23 de novembro de 2014

Chegadas e Partidas

Um dos poucos programas da grade atual da TV que eu paro e assisto até o fim é esse "Chegadas e Partidas" da GNT, com Astrid Fontenelle. Eu e minha mulher nunca sabemos o horário certo que passa, mas quando um localiza, chama o outro na mesma hora. O mote do programa é simples: Astrid e um câmera ficam de bituca no aeroporto observando as pessoas que aguardam ou se despedem de parentes, amigos ou namorados na beira do embarque/desembarque. Se a ideia é básica, o resultado é bem interessante - ao se aproximar, a entrevistadora consegue capturar sentimentos e emoções misturadas como saudade, esperança, tristeza, amor, solidariedade, frustração, amizade, em um momento chave em que as pessoas estão despidas de vaidade e vulneráveis e acabam naturalmente contando histórias ricas em detalhes, surpreendentes ou comoventes na medida certa. Deve-se destacar a ótima intervenção de Astrid, que sem pré-produção, consegue equilibrar bem o papo, manejando respeito, humor e atenção no momento certo. Outra boa intervenção é a trilha sonora, com músicas de bom gosto, que nos remetem à lugares, distâncias e relações. O programa já está em sua 6ª temporada, sinal do seu sucesso. Ponto para GNT, que em meio a esse atual cenário canhestro da telinha, consegue trazer emoção para o telespectador sem apelar para o sensacionalismo.
Aqui, a página do programa, com episódios e matérias: http://gnt.globo.com/programas/chegadas-e-partidas/ 
E aqui, um pouco da ótima trilha sonora: http://musica.com.br/trilhas-sonoras/chegadas-e-partidas.html 

21 de novembro de 2014

Achado 1 : Livreto Litúrgico de 1957

Desde que me conheço por gente, encontro impressos no interior de livros. Já topei com dinheiro, formulário, extrato, bilhete, passe de ônibus, cartão de visita, poesia, entre tantos outros itens, e esses achados aparentemente fortuitos na verdade acabam sendo estimulados pelo minha mania em folhear todo e qualquer exemplar adquirido para meu acervo, página por página. Esse item acima que abre a série "Achado" eu descobri no interior de um volumoso dicionário dos anos 60. Trata-se de um missal ou livreto litúrgico que se dobra em 5 páginas, contendo três orações. Além da capa, que chama atenção pelas cores e layout, o pequeno folheto se valoriza pelas inscrições finais que acusam sua idade:

             "  Imprimatur Antonius Maria, Arch. Coadj.
               Scti Pauli, die 25 dec a. 1957 "

O livreto preservou-se por mais de 50 anos no interior das páginas do dicionário, um pouco mais recente que ele, até ser descoberto por mim nesse ano de 2014. Pela sua riqueza de detalhes e idade, abre essa nova série, que promete achados surpreendentes.

20 de novembro de 2014

Foto do Mês: o primeiro Batmovel

O Leo viu do Flávio Gomes que viu do Kiko Costa: o primeiro Batmovel, feito em 1960 e abandonado depois que o famosos seriado da TV surgiu com outro carro, foi resgatado do limbo, restaurado e agora entrará em leilão.
A história está aqui: http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br/2014/11/o-primeiro-batmovel/ . E pela beleza do modelo, fica como a foto do mês.

19 de novembro de 2014

Capa do Mês:LP Carlos Poyares e Seu Conjunto - Revendo com a Flauta os Bons Momentos do Chorinho (1977)



Esse discaço eu encontrei numa loja recém inaugurada no entorno da Praça João Mendes, no centrão de São Paulo. Além de eu já conhecer o Carlos Poyares de outras gravações, não tinha como não parar, olhar, tirar da pilha, abrir a capa por inteiro, e ficar admirando essa maravilhosa arte que só o formato Long Play pode proporcionar. E só depois de babar por um bom tempo é que olhei os outro detalhes e descobri que esta obra datada de 1977 é o primeiro disco produzido pela Gravadora Eldorado - tem até um box no interior do encarte dissecando justamente isso. Por hora, incluo essa obra prima aqui no Capa do Mês, inclusive com o adesivo clássico da Bruno Blois fazendo companhia ao conjunto. Em tempo: a capa tem a assinatura de Ariel Severino.

