12 de março de 2010

Glauco

Quantos anos! sou assinante do UOL desde que trabalhava na Editora Abril no início dos 90, e um dos meus hábitos diários desde aquele tempo, era procurar as charges e quadrinhos da incrível trinca Laerte/Angeli/Glauco ( Los 3 Amigos, Angel Villa, Laertón e Glauquito), que vinha publicando esporadicamante desde os anos 70 na Folha de São Paulo, conquistou espaço definitivo no jornal a partir de 1984, e com o advento da internet nos 90, surgiu automaticamente no portal UOL, do mesmo grupo Folha.
Mas bem antes, e eu até postei outro dia aqui, já via os desenhos peculiares de Glauco e Angeli na última página do suplemento Folhetim no início dos anos 80, época em que meu pai comprava a Folhona. Um pouco depois, colecionei a saudosa Chiclete com Banana, revista que marcou os anos 80, com quadrinhos antológicos de Angeli, sempre com convidados especialíssimos, e entre eles, claro, Glauco e Laerte. Foi nesse período que surgiram os primeiros projetos como Los 3 Amigos ( postado aqui também), que teve a adesão posterior de outro louco do bem, Adão Iturrusgarai ( autor de Aline). Com o sucesso da Chiclete, surgiram alguns anos depois "filhotes" editoriais como "Piratas do Tietê" de Laerte, "Geraldão" do Glauco, e "Níquel Náusea", de Fernando Gonsales.
Bom, escrevi todo este histórico pra homenagear Glauco Villas Boas, um dos maiores cartunistas/chargistas/quadrinistas do Brasil, premiado no Salão de Piracicaba, um dos artistas mais ativos a partir do final da Ditadura, autor de diversos personagens marcantes como Geraldão, Geraldinho, Dona Marta, Zé do Apocalipse e Doy Jorge. Triste, porque não é um post-homenagem em vida, como eu bem gostaria. Hoje de madrugada, o cartunista de 53 anos foi morto covardemente dentro da sua casa em Osasco, em tentativa de assalto e sequestro que também levou a vida de seu filho Raoni, 25 anos.
O seu desenho sarcástico, irreverente, doido, veloz vai ficar pra sempre na história do humor brasileiro. Matam-se pessoas, sonhos, projetos, mas a arte, soberana arte - talhada, pintada, desenhada, encenada - essa ninguém mata.

Tiras de Glauco, publicadas no espaço Humor do UOL: http://www2.uol.com.br/glauco/
Obras disponíveis no mercado: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u705854.shtml

2 comentários:

  1. Dois complementos:
    As investigações posteriores descartaram a possibilidade de assalto e sequestro. O suspeito ( preso hoje na divisa Brasil- Paraguai)é ex-frequentador da igreja fundada por Glauco e segundo testemunhos, estava delirante quando cometeu o brutal assassinato.
    O outro complemento é sobre a data do primeiro desenho de Glauco na Folha de Sao Paulo. Segundo Paulo Ramos, no Blog dos Quadrinhos, o ano correto é 1983 e não 1984, como se noticiou.

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  2. Comentário do comentário anterior; onde se lê primeiro desenho, leia-se primeira tira, pois Glauco já colaborava esporadicamente com a Folha desde 1977.

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