23 de maio de 2013

Phono 73

Essa arte deslumbrante, usada  no cartaz e nas capas dos LPs do festival, tem a inconfundível assinatura de mestre Benício
Eu tinha visto de relance no ano passado a aparição deste filme no Youtube. Achei até que ele não ficaria muito no ar. Hoje, caí sem querer nele e desta vez resolvi assisti-lo inteiro. A película de 35 minutos e pouco, na verdade é o filme original do evento, devidamente editado, com seus melhores momentos. E que momentos! O Phono 73 foi um festival idealizado pela gravadora Philips no Anhembi (em três noites de maio de 1973) com todo o seu elenco musical da época, uma verdadeira seleção de craques: Chico Buarque, Gilberto Gil, Jorge Ben, Caetano Veloso, Gal Gosta, Maria Bethânia, Raul Seixas, Sergio Sampaio, Hermeto Paschoal, Nara Leão, Simonal, Toquinho & Vinicius, Elis Regina, entre outros. Fora os grandes instrumentistas e backings da casa. Foram vários momentos antológicos: o famoso corte no áudio do microfone de Chico Buarque, em pleno dueto de Cálice com Gilberto Gil - além da censura deslavada e mal disfarçada, comprova-se na gravação o dialeto inventado no improviso por Gil e o protesto iminente de Chico, tanto nos gestos como em palavras como "arroz à grega" ( lembrando expedientes que veículos editoriais como Estadão e Veja também utilizavam na época para taparem o buraco da tesoura da censura); a impressionante desenvoltura de Raul Seixas, com o primeiro disco solo recém lançado e esboços gestuais que já antevinham a tal Sociedade Alternativa; seu amigo Sergio Sampaio, que conseguia ser mais magro que ele e se marcar, mais louco ( vale a pena ver em sua performance a reação da plateia); Elis Regina, já pronta para as grandes produções que faria por toda a década; Jorge Ben, talvez em seu auge como instrumentista – em uma prévia de sua parceria com Gilberto Gil que resultaria em dois discos;  Gal e Bethânia resplandecentes, a primeira totalmente “índia” (nome do seu LP de 1973) , a outra em fase dramática e visceral ( como seu LP daquele ano, Drama 3° Ato); a dupla Toquinho & Vinicius, queridíssimos da turma universitária; e o desfecho propício com Caetano Veloso, antropofagiando a própria Tropicália, no clima de seu disco mais crazy e mais polêmico ( Araçá Azul – um campeão de devoluções). Phono 73 foi tudo isso e mais um pouco. Esse filme captura toda a loucura, tensão e criatividade de uma geração tão primordial para nossa música, que acabou se tornando atemporal.
http://www.youtube.com/watch?v=3GBZO30zzlg

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