias internas de Barks, “Donald no Alaska” e “Resolução Difícil”. Um tesouro!

5 de agosto de 2009

Double Duo Jazz Quartet

Duda Moura, além de ser uma pessoa digníssima e meu chapa há anos, é um dos bateristas mais qualificados e versáteis que já vi/ouvi. E agora, com o Double Duo Jazz Quartet, essa sua versatilidade inerente encontrou a sinergia exata. A formação inclui o saxofonista e flautista Amílcar Lobosco, parceiro musical de Duda desde o início dos 80 e os experientes Ary Holland no teclado e Nilton Leonarde no contra-baixo acústico. O ecletismo bem dosado e a liberdade criativa transparece em cada música do intenso repertório. O próximo show, gratuito, está agendado para o dia 10/08 (segunda-feira), às 20hs, no Saguão do Teatro Municipal de Santo André. Para quem aprecia a boa música instrumental brasileira, escorraçada das rádios e da TV, taí uma ótima oportunidade. Mais informações, vídeos, histórico do quarteto, perfis dos integrantes e agenda completa, no MySpace da banda.

4 de agosto de 2009

Freebass!

Que os britânicos adoram se reunir em torno da música é público e notório. Qualquer condecoração, homenagem à coroa ou comemoração, lá estão os arroz-de-festa Elton John, Eric Clapton, Phil Collins, Ringo Starr, sempre com outros ilustres convidados. Mas um projeto em grupo só revelado com mais detalhes por esses dias na internet , embora mantenha o espírito comunitário inglês, é totalmente inédito : uma inusitada reunião de três baixistas britânicos em uma mesma banda. O mentor do negócio, denominado Freebass, é o baixista Peter Hook (Joy Division/ New Order), que arregimentou há uns três anos, os companheiros de instrumento Andy Rourke ( The Smiths) e Gary 'Mani' Mounfield ( Primal Scream/Stone Roses), além do vocalista Gary Briggs (Haven) e o baterista Paul Kehoe, para algumas participações isoladas.
Veio agora à tona, a revelação de um disco, já em processo de mixagem, que terá participações importantes, como a de Bobby Gillespie (Primal Scream), Liam Gallagher (Oasis), Billy Corgan (Smashing Pumpkins), Tim Burgess (The Charlatans) , Ian Brown (Stone Roses) e Howard Marks, entre outras. A demo e o histórico do projeto podem ser conferidos no MySpace do Frebassuk.

1 de agosto de 2009

Mais blogs e muitos sites

Como prometi lá no início, seguem alguns links interessantes de blogs e sites. De quando em quando pretendo fazer essa listinha, para que vossos desktops fiquem abastecidos de cultura substanciosa.

Blogs:
http://www.radiobrasilmpb.blogspot.com/ - mais um espaço tramado pelo incansável Léo Engelmann
http://blog.estadao.com.br/blog/geraldonunes - blog do antenadíssimo Geraldo Nunes
http://pedroalexandresanches.blogspot.com/ - blog do jornalista musical Pedro Alexandre Sanches
http://webhermetica.blogspot.com/ - blog muito jóia sobre o rock independente brasileiro
http://conversafiada.zip.net/arch2009-06-14_2009-06-20.html - blog da Leila Pinheiro, diário sensível de uma grande cantora
http://roxmo.blog.uol.com.br/ - blog do Ultraje a Rigor c/ o inabalável Roger à frente
http://fcarvall.blogspot.com/ - blog incrível do Carvall com participação de um grande chapa: Hector Plasma
http://www.marciarfrazao.blogspot.com/ - blog da escritora Márcia Frazão, surpreendente
http://tudonatela.blogspot.com/ - página vivísima da jornalista Vivi, da minha turma da Metô
http://blonicas.zip.net/ - crônicas e artigos em um grande elenco de pensadores
http://www.diadebrinquedo.blogspot.com/ - pensamentos e versos livres de uma jovem escriba
http://ziraldo.blogtv.uol.com.br/ - novíssimo espaço do workaholic Ziraldo

Sites:
http://www.helioribeiro.com.br/ - site do emblemático radialista
http://sombrasil.ig.com.br/ - página c/ novos talentos da nossa música
http://sintoniafina.uol.com.br/ - ótimo site de um de nossos mais expressivos jornalistas, Nelsinho Mota
http://www.dicionariompb.com.br/ - dicionário musical histórico do combativo pesquisador carioca Cravo Albin
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