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Foto: Cristina Massolini |
Não tinha como eu não me encontrar com o Ruy Castro neste fim de semana. Explico. Hoje, em contagem regressiva para o fim das férias das crianças, eu e a Cris resolvemos fazer um passeio cultural em família. Lembramos da Biblioteca de São Paulo, inaugurada em 2010 no Parque da Juventude no Carandiru, local que a muito tempo pretendíamos visitar. Ontem, por pouco não rolou uma programação literária: quase fomos ao lançamento da autobiografia do Ruy Castro na Fnac Pinheiros, mas acabamos nos enrolando com outros compromissos. Hoje cedo, quando fui checar na internet se a biblioteca tinha estacionamento, vi na mesma página que a casa receberia o próprio Ruy Castro em um bate papo dentro do ciclo de palestras
Segundas Intenções. O problema é que saímos do ABC às 10:30h, meia hora antes do horário inicial da conversa com o escritor, e quando finalmente conseguimos chegar, fazer a inscrição e tirar foto no guichê para a carteirinha da biblioteca, eu tinha até desencanado do evento paralelo, já no fim. Quando estávamos entrando de fato no recinto, carteirinha em mãos, vi Ruy Castro saindo do auditório com um grupo de pessoas e não titubiei - fui a seu encontro e apertei sua mão, parabenizando-o pelo novo livro. Ele, muito solícito, agradeceu e eu na sequência disse que era um grande admirador de suas obras e que meu livro preferido entre tantos que li de sua autoria ( devorei quase todos - só falta o da Carmen Miranda e esse último) era o
Ela é Carioca, uma deliciosa obra com centenas de perfis ligados ao bairro de Ipanema, tanto pelo cordão umbilical como pelo coração. Ao ouvir isso, alargou ainda mais seu sorriso e emendou uma historinha tão deliciosa como aquelas que povoam suas biografias. Contou que um certo dia, estava andando pela editora, quando avistou, largados num canto, alguns pôsters com a divulgação do livro
Ela é Carioca. Perguntou se podia levá-los e com o OK, saiu de carro com eles amontoados no banco de passageiro. Num semáforo, para do seu lado um carro com um casal e dois filhos; o motorista, ao reconhecer o autor, não se contém, abre o vidro e grita: - "Ruy Castro, que alegria lhe ver. Sou um grande fã de sua obra!". E emenda: -" Adoro o
Ela é Carioca". Comovido com o que ouviu, só teve tempo de sorrir, dizer "Ah é?" e arremessar os pôsters na direção do seu leitor afoito. O cidadão conseguiu pegar no ar os folders assim que o semáforo abriu e mal conseguiu agradecer antes de arrancar com seu veículo. No fim, a coisa rolou tão rápida que Ruy Castro sequer viu direito a cara do seu fã. Com essa história, percebi o quanto ele tinha apreço por essa obra específica, não tão incensada como outras de sua bibliografia autoral, até por ter uma apresentação e disposição bem inusitada em comparação a uma biografia tradicional. A predileção era recíproca. Fechamos o pequeno e agradável bate-papo com o click acima, tirado pela Cris. E voltei pra casa com uma constatação: um dos meus escritores preferidos, além de ser o melhor biógrafo brasileiro, é um cara muito gente boa.
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