Já faz um bom tempo que eu penso em fotografar o (ainda) grande número de azulejos artísticos que se espalham pela minha região ( ABC Paulista). Eles são de um tempo em que o quintal, as fachadas, as paredes de entrada e os terraços eram locais sagrados da casa ou do estabelecimento comercial, pontos iniciais no ritual de boas vindas aos visitantes e portanto, deveriam ter uma decoração à altura. Os azulejos artísticos, assim como as estátuas de jardim e oratórios, são detalhes obsoletos em tempos de espigões de concreto e imóveis de escritórios para alugar. Para não perder de vista essas maravilhosas obras de arte, que geralmente retratam o cotidiano, as paisagens e a religiosidade, inauguro a série AZULEJOS com esses dois azulejos magníficos que eu descobri intactos no interior de uma marcenaria na Avenida da Paz, em Utinga, Santo André. O achado fica bem próximo da divisa entre as cidades de Santo André e São Caetano, em um local estratégico ao lado da estação de trem de Utinga ( a antiga linha Santos-Jundiaí). Em meus tempos de criança, ia a este mesmo local com meu tio e primo - na época era um bar muito frequentado à beira das porteiras dos trilhos - e lembro que as paredes eram exatamente do mesmo jeito que encontrei agora, com os painéis no alto em fundo claro e a parte inferior recoberta de azulejos pretos e amarelos. Parabéns ao antigo proprietário e ao seu Luiz Viabone, que gentilmente abriu suas portas para esses registros e que faz questão de preservá-los até hoje. Coisa rara e louvável de se ver. Os dois painéis azulejados retratam paisagens do centro da capital São Paulo, mais especificamente o Parque Dom Pedro ( onde se vê claramente o grande prédio do Banespa ao fundo) e tem a assinatura do "Ateliê Mural ( ou Moral)", seguido de um telefone com 5 dígitos!
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