No comecinho do mês fui à Caixa Cultural, local estratégico no centrão de São Paulo onde encontro o amigo João Buhrer em suas vindas esporádicas à capital. Enquanto o esperava, subi ao segundo andar para apreciar a fantástica exposição do mestre Francisco Goya (1746 - 1828). Sob curadoria de Mariza Bertoli, "Loucuras Anunciadas" traz 19 enigmáticas gravuras em pranchas realizadas em ´água-tinta, água-forte e ponta seca com brunidor, sobre chapas de cobre medindo 30,5 x 43,5 cm. Datadas entre 1815 e 1820, são as últimas obras gráficas de Goya, conhecidas posteriormente como "Pinturas Negras" e que anunciavam o ingresso do artista na arte contemporânea. Inicialmente eram 22 gravuras, que permaneceram inéditas até 1864, ano em que após passar por dois donos, foram vendidas para a Academia de Belas Artes de San Fernando, que acabou publicando sob o título "Provérbios", 18 gravuras da série em 360 exemplares As quatro gravuras restantes só apareceram na França em 1877, onde foram publicadas. Nesta exposição da Caixa aparece uma delas, a número 19, identificada como "Disparate da Besta". "Disparates" contém uma série de loucuras de difícil interpretação: violência , escárnio, visões oníricas, deboche ao regime vigente, críticas aos costumes e ao clero, sexo, e também prazer e júbilo. Um final fantástico, tétrico, transgressor, de um gênio da pintura.
Capa de um exemplar de "Los Proverbios" ( 1864) |
Não está na ordem, mas esta aqui é a citada nº 19 |
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