16 de novembro de 2014

Baú do Malu 51 - Livreto original do show "O Remédio é Bossa" (26/10/1964)


Esse show foi realizado e dirigido pelo mítico radialista e produtor Walter Silva, o Pica-Pau, um dos primeiros a tocar a música Chega de Saudade em São Paulo, fazendo dela um hit retumbante, que foi bater de volta no Rio de Janeiro que por sua vez a tinha menosprezado nas rádios. Daí pro sucesso nacional foi um estalar de dedos. Em 1964, vários artistas cariocas da bossa se juntaram aos músicos paulistas e uma "fase áurea II" do gênero se instalou nos teatros ( Paramount soberano) e nos centros estudantis. Toda essa nova visibilidade da Bossa Nova ao vivo foi capitaneada por Walter Silva e um dos grandes shows do período, realizado no Teatro Paramount em 26/10/1964, foi esse "O Remédio é Bossa", em parceria com o Centro Acadêmico Pereira Barretto da Escola Paulista de Medicina. Sobre ele, o próprio Walter Silva comentou:
"Ao ver a atuação de Elis, fiquei empolgado e imediatamente convidei-a para o meu primeiro show feito para o Centro Acadêmico Pereira Barreto da Escola Paulista de Medicina, cujo título foi O Remédio é Bossa. Superou em produção tudo o que havia sido feito até então. Para que se tenha uma ideia, trouxemos Antonio Carlos Jobim, que foi saudado ao entrar no palco por dois mil botões de rosa, atirados da plateia. O conjunto vocal Os Cariocas fez uma vinheta para cada artista que era apresentado pelo conjunto - um grande sucesso. Elis roubou o espetáculo, cantando com Marcos Valle "Terra de Ninguém". Outros números obtiveram muitos aplausos, mas Elis, Tom e Os Cariocas de fato arrasaram." ( fonte: acervo Walter Silva Pica-Pau).
Além da jovem Elis ( grafada no livreto e demais peças de divulgação como Ellís Regina) um outro moço promissor iniciava sua carreira: Chico Buarque de Hollanda ( que mereceu um pequeno perfil - ver foto 6). O livreto tem muitas páginas, a maioria preenchida pelos diversos patrocinadores do evento. Filtrei o material, selecionando oito páginas ( + a capa) que achei mais pertinentes: introdução de Walter Silva; pequena ficha da equipe técnica; um curioso anúncio da loja Hi Fi da Rua Augusta;  o programa completo de músicas ( em duas páginas); um perfil ligeiro do "estudante" Chico Buarque; editorial da comissão responsável; e por fim, um anúncio "visionário" da gravadora RCA Victor. Uma bela peça, com muitos detalhes históricos para se apreciar, feita em um tempo em que músico bom brotava em cada esquina desse país.








14 de novembro de 2014

Manoel de Barros (1916 - 2014)


Manoel de Barros chegou pertinho dos cem anos. Ontem alçou voo, pra virar pólen. Quando eu o li pela primeira vez nos anos 80, esparramei-me de espasmos, despi-me de aspas e caramanchei no chão, recheado de achados. Manoel de Barros impregnou-me desde então. Foi a partir daí que passei a remoer ramos, escancarar caramujos e esbanjar abrigos. Um novo mundo, mágico, milimétrico, mítico, se revelou. Agora adeus, Seu Manoel, e obrigado por sempre estar.

