23 de abril de 2019
Zuza, Homem de Jazz
Acabei de assistir no canal Curta! o documentário "Zuza, Homem de Jazz", da diretora Janaina Dalri. O filme estreou ontem no canal e vai passar durante a semana - amanhã (24) às 10h20, sábado às 22h15 e no domingo às 13h15. Ao lado do meu filho, que está na música, me emocionei com a trajetória cheia de surpresas de Zuza, desde o momento em que resolveu estudar música pra valer e zarpar para os EUA, onde morou por anos. Estudou na School of Jazz em Lenox, Massachussets e também na prestigiada Juilliard Scholl of Music, em Nova York. Na primeira instituição, que tinha em seu corpo docente grandes baluartes do jazz americano, teve aula com o contrabaixista Ray Brown.Na mesma época, final dos anos 50, estagiou na Atlantic Records como engenheiro de som, além de frequentar assiduamente a noite de Nova York, assistindo semanalmente shows antológicos, e iniciando sua carreira de crítico e jornalista musical, com uma coluna semanal em jornal que mandava via Varig para o Brasil. Toda essa bagagem lhe rendeu frutos futuros que sedimentaram suas ações como produtor, editor, diretor,radialista, escritor e redator, sempre "no coração" da música. Essa mistura de suór e paixão foi a conta certa para sua participação na equipe que realizou os incríveis festivais de jazz em São Paulo em 1978 e 1980 em coparticipação da TV Cultura, e que acabou abrindo a porteira para os festivais subsequentes ( Free Jazz, Tim Festival, etc). Ativo até hoje, aos 85 anos, tem programa semanal na Rádio USP (às sextas) onde desfila sua "list" diretamente dos milhares de CDs de jazz e música instrumental brasileira do seu acervo, e também ainda escreve muito - seu último livro foi 'Copacabana - a trajetória do samba-canção (Editora 34 e Edições Sesc, 2017). No fim, me emocionei não só por ver o Zuza emocionado em praticamente todo o filme - revendo histórias, amigos, locais, músicas - e de ver a própria história do jazz brasileiro seguindo em paralelo, mas também por me lembrar do encontro que tive com o Zuza em seu apartamento em São Paulo há uns anos atrás, onde me senti em casa, fui muito bem tratado e pude ver de perto sua estonteante coleção de discos - os LPs cobrem toda as paredes de um cômodo - com destaque para a música instrumental brasileira ( talvez a maior coleção nesse sentido). Zuza Homem de Mello, além de homem de jazz, é definitivamente um gentleman.
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