29 de junho de 2018

Adeus e até breve, gibis Disney !

A notícia oficializada no início do mês pegou até os mais bem informados do meio de calças curtas: as revistinhas mensais de quadrinhos Disney editadas pela outrora poderosa Editora Abril chegavam ao fim no Brasil depois de várias décadas ( O Pato Donald foi lançado em 1950! Mickey em 1952!). Na verdade toda a linha Disney foi descontinuada, incluindo aí as especiais, as séries de capa dura e as temáticas, mais esporádicas. Depois da choradeira geral dos colecionadores, vieram as perguntas: o que ocasionou essa interrupção definitiva? Porque esse fim de contrato por parte da Abril logo após um período de lançamentos de coleções majestosas, como "Mickey Anos de Ouro" e "Coleção Carl Barks"? e a pergunta mais frequente: quem vai assumir no Brasil a publicação das revistas Disney? Quanto às respostas das duas primeiras, muita coisa rolou por baixo dessa ponte chamada Abril até que esse desfecho terrível se concretizasse: estratégias comerciais erradas da editora em outras áreas e que prejudicaram a empresa como um todo, problemas de logísticas e distribuição ( lembrando que a DINAP pertence à Abril), avalanche de lançamentos que no fim não rendeu o resultado de vendas esperado ( não quer dizer que não vendiam... apenas não chegaram ao pico superestimado proposto), entre tantos outros percalços administrativos. O fato é que depois da morte do apaixonado fundador Victor Civita ( em 1990) e a do seu filho Roberto Civita ( em 2013) a coisa só desgringolou nas mãos dos netos herdeiros. Trabalhei na Abril entre 1989 e 2002 e já no início desse século, logo após a mudança de grande parte da empresa para o imponente prédio NEA na Marginal Pinheiros, algo já não cheirava bem no ar dos seus corredores. A Veja, que a partir dos anos 70 se tornou referência no jornalismo nacional sob a gestão Mino Carta e se destacou em fases políticas importantes, culminando na série de reportagens investigativas que ajudaram a derrubar o presidente Collor, nos últimos tempos se tornou um arremedo de si mesmo. Várias revistas foram descontinuadas na última década e com o passar dos anos a editora foi esvaziando os andares do prédio onde até então reinava. Se segura agora, desesperadamente, na desprestigiada Veja e em algumas poucas boas ideias que perduraram ( como a Mundo Estranho). Muitos dizem que os gibis vendiam bem, mas não conseguiriam segurar essa peteca depenada por muito mais tempo. Agora é ver quem vai assumir os gibis Disney no Brasil.É só uma questão de tempo. Esse nicho ainda tem muito o que render no país, mesmo com crise, com menos leitores que há vinte, trinta anos atrás, pois ainda há muitos apaixonados e aficionados por esse vasto universo. Eu pessoalmente aposto na Panini como nova editora da linha. Mas pode surgir um azarão nessa disputa... quem dá mais? ---------------------------------------------------------- Matérias sobre o assunto: https://www.planetagibi.com.br/2018/06/fim-de-uma-era-pato-donald-de-julho.html -------http://www.universohq.com/noticias/abril-confirma-em-comunicado-a-assinantes-fim-dos-quadrinhos-disney-na-editora/ --------------- https://oglobo.globo.com/cultura/livros/quadrinhos-da-disney-nao-serao-mais-publicados-no-brasil-partir-de-junho-22762264 -------------------

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