Quem conhece Manoel de Barros, releia sempre que puder. Quem não conhece, procure qualquer um de seu livros. Todos são bons, mas meus preferidos são: Livro de Pré-Coisas (1985), Poesia Quase Toda (1990), O Livro das Ignorãças (1993) e Livro Sobre Nada (1996). Em 2010, saiu o Poesia Completa.
O Carlos William Leite da Revista Bula, selecionou a um tempo atrás, via voto, os 10 melhores poemas do homem. Eu tenho muito apreço e gosto pelos mais curtos, mas vale a pena ler essa lista com poemas bem fortes do poeta do centro oeste.
http://www.revistabula.com/2680-os-10-melhores-poemas-de-manoel-de-barros/

13 de novembro de 2014

Dom Pepe

Dom Pepe agitando a noite ao lado de seu "brother" Nelson Motta (Acervo pessoal Nelson Motta)
Ontem faleceu uma lenda da noite - e quem deu o toque no Facebook foi meu valoroso amigo Rick Berlitz. Dom Pepe fez o diabo entre os anos 70 e início dos anos 80 em casas noturnas cariocas com seu bordão: "Agora vocês vão pular feito pipoca", e ao lado de Big Boy e Ademir formou o trio mais importante de "bailes" ( sim, era assim que chamava quando eles começaram) e discotecagem do Rio de Janeiro. Um de seus grandes amigos pela vida, Nelson Motta escreveu um texto bem completo sobre Dom Pepe na rede, deixando claro que o conhecia mesmo como um irmão. Transcrevo-o aqui, na íntegra, como homenagem a esse grande "agitador" e "missionário do divertimento":

"Fazendo a pista pular feito pipoca, Morro da Urca, 1979"

