21 de fevereiro de 2015

Oscar 2015 : Boyhood, interessante e pretensioso / Hotel Budapeste: corajoso e eletrizante



Dentre os filmes que podem levar o Oscar deste ano, consegui assistir dois : o interessante "Boyhood, da Infância à Juventude", e o movimentado O Grande Hotel Budapeste. O primeiro foi filmado em 12 anos (sem vazar na mídia, o que é um feito e tanto) e traz pretensiosamente para a telona uma nova perspectiva cinematográfica do envelhecimento natural dos personagens. É uma experiência sensorial inédita ver o ator principal começar o filme com 9 anos e terminar com 21, mas se há esse lado instigante que te leva pra dentro da história, o próprio enredo não ajuda muito nessa sinergia e o resultado final acaba um tanto monótono e arrastado. Acredito que futuramente outros diretores usarão essa nova fórmula - que deve levar à exaustão todos os envolvidos - acrescentando mais recheio e emoção à narrativa. Em tempo: o ator Ethan Hawke, que interpreta o pai do garoto do título, concorre à ator coadjuvante. Merecido, pois trabalhou com garra e leveza nessa película, embora tenha que superar atores magistrais como Edward Norton ( sempre ele), Mark Rufallo ( que dizem, está irreconhecível em "Foxcatcher") e o veterano Robert Duvall. Já O Grande Hotel Budapeste, inspirado na obra do escritor austríaco Stefan Zweig , escritor inglês que se suicidou em Petropólis ( veja o perfil dele aqui: http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/08/o-brasil-e-o-novo-filme-de-wes-anderson-tem-algo-em-comum-voce-sabe-o-que.htm ), é mais um instigante e ágil filme multicolorido do diretor Wes Anderson (numa produção alemã/inglesa), com sua narrativa peculiar, seus personagens cativantes e bizarros, seu toque fantástico em cenas corriqueiras ( com o uso de marionetes, miniaturas e pinturas) e seus enquadramentos de cair o queixo. Na verdade, o diretor se aprofundou na própria vida aventureira e sofisticada de Zweig para compor o protagonista, um refinado concièrge de hotel que se vê deslocado da brutalidade e crueza dos tempos de guerra. Há uma dúzia de ótimos atores no longa, a começar por Ralph Finnes, que merecia pelo menos estar entre os indicados (a categoria está disputadíssima este ano). Os outros que enfileiram-se no elenco, alguns em cenas relâmpagos, perfazem um time estrelado: Bill Murray, Willem Dafoe, Edward Norton, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Jude Law, Owen Wilson e Tilda Swinton ( irreconhecível também), entre outros. Tony Revolori, como o novato mensageiro consegue se destacar entre tantos cobras. Wes não titubeia com tantos talentos e mostra que sabe trabalhar muito bem com uma grande leva de personagens, sem perdê-los na narrativa. Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" e o próprio "Boyhood" são os favoritos ao grande prêmio do cinema. Pelo que dizem, Birdman é inovador e surpreendente, com sua tomada que parece única. Vou tentar assistir antes da cerimônia para poder comparar com o Hotel Budapeste. Este último, por enquanto, é o meu favorito.

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