O ator Paulo Goulart faleceu ontem, depois de alguns anos lutando contra um câncer. Tinha 81 anos e uma carreira expressiva e genuína. Assim como no caso de Tarcísio Meira e Glória Menezes, não tinha como desvencilhar Paulo de Nicette Bruno, esposa com quem estava casado há quase 60 anos. Também pudera: eles viviam juntos literalmente, encenando peças, fazendo novelas, aparecendo em eventos ou passeando. Era daqueles casais que não se desgrudavam. Daí, foi natural que em seu leito de morte estivessem presentes seus filhos, netos e Dona Nicette enlaçando sua mão. Espiritualizados que são, sabem que essa bonita história não para por aqui. Paulo Goulart deixou sua marca de ator determinado tanto na TV, como no teatro e no cinema. No primeiro veículo, onde começou em 1951 contracenando com Mazzaropi, fez novelas importantes como Verão Vermelho (1970), de Dias Gomes, envolvido em um pioneiro triângulo amoroso nas telinhas ; Uma Rosa com Amor (1972) de Vicente Sesso, como protagonista ao lado de Marília Pêra - aqui permitam um comentário: essa foi a primeira novela que eu vi inteirinha, do alto dos meus 5 anos; adorava o cortiço, adorava Marília Pêra e adorava o "Seu Pipinone", o mestre dos fantoches interpretado pelo grande Grande Otelo; Éramos Seis, pela TV Tupi, no meio da década; e uma bela interpretação como o italiano Gino, em Plumas e Paetês de 1980, em sua volta à Globo. Na década seguinte destacou-se também como o vilão Donato de Mulheres de Areia.No cinema e no teatro fez de tudo um pouco, ou seja, muito. Engatou trabalhos clássicos na telona: na estréia, em 1954, já se viu em cena com os consagrados Paulo Autran, Sergio Britto, Ítalo Rossi e Inezita Barrozo, na primeira película colorida do cinema nacional, "Destino em Apuros", de Ernesto Remani; a segunda participação na sétima arte foi logo em "Rio Zona Norte" (1957), de Nelson Pereira dos Santos. No ano seguinte, participou de cinco filmes! Paralelamente o teatro entrava na sua vida com tudo, ainda mais depois de estrear em 1953 nos palcos após ser aprovado em teste pela dona do espaço teatral, chamada Nicette. Menos de um ano depois, estavam casados. Nos últimos tempos, apareceu com mais assiduidade na TV e no teatro, em bons espetáculos, boas minisséries e novelas nem tanto. Andou pelo SBT, voltou para a Globo. Seu vozeirão, o mesmo que já tinha dado seu primeiro emprego na rádio aos 15 anos na emissora de seu pai em Olímpia/SP, foi usado com muita desenvoltura e honestidade em mensagens espiritas. Continuou no cinema com participações marcantes, como em "Para viver um Grande Amor (1983) e no híbrido serie de TV/longa de cinema "O Auto da Compadecida", já no final dos anos 90, em brilhante atuação como o coronel pai da mocinha.
Mais um brasileiro admirável que segue para outro plano.
Selecionei alguns momentos de sua carreira, aqui:
* Uma Rosa com Amor (1972) - http://www.youtube.com/watch?v=_aLWtAHu1w0
* Rio Zona Norte (1958) na íntegra - https://www.youtube.com/watch?v=DcGBL9PRvvs
* Plumas e Paetês (1980) (no 9:45) - https://www.youtube.com/watch?v=oKMFRwPR33E#aid=P-qrjRRVUts
* O Auto da Compadecida (1999) - https://www.youtube.com/watch?v=SkNe46OPqRU
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