28 de maio de 2013

Aldir Blanc em livro

Sensacional. Eis uma palavra apropriada para descrever esse livro, "Aldir Blanc - Resposta ao Tempo" (Editora Casa da Palavra), idealizado e escrito pelo jornalista Luiz Fernando Vianna, amigo de Aldir há 20 anos. A obra traz uma biografia muito bem arranjada pelo autor e ainda, de lambuja, fotos significativas na vida do poeta e 450 letras de sua lavra - cerca de 100 inéditas. Só não entraram algumas poucas da  juventude, por Aldir não considerá-las à altura das outras. Uma obra fantástica, elástica, eclética, que transita facilmente entre o "sujo" e o 'singelo", sempre em alto nível linguístico. Até quando recorre à palavrões ( como em sua parceria com Guinga, que no início estranhou essa liberdade poética) Aldir não derrapa na grosseria - sua escrita é sempre distinta. Das primeiras letras com Sílvio da Silva Junior (entre elas a clássica "Amigo é pra essas Coisas") , passando pela incensada dupla com João Bosco ( que gerou hinos da resistência como "O Bêbado e a Equilibrista", "O Mestre Sala dos Mares" e "Ronco da Cuíca") e culminando com parcerias intensas com Guinga ( que gerou um dos melhores discos dos anos 90: "Simples e Absurdo") e Moacyr Luz ( com seus sambas libertários). Esses citados são os mais constantes, mas há também outros não menos importantes como Cristóvão Bastos ( do sucesso na voz de Nana Caymmi, "Resposta ao Tempo"), Márcio Proença, Ivan Lins, Carlos Lyra, Edu Lobo e dois de seus maiores amigos, já falecidos, Paulo Emílio e Maurício Tapajós. E tem também a vida, narrada com transparência pelo autor, não deixando de lado os medos, pavores, traumas, saudades, perdas, amizades, turbulências, paixões, cismas e excessos do grande poeta carioca, saudado por Dorival Caymmi como "Ourives do palavreado". Esse livro vale muito a pena, assim como vale a pena ir atrás dos seus  livros de crônicas. Os da Editora Codecri (entre o final dos anos 70 e início dos 80) são mais difíceis de encontrar. Eu tenho o de 1996, "Um Cara Bacana na 19ª" (Record), um dos meus xodós na prateleira. Falar que é um baita livro é chover no molhado. Aldir Blanc é foda e tá falado.


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