Por Nelson Motta

Hoje perdi meu mais antigo e querido amigo. Nos conhecemos aos 8 anos de idade e nunca nos separamos. Além de um pioneiro da discotecagem nas noites cariocas ao lado de Big Boy e Ademir, Dom Pepe era um DJ sensacional – como sabem todos que dançaram e se alegraram com suas músicas no Dancin’ Days, no Noites Cariocas, na Paulicéia Desvairada e no African Bar. Mas sobretudo foi um ser humano raro no afeto, no companheirismo e na alegria. E no talento para viver e fazer amigos.
A identidade secreta de Dom Pepe era Luiz Francisco, mas só sua mãe o chamava assim. Rosa era cozinheira na casa de um desembargador vizinho de minha família, num edificiozinho do Bairro Peixoto, e Dom Pepe foi criado pelo desembargador junto com os filhos da casa. Era educado, estudou no Pedro II, falava inglês. Aos 20 anos ficou conhecido em Ipanema como ”Pelé”, e era o discotecário da boate Sucata, de Ricardo Amaral, num tempo em que todo neguinho carioca era chamado de Pelé. Mas logo foi para Londres, onde conviveu intensamente com Julio Bressane, Neville de Almeida, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Hélio Oiticica e outros brazucas exilados. E como “Peleh” não funcionava com os ingleses, ficou conhecido como Dom Pepe. Para sempre.
E mais, se casou com uma grega, Anouska, com quem ficou até o fim da vida. Circulou pela Europa inteira fazendo amigos e divertindo as pessoas com seu humor, sua malandragem e seus discos de música brasileira.
Nos reencontramos em 1976, quando ele voltou ao Brasil e o chamei para ser o apresentador do festival Som, Sol e Surf, em Saquarema, estrelado por Rita Lee, Raul Seixas e Angela Rorô. E não nos desgrudamos mais. Primeiro na discoteca Dancin’Days, que deve muito do seu sucesso tanto às Frenéticas como ao DJ Dom Pepe, que incendiava a pista com petardos musicais e gritava, às
gargalhadas, “ agora você vão pular feito pipoca”.
No Noites Cariocas, em 1980, com o fim da disco music, ele lançou com Julio Barroso a “Música Prá Pular Brasileira”, fazendo a pista ferver só com discos de artistas brasileiros de rock, samba, frevo, samba-rock, baião, Rita Lee, Tim Maia, Pepeu Gomes, Zé Ramalho, Banda Black Rio, não ficavam devendo nada às melhores pistas do mundo – como sabem os muitos gringos que subiam ao Morro da Urca e pulavam feito pipoca.
Em 1982, Dom Pepe foi à Copa do Mundo na Espanha e se tornou
personagem de meu livro “Resenha esportiva”, com nossas aventuras em Sevilha e Barcelona, registrando suas incontáveis tiradas que provocavam gargalhadas em várias línguas.
Depois de discotecar mil e uma noites no Morro da Urca, misturando seu som com o de Lulu Santos, Paralamas, Titãs, Barão Vermelho, Blitz, Gang 90 e as Absurdettes e mais de 150 bandas de rock dos anos 80, Dom Pepe foi passar uma temporada em Roma, onde já estávamos eu e Euclydes Marinho, e vivemos seis meses de algo muito próximo da felicidade plena e fugaz na Cidade Eterna.
Comendo, bebendo, rindo, fumando haxixe, nos divertindo com os italianos e passeando pelas ruas de Roma falando da vida e da arte e da beleza que nos rodeavam dia e noite. Como irmãos.
Ao longo de 62 anos, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, nos sucessos e nos fracassos, nas paixões correspondidas e nas dores de corno, nos momentos de glória e nas rebordosas monumentais, nas grandes jogadas e nas roubadas, estive mais próximo de Dom Pepe do que de minhas irmãs de sangue, foi um irmão por escolha que me ensinou muito da vida, da música e da amizade.
Nossa aventura seguinte foi o African Bar, em 1987, uma ideia dele baseado, e bota baseado nisso, numa boatezinha africana que viu em Roma. Era uma casinha de dois andares no Leblon, que tinha um piano bar com Johnny Alf ( ! ) no térreo e no andar de cima uma pista de dança com Dom Pepe lançando a novidade do samba-reggae do Olodum e da Banda Reflexus, o novos sons afro que vinham da Bahia, e mais: com quatro percussionistas tocando ao vivo junto com o disco. A pista explodia.
Nossa ultima temporada na noite foi em 1990, com o Mamma Africa, no Morro da Urca, outra ideia dele, que era uma versão de massa do African Bar, com tudo aumentado, doze percussionistas tocando ao vivo com o som de Dom Pepe e grandes shows de artistas com pegada afro-brasileira.
Com sua inteligencia, sua simpatia e seu humor, Dom Pepe era um príncipe da malandragem carioca, exímio dançarino e marrento vocacional, que passou a vida alegrando as pessoas e fazendo amigos de todos os sexos e gerações. Se dava bem em qualquer ambiente, de favelas as coberturas da Vieira Souto, mas seu habitat natural era o Arpoador, onde pediu que suas cinzas fossem jogadas ao vento e ao mar.
Hoje Dom Pepe se foi, em silencio. Mas toda a música e alegria que ele espalhou durante 30 anos vive nas melhores memórias de todos que ele fez pular feito pipoca. Adeus, bróder, obrigado por tudo.

11 de novembro de 2014

Um porteiro de portas abertas para a cultura

Foto: Danilo Verpa/Folhapress
Numa excelente reportagem da colega Karla Monteiro, da Ilustrada, publicada na Folhona de 07/11/2014, inspirada por pesquisa recente, quatro pequenos perfis de paulistanos comuns e seus hábitos culturais chamaram a atenção por seu lirismo e paixão. Como esse do porteiro José Carlos da Silva no link abaixo. Depois de ler sua história, dá uma baita vontade de visitar essa figura com uma caixa de livros à tiracolo ou acompanhá-lo em seu passeio habitual até a Pinacoteca. Sua lealdade aos livros e à arte e a perseverança de aprendizado e busca de sabedoria são exemplares. Os outros textos da reportagem podem ser lidos em sequência na íntegra no segundo link

10 de novembro de 2014

Diário Popular 130 anos

Olha quem estava nas bancas hoje! o velho Diário Popular, em elegante formato tablóide e 64 páginas, comemorando os 130 anos de sua fundação em edição recheada com os melhores (e piores) acontecimentos do período. A edição foi vendida a parte do Diário de S.Paulo - pra quem não sabe o Diário de S.Paulo sucedeu o velho Diário Popular - com o preço de capa a R$4,90. Já foi pro arquivo...
Foto Cris Massolini

