Tomie Ohtake chegou ao Brasil a passeio em 1936, mas gostou tanto daqui que acabou ficando. Casou no ano seguinte e embora já pintasse por hobby em seu Japão natal desde nova, decidiu focar na família por uma década e meia. Em 1952 retornou à arte, dessa vez de forma mais segura, após visitar uma mostra no MAM do pintor japonês Keya Sugano. Vários críticos e merchands na época incentivaram-na a continuar experimentando, entre eles Mario Schenberg e Geraldo Ferraz. Com esse incentivo na alma, Tomie se aproximou a partir de 1954 do abstracionismo, mas sem se envolver com os cânones acadêmicos. Estava aberto o caminho de experimentalismo e dualidade que perdurou por toda sua carreira artística. Força e suavidade, leveza e aspereza. E sempre com muita poesia. Naturalizou-se brasileira na década de 60, época crucial para a afirmação de sua pintura abstrata única - foi esse o período de suas famosas pinturas às cegas. Já nos anos 80, a linha curva vira o eixo de suas esculturas e a partir dos anos 90, transparência, profundidade e um ar etéreo fazem com que sua arte extrapole horizontes terrestres, como se acolhesse paisagens siderais diversas. Tomie, embora reservada e instrospectiva, mas sempre muito querida. foi grande amiga de Haroldo de Campos e Yoko Ono, entre outros artistas. Virou a "dama das artes plásticas brasileiras" e suas obras estão espalhadas por todo o Brasil, principalmente em São Paulo, terra que a acolheu. Aqui pertinho de mim, no paço de Santo André, tem uma obra recente sua ( veja link abaixo), assim como no Memorial da América Latina, estações de metrô e ruas ( o outro link abaixo, com as principais obras em São Paulo) . Trabalhou até o fim, até o último minuto de seus 101 anos, dois meses e 22 dias. Ontem, inevitavelmente, a morte levou a incansável guerreira.
http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=53992
http://vejasp.abril.com.br/materia/guia-obras-publicas-tomie-ohtake-sao-paulo/
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