Bidu, aquele esperto cãozinho azul dos quadrinhos, que conversa com as pedras e tem um dono cientista, está completando 50 anos em 2009. E como ele foi o primeirão na longa lista de personagens de Maurício de Sousa, o ano também comemora meio século de uma carreira surpreendente e incansável. Após uma infância repleta de heróis espaciais, cowboys e detetives, todos saídos das deslumbrantes páginas dos suplementos de quadrinhos e gibis que ele lia ardorosamente, Maurício saiu de Mogi das Cruzes bem moço, já com a idéia fixa de ser um desenhista de quadrinhos na capital. Como todo sonho só se realiza ao acordar para a realidade, o jovem artista bem que tentou mostrar seus desenhos para a editoria de artes da Folha da Manhã ( atual Folha de São Paulo), mas como a redação precisava urgentemente de um repórter policial, Maurício agarrou a oportunidade. E por essa via tortuosa, entre uma cobertura de assassinato aqui e um assalto acolá, Maurício pôde mostrar seus originais aos poucos, até o dia em que uma tirinha do Bidu finalmente apareceu nas páginas dominicais do jornal ( 18 de julho de 1959). Foi o pontapé inicial de uma jornada que não parou mais de subir e surpreender. Primeiro na própria Folha, onde dominou as tirinhas e dimensionou as páginas do suplemento infantil 'Folhinha de São Paulo' por pelo menos duas décadas. Depois, a arrancada e a consolidação de sua linha de gibis na Editora Abril, com Mônica (1970), Cebolinha (1972), Cascão e Chico Bento ( ambos de 1982). Quando mudou-se para a rival Editora Globo, no final dos 80, seu estúdio já havia se transformado em um imenso conglomerado gerador de quadrinhos ( incluindo a exportação para diversos países), livros, animação, merchandising, projetos sociais/educativos e produtos diversos - produção que se mantém mais ativa do que nunca hoje em dia, sob a chancela da MSP (Maurício de Sousa Produções) e da sua nova casa editorial, a Editora Panini, onde lançou seu mais recente sucesso, a 'Turma da Mônica Jovem'. E tudo isso começou com o cãozinho azul, no início acinzentado; nada mais do que uma transposição para o papel do estimado cachorro de infância do autor. Essa feliz idéia de desenhar a sua realidade, definiu os subsequentes personagens: Mônica, a filha meio 'bravinha" que vivia arrastando um coelhinho de pelúcia pela casa; Magali, a outra filha que adorava comer; Cascão, um colega de futebol que fugia da rotina do banho; Cebolinha, o da língua presa, outro amigo de brincadeiras. Foi esta perspicaz visão das coisas cotidianas, acrescida de um tino comercial incontestável, que transformou Maurício de Souza num verdadeiro midas dos quadrinhos brasileiros. Essa projeção trouxe muitas críticas, claro. As mais contundentes se referem à excessiva massificação de seus personagens, estampados em milhares de rótulos e embalagens e a falta de crédito dos roteiristas e desenhistas nas histórias dos personagens. Eu de minha parte, perdôo totalmente o velho Maurício, pois sem ele, talvez eu não conhecesse o fascinante mundo das HQs, não virasse colecionador desta arte e nem estivesse aqui escrevendo sobre este assunto. Entrei precocemente no mundo da leitura graças aos gibis dos personagens Disney e da Mônica, em 1972. E diferentemente do que a grande maioria ainda pensa, eu não desenvolvi preguiça mental nem fui mal na escola ao me tornar leitor de quadrinhos. Mas essa é uma outra história - aguardem em capítulos posteriores deste blog. Só fecho o post com uma conclusão: Maurício de Sousa atravessou este pantanoso e espinhudo mercado, com talento e destemor. Merece portanto, todas as honras e méritos. Deixo como homenagem, a imagem da capa da Mônica nº1, Editora Abril, 1970 (acima) - original da minha coleção e que parece ter saído da gráfica agora, tal seu estado de conservação. Essa eu não troco nem pelo Bidu nº1 ( Editora Continental - 1960), gibi que não durou muito e foi uma das primeiras experiências do Maurício de Sousa no campo das revistinhas.
O site oficial da Turma da Mônica é esse aqui.
Algumas das diversas atividades e lançamentos do ano "Maurício 50":
* Esse blog conta com diversos cartunistas homenageando o autor
* matéria complementar com detalhes da exposição, livros e projetos
* matéria específica sobre a exposição
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