26 de novembro de 2010

Vida - Keith Richards (Editora Globo)

Acabei de acabar o "Mick Jagger e os Rolling Stones" e já parti para o "catatau" 'Vida' da lenda (apesar de todos os prognósticos) viva chamada Keith Richards. O livro tem mais de 600 páginas e teve um helper do escritor best-seller James Fox, chegado de Keith desde o início dos 70. O mais incrível de tudo o que li até agora ( não cheguei ainda na pág 100) é a quantidade de informações e lembranças que Richards inclui em cada parágrafo. Se tem uma coisa que as drogas não detonaram nele foi a memória: o guitarrista não tem pinta de quem fica pesquisando suas informações, então é impressionante a sequência de detalhes que ele tira da cachola e bota em suas explanações cheias de sarcasmo, minúcias e links para assuntos vários. Eu estou bem no ponto em que ele encontra Mick Jagger na estação de Dartford ( 1961), mas até chegar a esse ponto zero para a história dos Stones, o nobre Keith ( que não é nem quer ser Sir) desenterrou verdadeiras pérolas do cotidiano de Londres dos anos 40 e 50: o cenário charledickeano da pantanosa Dartford, onde nasceu sob bombardeio inimigo; as agruras e o miserê da família e dos vizinhos; os primeiros acordes junto ao avô Gus; as encrencas e dificuldades na escola; os primeiros sons via rádio e a descoberta de Elvis, Chuck Berry e os blueseiros americanos; seu período no escotismo (!!!) e por aí vai. Keith vai chafurdando sua infância e juventude em passagens tragicômicas. Conta sobre as frequentes surras que levava na rua dos valentões do bairro. Lembra do primeiro playboyzinho da escola, com sua lambreta exibindo um rabo de esquilo na ponta, e já levanta a tese de que este cara pode ter sido o precursor dos "mods" londrinos. Resgata Michael Ross, o primeiro colega com quem subiu em um palco e tocou rock. Lembra cores, frases, músicos obscuros, lugares, esbanjando fósforo da cabeça. Quando eu acabar de lê-lo, virei com mais informações sobre essa "vida" conturbada e cheia de roteiros . Pelo visto, as surpresas são sucessivas. Keith Richards sempre surpreende.

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