31 de outubro de 2012

Um poema para Drummond

Há dez anos atrás, depois de ler matéria da Folha sobre a triste situação da estátua do mestre Drummond, estragada por vândalos na orla de Copacabana, fiz de prima uma poesia sobre o fato. Agora em 2012, fico sabendo que só os óculos já foram avariados nove vezes desde então. Muito deprimente isso. Aproveito esta data em que se comemora os 110 anos do poeta maior do Brasil, para relembrar o ocorrido e a subsequente poesia.


Velho poeta


Vândalos voltam a atacar estátua de Drummond no Rio

          Folha Online 24/11/2002

A estátua em homenagem a Carlos Drummond de Andrade, localizada em Copacabana, Rio, voltou a ser alvo da ação de vândalos. Uma haste do óculos do poeta foi quebrada.
Inaugurada em 30 de outubro para marcar os 100 anos do poeta, a estátua foi pichada dois dias depois. Garis foram acionados para a limpeza.
A estátua, em tamanho natural, foi colocada em um banco da praia, onde Drummond costumava passear.”



Drummond, velho poeta
que tanto caminhava na orla
com a brisa matutina predileta
e o calçadão de Copa em sua sola

Drummond, velho poeta
erigiram uma estátua sua bem quieta
sentada de bengala com sua cara reta
a observar os banhistas e as bicicletas

Drummond, velho poeta
Já no segundo dia picharam seu traje
e quebraram seus óculos com uma semana completa
Assim que acabar o mês o que virá de ultraje?

Drummond, velho poeta
sei que havia uma pedra no caminho
e nada mais agora te afeta
pois é ‘gauche’ acabado, com asas e espinho

Ignorou com elegância o ocorrido
estático no bronze que o completa
continua vivo mesmo que tenha morrido
dizem que agora sorri, Drummond, o velho poeta

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