7 de novembro de 2014

Google presta homenagem aos 113 anos de Cecília Meirelles

O Google cria outro doodle especial em homenagem a uma personalidade brasileira, e a escolhida desta vez é a escritora Cecília Meirelles, ícone da nossa literatura, completando 113 anos hoje. O Techtudo fez uma matéria bem completa sobre a autora, lembrando também outras homenagens concedidas à ela.
http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/11/cecilia-meireles-e-homenageada-em-doodle-do-google.html

Jô presta homenagem ao filho

Jô Soares abriu seu programa na última segunda-feira de forma bem diferente do habitual. Seu filho Rafael falecera no dia 31/10 aos 50 anos e ele brilhantemente e com muita emoção, fez essa homenagem sincera na abertura do seu Programa do Jô. No depoimento, além de falar sobre o autismo do filho e suas particularidades, que o fazia ter alma e coração de criança, também comentou sobre o ouvido perfeito do filho e sua emissora de rádio montada em casa, onde religiosamente e pontualmente transmitia seus programas internos/particulares, com a little help de seus amigos Derico ( músico que está com o Jô há anos), que lhe ajudava nas vinhetas e o radialista da Rádio Globo Rio Roberto Canázio. Um momento muito triste, mas que com muita delicadeza, admiração, enaltecimento e humildade, Jô conseguiu transformar em comovente homenagem.
http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/jo-abre-o-programa-de-forma-diferente-e-faz-uma-homenagem-ao-filho-rafael/3740735/

5 de novembro de 2014

Astronauta - Singularidade tem seu primeiro preview

Foi de encher os olhos o primeiro preview de Astronauta - Singularidade, sequência do ótimo Astronauta - Magnetar para a coleção Graphic MSP. A obra de Danilo Beyruth, com a elegante cumplicidade de Cris Peter mais uma vez nas cores, promete muita ação e mistério, visto essa sequência arrasadora de imagens divulgadas hoje pelo capitão e paladino da série, Sidney Gusman. Se no primeiro, Danilo expressou magistralmente em closes e ângulos a solidão do protagonista nos confins do espaço, desta vez o autor parece explorar a interação do Astronauta com outros personagens, dentro de uma trama de suspense. Os preços estão mantidos: R$19,90 para a edição com capa cartonada e R$29,90 para a edição luxo, com capa dura. Não percam, em dezembro, nas melhores casas do ramo.



3 de novembro de 2014

Blog do Cubinho!

Com sete, oito anos, eu esperava ansiosamente a chegada do meu pai do trabalho, sempre com um fascículo interessante das bancas nas mãos, um gibi da Abril ou da Bloch, e pelo menos dois jornais, geralmente a Folha da Tarde e o Diário do Grande ABC. Na FT, vespertino do grupo Folha ( hoje Agora SP) eu acompanhava diariamente as tiras de jornais do endiabrado Nico Demo de Mauricio de Sousa. E no DGABC, além da turma da Mônica toda, adorava um personagem cúbico, parecido com um cachorro, que vivia botando a boca no trombone. Esse figurinha contestador era criação do jovem artista Mário Mastrotti e seu nome,bem de acordo com sua estrutura física, era Cubinho. Ele ficou amarelo só algum tempo depois - nesses meados dos 70 ainda era preto e branco. O seu pioneirismo em tratar de temas até então relegados ao limbo nos quadrinhos, como ecologia, direitos humanos, crenças, segurança, filosofia, pacifismo, entre outros, coloca ele como um dos mais importantes personagens da nossa história em quadrinhos. Com 39 anos de existência ( ainda é publicado em jornais da região do ABC), completados em 22 de julho deste ano, está mais do que na hora dos estudiosos de plantão olharem para esse protagonista com mais proximidade e aprofundamento. Cubinho continua firme e forte, remando contra a maré e lutando por um mundo melhor nas páginas da nossa imprensa. Iniciando já em 2014 as comemorações dos 40 anos do personagem, Mastrotti - que hoje, graças as voltas que esse mundão dá, faz parte do meu rol de amigos - lançou um blog no meio do ano em homenagem ao Cubinho. Confiram:  http://personagemcubinho.blogspot.com.br/

