15 de março de 2019

Despedidas de fevereiro

Já estamos na metade de março e mesmo com essa correria-monstra que me assola nos últimos dias, não posso deixar de lembrar os que se foram no mês passado. Um mês que levou a grande diva do teatro musical brasileiro, um mineiro que sabia fazer música bonita ( e jingles), um dos Monkees ( talvez o mais descolado), o goleiro que um dia parou ( ou quase parou) o rei Pelé e abruptamente, um jornalista respeitado pela direita e pela esquerda, cuja morte acarretou uma comoção geral nas redes.
Jeremy Hardy (1961-2019) - um dos pioneiros do humor britânico ao vivo, em palcos e na rádio, Hardy trabalhou por anos na BBC e participou de vários programas na TV.
Julie Adam (1926-2019) - A atriz foi a mocinha do cultuado filme de terror "O Monstro da Lagoa Negra" (1954), inspiração para o diretor Guilhermo del Toro na feitura do oscarizado "A Forma da Água".Julie fez grandes filmes nas décadas de 40 e 50 para a telona e a partir do final dos 50 enveredou para as séries de TV.
Albert Finney (1936-2019) - um ator camaleônico, é o que se pode dizer do ator britãnico Albert Finney, indicado cinco vezes ao Oscar e protagonista da famosa comédia "As Aventuras de Tom Jones" (1963). Fez parte de grandes filmes como "Adorável Avarento" (1970) "Assassinato no Expresso Oriente" (1974), "Erin Brockovich: uma Mulher de Talento" (2000), "Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (2003), e nos últimos tempos marcou presença em filmes do OO7 e policiais.
Rosamunde Pilcher (1924-2019) - escritora do best-seller "O Catador de Conchas" (1988), produzido aos 64 anos de idade. Começou cedo na literatura, aos 25 anos, mas escrevia sob pseudônimo - só a partir do décimo livro passou a assinar com seu nome legítimo.
Ricardo Boechat (1952-2019) - o elétrico, faiscante, combativo, espirituoso e transparente Ricardo Boechat era daqueles jornalistas que mergulhavam na profissão como poucos. Suas transmissões, reportagens, comentários, aparições faziam parte do cotidiano de milhares de trabalhadores e cidadãos paulistas e cariocas, e sua morte abrupta, em acidente de helicóptero, deixou consternada e estarrecida uma legião de fãs, amigos e companheiros de labuta.
Tavito (1948-2019) - Um mineiro que sabia fazer música bonita. Compôs pérolas como "Casa no Campo" ( com Zé Rodrix), "Rua Ramalhete" (com Ney Azambuja), "Começo, Meio e Fim", "Naquele Tempo". Foi peça-chave no grupo Som Imaginário, que acompanhou Gal Costa, Milton Nascimento e lançou três discos bem consistentes, e por osmose, participou ativamente do Clube da Esquina. Era craque também em jingles - fez entre outros o pegajoso "Cremogema" ( gravado originalmente pela filha de Rodrix e Lizzie Bravo), além de temas famosos para a Copa do Mundo e Globo. Pessoalmente tive duas felicidades extremas relacionadas ao Tavito: uma quando consegui os dois primeiros discos de sua carreira, raros, graças ao amigo Marcelo Fróes e outra recentemente, quando assisti bem de perto um show seu no Sesc, com direito a bate-papo e foto no final.
Bibi Ferreira (1922-2019) - Um dos maiores fenômenos artísticos brasileiros, Bibi reinou nos musicais de teatro por décadas a fio. Filha de outro monstro, Procópio Ferreira, a atriz, cantora, produtora, apresentadora e diretora nasceu praticamente no palco, e só encerrou oficialmente sua carreira no ano passado, aos 96 anos. Fez história na TV, em peças de teatro e em musicais premiadíssimos, como Piaf, Gota d'Agua e Bibi vive Amalia.
Peter Tork (1942-2019) - Um dos integrantes do fenômeno jovem The Monkees, era um "músico" de verdade, indo contra aos que diziam que todos do grupo eram "fabricados" pela mídia. Tork era aliás multi-instrumentista e compositor e seguiu na música nas décadas seguintes, montando grupos diversos.
Roberto Avallone (1947-2019) - jornalista esportivo famoso pelos seus bordões em que terminava as frases citando "interrogação" e "exclamação", fez brilhante carreira no Jornal da Tarde como chefe de reportagem do caderno de Esportes, recebendo dois prêmios Esso. Mas foi na TV, principalmente na TV Gazeta, com suas polêmicas e "acentos", que fez sucesso junto ao público, intermediando mesas redondas de futebol recheadas de tiradas, brigas e discussões intermináveis.
Gordon Banks (1937-2019) - um dos melhores goleiros de todos os tempos, o inglês Gordon Banks foi campeão do mundo em 1966 e "quase" parou Pelé na Copa do Mundo de 70, fazendo uma defesa inacreditável que desde então vem sendo repetida em retrospectivas do futebol universal.
Mark Hollis (1955-2019) - Líder e fundador da banda Talk Talk, o londrino Mark Hollis era vocalista, tecladista, guitarrista e principal compositor da banda. Lançou apenas um disco solo nos anos 90, retirando-se em seguida da cena musical e vivendo reservadamente desde então.

Nenhum comentário:

Postar um comentário