16 de agosto de 2016

Elke Maravilha (1945-2016)


Elke Maravilha, nascida Elke Georgievna Grunnupp, uma das artistas mais admiradas pelos brasileiros, dos mais pobres aos mais ricos, faleceu hoje, depois de uma internação de 40 dias que se seguiu a uma operação de úlcera. Elke se vai aos 71 anos. Anos intensos! Se tivesse um instrumento de medição que pudesse calcular o grau de intensidade em que uma pessoa viveu e quanto vale isso em anos, Elke talvez tivesse uns 200 anos. 

Veio da Rússia para as Minas Gerais ainda criança e nos anos 60, lindíssima, começou a desfilar e fotografar como modelo. Logo estava na televisão, via Chacrinha ( a quem chamava Painho), como jurada da Discoteca do Chacrinha ( e Silvio Santos depois). Foi a mais jovem professora de francês da Aliança Francesa e de inglês da União Cultural Brasil - Estados Unidos ( sabia oito idiomas!). Também foi bancária, tradutora, bibliotecária, secretária. 
Elke com Hugo Carvana
Fez filmes bem bacanas ( Pixote, Quando o Carnaval Passar, Xica da Silva, entre outros) , fez novelas ( A Volta de Beto Rockefeller foi uma), comerciais, teve programa próprio, e desde muito nova era virada da breca: em um desfile para Zuzu Angel, acabou sendo presa pelos militares por desacato, depois de rasgar um cartaz de "procurado" com o filho da estilista. Por esse episódio, perdeu a cidadania brasileira e se tornou "apátrida" por um bom tempo ( depois de anos, conseguiu cidadania alemã). Se importava com todo mundo, da faxineira ao maquiador, do sem teto ao diretor, sempre com um sorriso, uma gentileza, uma frase de esperança, uma brincadeira. Aliás, em sua página de perfil no Facebook hoje, o administrador deixou essa bela homenagem:

"Avisamos que nossa Elke já não está por aqui, conosco. Como ela mesma dizia, foi brincar de outra coisa. Que todos os deuses, que ela tanto amava, estejam com ela nessa viagem. 'Eros anikate mahan' (O amor é invencível nas batalhas). Crianças: conviver é o grande barato da vida, aproveitem e convivam."

Estava sempre em eventos de cinema e teatro, camarotes de Carnaval, programas de tv como convidada e desfiles de temática GLBT; chegou a ser "rainha da associação das prostitutas do Rio". Eike sempre surpreendia e cativava. Nos últimos meses ( até junho), vinha se apresentando com o espetáculo "Elke Canta e Conta", onde discorria sobre passagens de sua vida desde a infância na Rússia, passando pelos vários casamentos e a vida artística. No final do ano passado, apareceu com destaque em um quadro do Fantástico, "O Grande Plano".
A falta de sua alegria plena vai deixar uma lacuna considerável aqui no nosso plano. Mas Elke tem que maravilhar outros lugares.

Com Pedro de Lara


Cinelândia - Maio de 1963

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