2 de novembro de 2014

Coll Tours, um aplicativo para se aproximar da arte e da cultura de São Paulo

Essa dica especialíssima veio da minha esposa Cris: um aplicativo cultural, ao estilo de um guia completo, chamado Cool Tours, que pode ser baixado para o celular e traz todas as atrações culturais e artísticas mais próximas de onde você estiver, no perímetro da cidade de São Paulo. Com os ícones disponíveis pode-se ter uma ficha completa dos locais e suas atrações, obter uma lista das atrações imperdíveis do momento e ainda ter opções para se saber quais os pontos mais próximos do local onde o aplicativo é acionado e também todos os roteiros juntos de uma mesma região. Para saber, mais, a página do aplicativo é esta: http://www.cooltours.com.br/

30 de outubro de 2014

Reportagem especial do Jornal RedeTV News mostra tesouros do colecionador Adriano Rainho

Folha de S.Paulo
Eu conheço o Adriano Rainho faz um certo tempo, não ao vivo, mas das várias negociações e conversas que já tivemos via internet. Se a sua paixão pelos quadrinhos já era óbvia pra mim, ficou ainda mais latente depois que assisti a essa reportagem especial da Rede TV, transmitida no dia 28/10. Quem me passou os links foi o próprio Rainho e com razão de sobra, estava esfuziante por finalmente poder mostrar sua participação no telejornal, depois de alguns adiamentos da produção. Vale a pena ver as preciosidades guardadas pelo colecionador, em um acervo recheado de raridades, desde a Gazeta Juvenil dos anos 30 com a primeira aparição do Superman no Brasil, passando por almanaques e itens Disney difíceis de aparecer por aí, álbuns de figurinhas com mais de 70 anos de idade e a mais completa coleção do Brasil sobre Tex Willer, seu personagem preferido. Uma grande coleção ( tanto em quantidade como em importância) não se faz só com dinheiro e espaço - a paixão e o cuidado são seus maiores protetores. Esbanjando todos esses quesitos, Adriano Rainho é sem dúvida, um dos grandes colecionadores brasileiros da nona arte. Seguem os dois links com a reportagem completa:
http://mais.uol.com.br/view/15253907
http://mais.uol.com.br/view/15253909
E para complementar, uma matéria bem recente que saiu na Folha de S.Paulo sobre o colecionador:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/10/1534426-apos-fechar-escola-de-informatica-empresario-vive-da-venda-de-gibis.shtml

29 de outubro de 2014

Tom Zé, Criolo e a banca de jornal

Divulgação
Divulgação

Ontem parei pra ver o ótimo Vitrine da TV Cultura e lá estava o essencial Tom Zé, elétrico como sempre, do alto de seus setenta e lá vai cassetada, cheio de ideias, opiniões e planos. Em seu número musical com a banda, ao vivo no estúdio, lançou uma pérola que eu desconhecia e depois descobri ser uma parceria sua com o Criolo. A música segue aquele impulso esquizofrênico, com pitadas de samba e atonais que distinguimos de longe ser do Tom Zé; a letra me chamou muito a atenção - e creio eu ter sido feita a quatro mãos - por enfiar em sua métrica, diversas revistas conhecidas que cansamos de ver penduradas ou encavaladas em prateleiras de bancas Brasil afora ( incluindo a Cigarra como uma antepassada de todas elas). Como um revistólatra e frequentador/fuçador de bancas de jornais, sebos e livrarias, fiz questão de colar a letra inteira abaixo e claro, o vídeo logo em seguida. Viva Tom Zé! Salve Criolo!

