4 de maio de 2016

Prince (1958-2016), Fernando Faro (1927-2016) e Billy Paul: grandes que se vão...


O genial Prince faleceu no dia 21/04. Mesmo quem não curte tanto o som do Prince, não pode tirá-lo do panteão dos gênios. Ele chegou chegando no final dos anos 70 e causou espanto até em veteranos da música negra - quem era aquele pequeno guitarrista que misturava vários estilos dentro da música negra ( principalmente eletrônica com soul, funk e rock) e exagerava propositalmente nas letras erotizadas, além de ter um estilo todo dele? Prince não vendeu nada do primeiro disco, mas deixou muitos com a pulga atrás da orelha. Comparam-no com Stevie Wonder em um primeiro momento. Até os anos 80, Prince foi se impondo, chegando nas paradas ( já em 1980) até chegar no seu ápice chamado "Purple Rain", que o eternizou imediatamente. A partir daí, ele pode experimentar pra valer - e era isso mesmo que mais ele gostava de fazer - em estúdio, na formação de sua banda, na produção de outros artistas, em parcerias várias com outros colegas da música, em suas roupas, nos shows. Começou a lançar disco quando bem entendesse, mudou o nome para algo impronunciável por um bom tempo e nunca, mas nunca mesmo, descansou sobre os louros. Eu pessoalmente, caindo para o lado dos discos, curti profundamente o duplo "Sign O the Times (1987), um projeto que nunca foi bem entendido pelo público ou crítica, mas que eu considero um petardo na linha de "Sargent Pepers" ( e seu Revolver seria "Around the World in a Day" de 1985) ou "Warehouse- Songs and Stories", do Husker Dü ( também de 1987). Irrequieto, criativo e um tanto excêntrico, como todos os geniais, Prince marcou a música negra para sempre e muitos o colocam no topo da música pop junto a Michael Jackson ( ok, ok, mas a comparação é meio desnecessária, já que Prince era instrumentista nato e muito mais independente em experiências de estúdio e composições, enquanto Michael por sua vez era dançarino nato e sempre se cercou dos melhores em estúdio, além de vender mais que Prince. Empate, portanto). Sua morte foi misteriosa como tudo na sua vida e o pós-morte virou um montanha russa de novidades, lendas, especulações e surpresas - já apareceram na imprensa, entre outras bombas: vício de analgésico forte; dias sem dormir antes da morte; possível vício em cocaína; doença muito grave que ele escondeu, sete herdeiros em torno da herança, cofre com centenas de músicas inéditas na sua mansão e a mais polêmica - a acusação de Sinead O'Connor de que o humorista Arsênio Hall seria o fornecedor de drogas pesadas do músico (!!). Nada mais Prince do que isso.
O certo é que Kid of Minneapolis" foi embora cedo e sua música levará anos e anos para ser estudada e compreendida em sua essência.


Fernando Faro (1927-2016) - Esse também foi gênio, mas viveu em um mundo completamente díspare do de Prince, um mundo discreto, mais lento e sutil. Faro revolucionou o jeito de se fazer música gravada em estúdio de TV ( ou ao vivo em estúdio) quando resolveu deixar em off o áudio do entrevistador ( no caso ele) e destacar por completo o foco do programa: o entrevistado. Com essas respirações e silêncios intercalando tudo, seu programa "Ensaio" ( e antes MPB Especial), anos e anos na TV Cultura, trouxe ao telespectador ângulos diferentes, closes no suór e poros das faces dos músicos, dedilhados detalhados e veias das mãos dos instrumentistas, tudo embalado com a mais fina música do planeta - a nossa. Era chamado de Baixo e chamava todos os outros seres de Baixo também - mas como foi grande esse Fernando Faro! (25/04)


Billy Paul (1934-2016) - Assim como Faro, Billy Paul, ícone do soul, também viveu bastante - mais de 80 anos. De voz forte, grave, inconfundível, começou na música em apresentações de jazz em clubes, ao lado de "monstros" como Charlie Parker, Miles Davis, Nina Simone, entre outros. A música que virou carimbo na sua vida e o marcou para sempre, sem dúvida é " Me and Mrs Jones" de 1972, mas Billy fez muito pela música negra e o rythm and blues moderno, chegando inclusive a gravar músicas mais sociais e politizadas que acabaram prejudicando de certa forma alguns momentos de sua carreira por conta do radicalismo em algumas gamas da sociedade americana. Billy Paul, guerreiro da soul music, continuou firme, sempre à frente. ( em 24/04)

Links:

Momentos/Prince 1: http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2016/04/relembre-10-momentos-que-marcaram-a-carreira-de-prince-5783853.html

Momentos Prince II: http://whiplash.net/materias/melhores/242070-prince.html

Prince por Alexandre Mathias: http://matias.blogosfera.uol.com.br/2016/04/21/mais-do-que-genio-musical-prince-era-um-artista-completo/

Prince e Billy Paul: http://www.cartacapital.com.br/cultura/bravo/negro-e-purpura

Fernando Faro ( documentário): https://www.youtube.com/watch?v=oHtZ8dtOQT0 (parte 1)
                                                 
                                                    https://www.youtube.com/watch?v=qe--WK9syA4 (parte 2)

                                                    https://www.youtube.com/watch?v=Vud1wSt3754  (Faro, o show)

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