14 de junho de 2014

Max Nunes e Marlene: dois contemporâneos se despedem

Divulgação

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Os dois nasceram em 1922 e se despedem nesse junho de 2014: Max Nunes, humorista, produtor, roteirista de rádio, teatro, cinema e TV, médico, compositor, colunista de jornal e um frasista de mão cheia; Marlene, rainha do rádio, musa dos cassinos, referência em moda e uma das grandes intérpretes da música brasileira.
Max Nunes se formou médico em 1948 e exerceu a profissão como cardiologista até os anos 80. Mas antes de se formar, o humor e as artes já estavam profundamente ligadas à sua vida: além de seu pai, Lauro, ser jornalista na rádio e humorista com livros publicados sob o pseudônimo "Terra de Sena", Max foi vizinho de Noel Rosa em Vila Isabel, e embora molecote, acabou se tornando amigo do mitológico compositor carioca. Com esse ares propícios, participou na infância de programas e concursos radiofônicos que acabaram abrindo-lhe as portas para sua estreia como roteirista no programa de Barbosa Jr., em meados dos anos 40. Logo estava escrevendo para o cinema ( "E o Mundo Se Diverte", de Watson Macedo) e trabalhando em programas da Rádio Tupi, como "O Amigo da Onça" e "A Queixa do Dia". Enquanto escrevia para o teatro de revista ( durante sua carreira foram 36 peças) e para os jornais (Tribuna da Imprensa e Diário da Noite) , estourou na Rádio Nacional com "Balança Mas Não Cai", que virou referência para o humor que se faria depois, ganhando versões para o teatro de revista, o cinema e a televisão. Chegou à TV nos anos 60 como roteirista da Excelsior e logo estava na TV Globo, onde fez uma extensa parceria com Jô Soares, que se manteve no SBT, quando o humorista foi fazer no canal do SS o talk show Jô Onze e Meia nos anos 80 e continuou na volta à Globo, em 2000, com o Programa do Jô nos mesmos moldes. Mesmo com 92 anos, Max Nunes, que também se imortalizou como coautor da marchinha "Bandeira Branca", ainda acompanhava de perto o talk show do amigo, como conselheiro. A sua verve de frasista e cronista pode ser comprovada na coletânea "Uma Pulga na Camisola - O Máximo de Max Nunes", obra organizada por Ruy Castro (capa abaixo).

Marlene, que faleceu ontem, nasceu Vitória Bonaiutti em São Paulo, onde ainda bem nova, se transformou em uma das maiores estrelas da Rádio Tupi. Foi na Tupi que adotou o nome artístico Marlene em homenagem à diva do cinema Marlene Dietrich. Em 1943 mudou-se para a então capital brasileira e no Rio passou a atuar nos grandes cassinos da época. Com a proibição do jogo e o fechamento das casas, transferiu-se naturalmente para as rádios cariocas, além de atuar no cinema e como crooner do Golden Room de Copacabana por longa temporada. Estreou em disco em 1946 e nesse mesmo ano fez tremendo sucesso com a marcha "Coitadinho do Papai". Sua carreira deslanchou em 1948, quando foi contratada pela Rádio Nacional e tornou-se uma de suas principais estrelas, conquistando no ano seguinte o título de "Rainha do Rádio". Com prestígio, ganhou programa próprio e reinou até o fechamento da emissora, mantendo salutar disputa com Emilinha Borba durante toda a década de 50. Sua interpretação única e marcante eternizou músicas como Lata D'água na Cabeça, Sapato de Pobre, Eva, Qui Nem Jiló, Zé Marmita, Isso é lá com Santo Antonio, entre tantas outras. Em 2013 foi lançado pela Editora Imprensa Oficial o livro "Marlene - A Incomparável", escrito pela jornalista Diana Aragão ( capa abaixo).

Acompanhem nos links abaixo, um documentário sobre a rainha do rádio Marlene ( feito por alunos da Faculdades Integradas Helio Alonso) e  trechos comemorativos da "Grande Família" original ( via Vídeo Show), uma das criações de Max Nunes.
https://www.youtube.com/watch?v=KOS2Bpsnls0 
https://www.youtube.com/watch?v=nVYbIXHTjIg



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