A Editora Abril ( leia Victor Civita, o fundador) sempre se orgulhou de ter começado seu conglomerado editorial com um "pato", a despeito do velho Walt ter também lá nos anos 20 finalmente "vingado" ( após algumas frustrações e fracassos) com um rato ( e eu nem preciso escrever que é o Mickey, certo?). O pato do seu Victor é o Pato Donald, claro, lançado em julho de 1950 em formato maior ( depois adaptado para o atual formatinho). Por causa desse amuleto de sorte, que não vendia horrores no início mas graças ao "marketing de guerrilha" de Civita e sua pioneira equipe ( entre eles Claudio de Souza, Reinaldo de Oliveira, Alberto Maduar e um pouco depois Álvaro de Moya), que faziam corpo a corpo junto às bancas, a revistinha O Pato Donald deslanchou e catapultou a vinda de revistas de outros segmentos - Capricho, Quatro Rodas, Cláudia, etc. Moya, em recente entrevista ao colecionador Adriano Rainho, lembrou que um desenho da cara do Pato Donald - sugestão sua - foi adaptado na frente da perua de distribuição da Abril, avisando assim a criançada que o gibi novo tinha acabado de chegar. Diante desse começo promissor, outras revistas do período (1950-1953) que não tiveram a mesma sorte em vendas, acabaram ficando no limbo, esquecidas na história oficial da editora - citei-as em post anterior: http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2012/04/bau-do-malu-36-diversoes-escolares-n.html ) . A Mascote entra nessa história como mais uma das publicações renegadas da Editora Abril. Publicada em 1953 ( um pouco depois da estreia do Mickey em revista própria), foi mais uma tentativa de Victor Civita de introduzir no Brasil revistas lançadas e testadas pelo seu irmão César Civita em sua Editorial Abril na Argentina ( como Raio Vermelho, depois Misterix - aqui: http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2011/11/bau-do-malu-34-raio-vermelho-n-49.html ). Uma revistinha infantil pitoresca e abusada em "efeitos visuais", com bordas recortadas contornando os desenhos da capa, os textos narrativos escritos com letra de caderno ( e a tinta imitando caneta esferográfica), geralmente dando pistas dos autores que produziram as historinhas ( Heitor, que deve ser Hector Oesterheld; Sirob - Boris ao contrário; Hugo, muito provavelmente é o grande Hugo Pratt), as histórias principais sequanciais, sem quadros definidos nem balões de diálogos. Até onde eu sei saíram apenas quatro edições mensais de Mascote no Brasil ( o original na Argentina era Gatito - veja aqui, neste ótimo post: http://mimamamemima2009.blogspot.com.br/2013/01/gatito.html ). Eu possuo em meu acervo a número 1 ( setembro de 1953) e a número 3 ( novembro de 1953). Na última, algumas histórias creditam os autores - entre eles mais uma fera do quadrinho argentino: Alberto Breccia. O pato "voava" nas bancas neste 1953, Mickey começava a pegar gosto e equipe de artistas da casa chegou a ter até curso extensivo para pegar o jeito de desenhar seguindo o "padrão Disney". Paralelamente, uma segunda roupagem de "Raio Vermelho" ( a verdadeira primeira revista de Victor Civita no Brasil) rebatizada de Misterix e lançada neste mesmo ano - com lindas capas de Jayme Cortez ( não assinadas) sobreviveu por um semestre (12 edições quinzenais). O simpático "Gatito" e sua turma acabaram esquecidos nesse processo. Se em algum momento o astuto Victor Civita se deu conta e tentou algum tipo de divulgação mais focada ( no caso o público era formado por leitores mais novos), já era tarde para o Mascote.
Abaixo, capa da 3 e internas das edições 1 e 3:
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