18 de junho de 2018
Audálio Dantas (1929-2018)
Fica aqui registrado o falecimento de mais um dos grandes jornalistas que esse país concebeu, Audálio Dantas, mestre na arte de escrever em jornais e revistas com precisão e apuro. Se foi no dia 30/05, alguns dias depois de outro genial escriba de sua geração, Alberto Dines. Audálio foi um profissional referenciado por sua luta constante pelos direitos humanos. Em 1975, como presidente do sindicato dos jornalistas, foi uma das vozes preponderantes na denúncia à farsesca morte do jornalista Vladimir Herzog nos porões da ditadura. Outra façanha sua foi ter conhecido a catadora de papéis e favelada Carolina Maria de Jesus, e ter se oferecido para datilografar os manuscritos do seu primeiro livro, "Quarto de Despejo", que se tornaria um fenômeno de vendas. Alagoano de nascimento, Dantas trabalhou em muitas publicações, com destaque para O Cruzeiro, Manchete, Quatro Rodas, Realidade e Folha da Manhã. Também escreveu diversos livros, inclusive um sobre Herzog, em que conta como o jornalista foi vítima dos nazistas na Iugoslávia nos anos 40, além da ditadura. Por ser muito atuante e "elétrico", encontrei Audálio em dezenas de eventos, lançamentos e palestras dos anos 90 pra cá. As últimas duas foram no lançamento do livro de poesias do amigo em comum Machadinho, em 2015, quando troquei um ótimo papo com ele na fila do autógrafo e em setembro do ano passado, no velório do Álvaro de Moya. Audálio, atrasado, perdeu o velório e eu o acompanhei por dois quarteirões, até meu ponto. Agora, o velho jornalista parte, num momento em que o jornalismo nem parece mais jornalismo. E se por acaso encontrar o colega Dines, não se espantem ocupantes de lá, se não aparecer uma revistinha ou um jornal publicado, com a graça, a apuração e a presteza de sempre.
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