Banca de Jornal 

Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
A formiga carrega a folha
Do estado de são paulo ao piauí
Enquanto isso a cigarra quer ser vip
Pra sair contigo na capa da ti-ti-ti
Caras, quem pra matar
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
A formiga carrega a folha
Do estado de são paulo ao piauí
Enquanto isso a cigarra quer ser vip
Pra sair contigo na capa da ti-ti-ti
Caras, quem pra matar
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
Caras, quem pra matar
(de Tom Zé/ Criolo)
https://www.youtube.com/watch?v=q4qqkrLquQs

26 de outubro de 2014

Tim Maia - O Filme

divulgação
Um dos filmes mais aguardados da temporada é "Tim Maia - O Filme", dirigido por Mauro Lima - de "Meu Nome Não é Johnny", com estreia marcada para o dia 30/10. O longa conta com dois atores interpretando Tim Maia - Robson Nunes em sua fase anterior ao sucesso ( até 1969) e Babu Santana daí em diante. No elenco também há a presença de atores globais bem conhecidos, como Cauã Raymond, num papel de destaque como o amigo Fabiano ( na verdade o cantor Fabio, chamado assim por Tim na intimidade) e Alinne Moraes, como Janaína/Janete, grande paixão do cantor. A cinebiografia aliás, foi baseada em dois livros - do próprio Fábio Stella, que escreveu " Até Parece que Foi Sonho: Meus Trinta Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia" e "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", de Nelson Motta, formando um roteiro que traz a narrativa a partir do ponto de vista do amigo Fábio. Roteiro esse que percorre cinquenta anos na vida do carioca Sebastião Maia, desde a sua infância até a morte aos 55 anos, incluindo seu início musical com a turma da Tijuca, sua passagem pelos EUA, quando descobriu o soul e foi preso por posse de drogas e roubo, sua insistência em mostrar suas músicas na volta ao Brasil, o sucesso a partir de 1970, a carreira errática, com furos, drogas, idas e vindas pelas gravadoras, sua passagem meteórica pela seita Universo em Desencanto/Racional, seus desencontros amorosos ( e uma grande paixão permeando tudo), a fundação de sua gravadora própria, entre tantos momentos polêmicos e rebeldes.
Um filme que tem tudo pra dar certo.
Acompanhem o trailler oficial e pequenos trechos selecionados, abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=h5ZsRsfSep8
https://www.youtube.com/watch?v=vDc3wr_WIS0
https://www.youtube.com/watch?v=6-HdBiYlvEI
https://www.youtube.com/watch?v=NlbYVVIplGI

23 de outubro de 2014

Capa do Mês: Serafina outubro de 2014

Patti Smith, madrinha punk, musa do CBGB, poeta pós-beat de Nova York, amiga de quase todos os beats, chegada de Dylan, de Hendrix , chapa dos Velvet Undeground e de Andy Warhol, compôs com Bruce Springsteen e com Fred Sonic Smith do MC5 (com quem casou), participou de filme do Godard, é sogra de Meg White ( ex-White Stripes), namorou Sam Shepard e também o fotógrafo Robert Mappethorpe, figura central do seu livro "estouro" "Só Garotos", compôs também com o músico irlandês Kevin Shields do My Bloody Valentine, participou de disco do Flea, é truta de Johnny Depp e já trocou muita idéia com Michael Stipe (ex-R.E.M.) - com Janis Joplin, foi uma noite inteira no Chelsea Hotel. Patti Smith está com 67 anos e assim como quando tinha 17, 27, 37, 47 e 57, não para de agitar a vida e produzir coisas úteis. Patti Smith está para lançar mais um livro de memórias - se ficar no nível do primeiro, promete arrebentar de novo! Essa bela e sóbria capa da Serafina da Folha de outubro fica por aqui como capa do mês. A foto que a ilustra é de Maud Bernos.

20 de outubro de 2014

Os clipes do Fantástico nos anos 70

O Fantástico já passou por diversas fases em seus mais de 40 anos no ar - algumas inovando com quadros surpreendentes, outras constrangendo com fiascos e equívocos. Uma das ideias mais interessantes que rolaram no programa de domingo foi a produção de clipes de artistas da MPB. Os vídeos eram realizados inteiramente pela Rede Globo e o foco eram lançamentos (mas também podia rolar um "ao vivo"). Separei só os da primeira década do programa, pois pega uma época em que os clipes eram feitos "na unha", sem muita ajuda tecnológica e a criatividade precisava se sobressair de qualquer jeito. Confesso também que separei essa década, porque sempre adorei essas músicas todas e assobiava cada uma entre minhas brincadeiras e traquinagens de infância.

Gilberto Gil - Não Chore Mais - https://www.youtube.com/watch?v=-RLfzc2O0ks
Joyce - Clareana - https://www.youtube.com/watch?v=UD_zA3R_Y8c
Zé Ramalho - Admirável Gado Novo - https://www.youtube.com/watch?v=8cTTnPPj418
Simone - Cigarra - https://www.youtube.com/watch?v=qUX-aYPZQv0
Paulinho Tapajós - Caminho de Santiago (1974) - https://www.youtube.com/watch?v=fNLCF4QjSpQ 
Beth Carvalho - Olho por Olho - https://www.youtube.com/watch?v=gLZlsfEB6Ko
Raul Seixas - Há Dez Mil Anos Atrás -https://www.youtube.com/watch?v=6xJsQgnZltI
Ednardo - Pavão Mysteriozo - https://www.youtube.com/watch?v=g8fTcdTyJXs
Jorge Ben -Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas - https://www.youtube.com/watch?v=5oO0ZxrMmjU
Elis Regina - O Bêbado e a Equilibrista (1979) - https://www.youtube.com/watch?v=mcYCP1nEdUA
Ivan Lins - Cartomante - https://www.youtube.com/watch?v=oKJ5WW3Kpy0



16 de outubro de 2014

Voltolino na revista O Pirralho

O Pirralho nº 4 - 02/09/1911
O Pirralho nº1 - 12/08/1911

Uma das minhas diversões favoritas nos últimos tempos é pesquisar as publicações do séc XIX e início do século XX disponibilizadas na vasta busca da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Não que só tenha esse período na coleção - dá pra pesquisar também jornais e revistas publicados até os anos 1970 - mas já que as raridades estão lá disponíveis, prefiro mergulhar no mais raro. A revista Pirralho, fundada pelo modernista Oswald de Andrade em 1911, foi uma das que me encheram os olhos, tanto por sua qualidade como pelo conteúdo inteligente e perspicaz. Oswald, embora muito novo, estava em seu auge criatrivo como editor e todo o germe do modernismo que se institucionalizou em 1922 na famosa semana de arte, já estava embutido nessa fantástica revista O Pirralho, que de infantil, como o nome poderia supor, não tinha nada - sua verve era mesma política, literária, artística e principalmente de humor, e o objetivo editorial, repensar a arte e os costumes sociais vigentes até então. Além da sombra fértil de Oswald como editor e redator ( assinando como Oswald Jr, já que seu pai, José Oswald, era o real proprietário da revista), e intelectuais de calibre entre os colaboradores, como Olavo Bilac e Guilherme de Almeida, quem deixou marcas indeléveis no sagaz periódico foi o ilustrador e cartunista Voltolino ( cujo nome de batismo era Lemmo Lemmi), com sua pena que ia no ponto certo da crítica e cutucava feridas como ninguém, sempre com um pouco de mercúrio cromo na outra mão para não haver sangramento inútil. A sua mordacidade convivia muito bem com outra característica de sua crônica ilustrada: a visão aguçada dos costumes e comportamentos mundanos. Ficou até 1918 na revista, um pouco antes do fim da publicação, mas nesse período de seis, sete anos como ilustrador voraz e constante, pôde exercitar e experimentar técnicas e formatos até então pouco usuais na imprensa brasileira. Essa sua colaboração no O Pirralho merecia/merece um estudo mais aprofundado dos especialistas. Selecionei lá em cima duas páginas de Voltolino no periódico, propositadamente na linguagem HQ. E no link abaixo tem todo o perfil da revista elaborado pela equipe da Hemeroteca:
http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/o-pirralho